A POESIA PERDEU ESTA SEMANA UM DOS MAIORES POETAS DA HISTÓRIA, RONALDO CUNHA LIMA, POETA QUE DESCREVIA AS AVENTURAS E DESVENTURAS DO CORAÇÃO, ASSIM COMO, O COMPORTAMENTO HUMANO EM DIVERSAS NUANCES COMO ESTAS:
HABAES
PINHO
O instrumento do crime que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver, nem pistola
É simplesmente, doutor, um violão.
Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu o cidadão
Feriu, sim a sensibilidade
De quem o ouvir cantar na solidão.
O violão é sempre ternura
Instrumento de amor e de saudade.
O crime a ele não se mistura
Inexiste entre os dois afinidade.
O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas que povoam a vida
E sufocam suas próprias dores.
O violão é música é canção
É sentimento, é amor, é alegria.
É pureza, é néctar que extasia
é adorno espiritual do coração
Seu viver como o nosso é transitório
Mas seu destino não se perpetua
Ele nasceu para cantar na rua
Não para ser arquivo de cartório.
Mande soltá-lo pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a ouvir o terno açoite
Das suas cordas leves e sonoras.
O instrumento do crime que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver, nem pistola
É simplesmente, doutor, um violão.
Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu o cidadão
Feriu, sim a sensibilidade
De quem o ouvir cantar na solidão.
O violão é sempre ternura
Instrumento de amor e de saudade.
O crime a ele não se mistura
Inexiste entre os dois afinidade.
O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas que povoam a vida
E sufocam suas próprias dores.
O violão é música é canção
É sentimento, é amor, é alegria.
É pureza, é néctar que extasia
é adorno espiritual do coração
Seu viver como o nosso é transitório
Mas seu destino não se perpetua
Ele nasceu para cantar na rua
Não para ser arquivo de cartório.
Mande soltá-lo pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a ouvir o terno açoite
Das suas cordas leves e sonoras.
Liberte
o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito
É crime, pôr ventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores
Perambular nas ruas um desgraçado
derramando na praça as suas dores?
É o apelo que aqui lhe dirigimos
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos também DEFERIMENTO.
Ronaldo da Cunha Lima
(Despacho do Juiz Dr. Artur Moura:)
Para que eu não carregue
Remorso no coração
Determino que se entregue
ao seu dono o violão.
Em nome da Justiça e do Direito
É crime, pôr ventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores
Perambular nas ruas um desgraçado
derramando na praça as suas dores?
É o apelo que aqui lhe dirigimos
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos também DEFERIMENTO.
Ronaldo da Cunha Lima
(Despacho do Juiz Dr. Artur Moura:)
Para que eu não carregue
Remorso no coração
Determino que se entregue
ao seu dono o violão.
Foi
breve, muito breve, a nossa história.
Foi breve, muito breve, a nossa
história,
Mas o bastante para ser lembrada.
Como história de amor que
foi marcada
Por sua posição contraditória.
Foi curta, muito curta, a trajetória,
Foi curta, muito curta, a trajetória,
Mas bela, muito bela, a caminhada.
É
uma pena que ninguém fez nada
Para impedir que fosse transitória.
O tempo foi detalhe nos instantes
O tempo foi detalhe nos instantes
E os instantes, moldura dos amantes,
Parecendo real, mas ilusória.
E o tempo na lembrança nos escreve:
E o tempo na lembrança nos escreve:
Nossa história de amor foi muito breve,
Mas o bastante pra fazer história.