Poetas homenageiam Diniz Vitorino
– falecido em 05/06/2010 -
Naturais, Eruditos ou Barrocos,
todo estilo acentava pra Diniz.
Outros astros pra terem seus perfís,
se acaso existir, existem poucos.
Como todos os gênios que são loucos,
ele tinha uns sintomas de loucura...
Pra poder ter direito à sepultura,
pelas mãos de terceiros foi comprada...
A viola no torno, a voz calada,
E uma mancha de luto na cultura
(Diomedes Mariano)
Dia cinco, num transe de emoção,
De repente, uma nota triste diz:
“O agreste ficou sem seu Diniz,
Lourinaldo ficou sem seu irmão,
O repente ficou na contramão
E o nordeste ficou na amargura”.
Dos seus versos repletos de doçura,
Resta, agora, depois do tudo ou nada,
A viola no torno, a voz calada
E uma mancha de luto na cultura.
(Dedé Monteiro)
Não tem mais o poeta cantador
De voz rouca, verso denso, boa prosa.
Que narrava a beleza de uma rosa
E a magia do minúsculo beija-flor.
Com bravura DINIZ foi um lutador,
Combateu com firmeza a ditadura,
Condenou qualquer tipo de censura,
Sua aurea será sempre iluminada,
A viola no trono, a voz calada,
E uma mancha de luto na cultura.
(Ademar Rafael)
Que o Poeta Diniz foi genial
Não precisa que’u diga, nem que’u mande.
Eu só sei que o seu verso era tão grande
Que cabia apertado no plural.
Seu pensar lapidado e natural
Fez de cada poema uma moldura
Pra deixar a imagem da ternura
Como a sua viola pendurada.
A viola no torno, a voz calada,
E uma mancha de luto na cultura.
(Zé Adalberto)
Uma fábrica de versos na cachola,
Jóias raras da boca despejava
Quando a tantas plateias encantava
Com a voz e o som triste da viola.
Para tanto saber não teve escola,
Teve arte foi divina, quase pura.
Gênio poeta que jaz na sepultura
E nos deixa, ao findar sua jornada:
A viola no torno, a voz calada
E uma mancha de luto na cultura.
(Clênio Cordeiro)
Cantador, sonetista absoluto,
Seu repente brotava o sentimento,
No soneto mostrava o monumento,
Sobre a forma do verso mais astuto.
Cada canto do peito está de luto
Pelo Vate Diniz, flor de candura,
Cada verso mostrava a essência pura
Dum poeta de verve delicada.
A viola no torno, a voz calada,
E uma mancha de luto na cultura.
(Gilmar Leite)
São dezenas de livros e CDs,
São centenas de décimas e sonetos,
Parcerias em trios e duetos,
Festivais, comissões e comitês.
Enfrentando bandejas e cachês,
Aos maiores do gênero se mistura.
Eis, portanto, os perfis da criatura
Que, pós túmulo, é homenageada:
A viola no torna, a voz calada
E Uma mancha de luto na cultura.
(Donzílio Luiz)
O Diniz para mim foi uma ponte
Entre os clássicos gregos e o Sertão.
Eloquente e preciso na expressão,
Quando o verso avistava no horizonte,
Sua voz o jorrava como a fonte
De Castália cantando uma água pura.
Cantou como ninguém a mãe Natura
Que o recebe pra mais uma jornada.
A viola no torno, a voz calada
E uma mancha de luto na cultura.
(Júnior do Bode)
Quantos versos de amor deixou escritos,
Quantas vezes a mãe já exaltou.
Muitas vezes sofrendo por amor,
Escreveu uns sonetos tão bonitos!
Tantos versos pensados e não ditos,
Representam, talvez, a alma pura
Do poeta tão cheio de ternura,
Mas que hoje já não escreve nada.
A viola no torno, a voz calada
E uma mancha de luto na cultura.
(Verônica Sobral)
Foi Diniz Vitorino quem cantou
Vale, serra, penhasco e culminância,
Constelados, espaço e rutilância;
Escreveu relatando o que sonhou.
Belos quadros poéticos desenhou,
Demonstrando obra prima na pintura.
Tem agora o jazigo por clausura,
Último ponto da vida interditada.
A viola no torno, a voz calada
E uma mancha de luto na cultura.
(Chico Ivo)
Hosana a Diniz
Quando morre um poeta não se chora,
Anjo santo prepara o salão
E afina a viola p’rum baião,
Vai chamar poesia que ali mora.
E de branco vestida essa senhora
Esperando o cortejo no portão
O feliz criador lhe dá a mão
Quem dos dois qual seria o mais contente?
E o céu se transforma de repente
Em hosana a Diniz para o mourão...
(Alberto Oliveira)
Sem Diniz o Sertão falta um pedaço,
Na poesia ficou uma lacuna.
Tão difícil encher essa coluna
Do vazio deixado nesse espaço.
Mas o amor do poeta ao seu regaço
Deixa versos soberbos na quentura.
Seu retrato pintado na moldura
Mostra a vida real da caminhada.
A viola no torno, a voz calada
E uma mancha de luto na cultura.
(Antônio Neto)
DINIZ
Um mistério envolto em fino véu:
Quando morre um poeta no sertão
uma luz se apaga aqui no chão,
uma estrela se ascende lá no céu.
Cala a voz, mas propaga-se o verso
como um eco que soa após o grito.
Queda o corpo a compor o arenito
e a essência se eleva ao universo.
Certamente é assim com o Diniz,
que cantou e encantou o quanto quis,
num encontro de múltiplos duetos.
Apagou-se entre nós a sua vela,
mas firmou-se e entre tantos já constela
cintilando brilhante em seus sonetos.
(Paulo Matricó)
SONETO PARA DINIZ VITORINO
Quem falou que o sertão não é bonito
Desconhece as belezas naturais;
Quem falou que não curte amor e paz
Não conhece a dureza de um conflito.
Quem não curte a ternura de um bendito
É porque não possui credenciais;
Quem falou que não ama os animais
Possui um coração bastante aflito.
Quem falou que não ama poesia
Desconhece a beleza e a magia
De quem fez o melhor, com alma inquieta.
Não possui nessa vida um bom sentido.
Quem falou que Diniz tinha morrido
Desconhece a grandeza de um poeta.
(Moreira de Acopiara)
Imortalidade
Ontem mesmo encontrei um certo amigo,
Mas o “papo” não foi muito feliz.
Ele disse da morte de Diniz
E eu voltei feito um louco ao meu abrigo...
No caminho eu pensava, só comigo:
“Não, não pode ser sério o que ele diz.
E se Deus, lá no céu, for bom juiz,
Não dará à poesia tal castigo.”
Já em casa notei que era mentira
Pois seu livro, que eu tenho, não sumira
Duma estante de livros bem seleta...
Então, calmo, pensei: “cabra atrevido,
Quem falou que Diniz tinha morrido,
Não conhece a grandeza do poeta!”
(Vinícius Gregório)
DINIZ VITORINO
O Diniz, poeta, eu não conheci!
Como não? Se os “seus versos são doçura”
Como disse o Dedé! Que é de “alma pura”
Diz Verônica. “Hosana”: o Alberto eu li!
Chama-o “Fábrica de Versos”, o Clênio!
E o Gregório “a grandeza do poeta”
Canta! E “áurea”, Ademar, usa e completa!
O Diomedes Mariano chama-o “gênio”!
“São centenas” (Donzílio) “seus sonetos”,
Gilmar: o “sentimento em seu repente”,
Falam! E o Júnior o chama de eloqüente!
Matricó lembra “seus múltiplos duetos”!
Zé Adalberto: “Genial”!. Chora o sertão!
E eu não o conheci! Não? Como não?!?
(João Alderney)