VALORIZE A CULTURA DO SERTÃO FECHE AS PORTAS À MÍDIA ENGANADORA. Mote de Josemar Rabelo
Quem detém a mídia nacional Tem nas mãos o controle duma massa Big brother, programa que não passa De mais um que a globo tem banal; Conteúdo sem graça e imoral Mesmo assim inda existe seguidora Que projeta a lente sedutora Para o rumo dos olhos do bobão Valorize a cultura do sertão Feche as portas à mídia enganadora.
Com tristeza eu olho pro forró De banda, bunda e baixa qualidade Gonzagão faleceu isso é verdade Mas deixou seguidores do seu pó; Maciel e Petrúcio não estão só O cordel é fonte inspiradora A viola é grande defensora do repente, do verso e da canção Valorize a cultura do sertão Feche as portas à mídia enganadora.
Dê um pulo e vá no Pajeu Respirar o bom ar da poesia Em Campina, assista cantoria Em Recife, vá vê maracatu; Se puder, corra pra Caruaru No agreste que terra encantadora Nossa gente humilde é produtora Do que tem de mais belo nesse chão Valorize a cultura do sertão Feche as portas à mídia enganadora.
Autor: Léo Medeiros Sobral, 04/09/2009.
Concretiza-se no fim de cada dia A parte abstrata da saudade. (mote Josemar Rabelo)
De manhã o sujeito deixa o lar Com um cheiro da mãe dos seus filhinhos Sai cantando igual aos passarinhos No caminho que o leva a trabalhar; Passa o dia no trampo a labutar Sem esquecer da sua divindade Vem pra casa cansado já é tarde Mas encontra o seu lar com alegria Concretiza-se no fim de cada dia A parte abstrata da saudade.
Léo Medeiros, Sobral, 29 de setembro de 2009
Estou preso nas grades da paixão Só recebo visitas da saudade. (Mote: Jânio Leite)
Sou um pobre rapaz apaixonado Que reclama um bem que está ausente Vivo a vida de modo descontente Remoendo lembranças do passado; Um minuto demora pra danado Um só dia, é uma eternidade Já não sei o que é felicidade Sou amante da negra solidão Estou preso nas grades da paixão Só recebo visitas da saudade.
Coisa ruim é amar quem não merece Entregar seu amor em mãos erradas Depois ter que passar as madrugadas Com joelhos no chão fazendo prece; Dizendo: Oh meu Deus se eu pudesse Ser mais forte do quê minha vontade Como um pássaro ganhar a liberdade E passar bem distante de alçapão Estou preso nas grades da paixão Só recebo visitas da saudade.
Glosas: Léo Medeiros Sobral, 05 de outubro de 2009.
Eu fui criado comendo baião Peixe assado e pirão de batata. (Mote Evaristo Oliveira)
Eu recordo meu tempo de rapaz Nas terras quentes do meu Seridó Matando preá, caçando mocó Que tempo feliz com meus velhos pais; Não tinha riqueza, mas tinha a paz. Invés de tênis usava alpercata O meu brinquedo, um carro de lata Chupava o dedo, puxando o cordão Eu fui criado comendo baião Peixe assado e pirão de batata.
Com distância de três léguas e meia Carreguei água no velho jumento No fim de semana o divertimento: Jogar futebol no campo de areia; Mamãe na mesa botava a ceia Comida simples, gostosa e barata No fim do dia pai dava uma prata Comprava um doce, comia com pão Eu fui criado comendo baião Peixe assado e pirão de batata.
Glosas: Léo Medeiros Sobral, 07 de outubro de 2009.
Mais um pão compartilhado Na mesa farta da paz (mote: Josemar Rabelo)
Viva, viva hoje é natal Vamos todos celebrar Sem ódio comemorar Essa data especial; Jesus Cristo, genial Pôs seu nome nos anais Pra nos salvar foi capaz De morrer crucificado Mais um pão compartilhado Na mesa farta da paz.
Natal não é só presente Na árvore dependurado Nem só o peru assado Cerveja ou bebida quente; O natal diz que a gente Deve amar os rivais Perdoar e nunca mais Se sentir rancorizado Mais um pão compartilhado Na mesa farta da paz.
O natal é tão marcante Tão lindo, tão salutar Que não importa o lugar Ele é sempre triunfante; O natal é tão brilhante Que une os desiguais E cristo injeta o gás Na veia do humilhado Mais um pão compartilhado Na mesa farta da paz.
Nos braços da minha amada Quase morri de carinho. (Mote de Josemar Rabelo)
Há muito tempo passado A data eu não vou citar Conjuguei o verbo amar Sem me queixar de pecado; Vivi num reino encantado Igualmente um canarinho Que sai e volta pro ninho Cantando pra namorada Nos braços da minha amada Quase morri de carinho.
Barreira não existia Nosso viver era lindo Ela vivia sorrindo Eu tinha mais alegria; A qualquer hora do dia A noite, a tarde ou cedinho Ela dizia: benzinho A rede já está armada Nos braços da minha amada Quase morri de carinho.
O nosso amor era tanto Que expressar, não consigo O meu peito era um abrigo Que alojava um encanto; Meu pinho tinha mais canto Meu pomar era verdinho Seu cheiro tinha o gostinho Da rosa mais perfumada Nos braços da minha amada Quase morri de carinho.
Glosas: Léo Medeiros Sobral, 29/08/2009.
O crepúsculo do céu é tão bonito Que até Deus se debruça para olhar (mote: Zé de Cazuza enviado por Josemar Rabelo)
Todo dia a santa natureza Sem cobrar um centavo de couver Mostra ao mundo que enquanto ela quiser Dar seu show, sem ligar para despesa; De manhã se reveste de beleza Nasce o dia tão lindo e salutar À tardinha, o sol pega a baixar Se escondendo num ciclo infinito O crepúsculo do céu é tão bonito Que até Deus se debruça para olhar!
Uma tocha de fogo amarelada Vai queimando as últimas labaredas Os preás se escondem nas veredas Nesse instante se cala a passarada; Violeiro já canta em disparada O cenário é propício para amar Beija-flor se abriga no pomar Morre o dia, a noite dar um grito O crepúsculo do céu é tão bonito Que até Deus se debruça para olhar!
Glosas: Léo Medeiros Sobral, 08 de fevereiro de 2010.
O QUE É QUE ME FALTA FAZER MAIS.
Ensinei Ronaldinho a jogar bola Fui o mestre de Zico e Maradona Seu Luiz aprendeu tocar sanfona Bem depois que saiu da minha escola Caboré no pescoço eu botei mola Também fiz beija-flor voar pra trás Conquistei cinco copas mundiais Defendendo a nossa seleção Inventei em Paris o avião O QUE É QUE ME FALTA FAZER MAIS.
Projetei uma bomba nuclear Acabei com a guerra no Iraque Derrubei duas torres com um traque E fiz isso somente pra testar; Com Cabral comecei a desbravar Esses solos de climas tropicais Enfrentei num duelo Ferrabrás À Sansão lhe dei força e valentia Inventei o coqueiro da bahia O QUE É QUE ME FALTA FAZER MAIS.
Léo Medeiros, Sobral, 27 de setembro de 2009
O sertão se acorda mais bonito Com o aboio saudoso do vaqueiro (Mote: Josa Rabelo)
De manhã no sertão que eu fui criado De três horas pras quatro, papai ia Caminhando com rumo à vacaria Pra tirar o leitinho do seu gado; O bezerro ficava enchiqueirado Esperando a saída do leiteiro Quando solto corria bem ligeiro Pra mamar eu um úbere tão bendito O sertão se acorda mais bonito Com o aboio saudoso do vaqueiro.
O vaqueiro sujeito encarregado Dos trabalhos diários da fazenda Sai pra lida pensando em sua prenda Vai soltando aboio apaixonado; De gibão e perneira bem montado No cavalo cortando o tabuleiro Enfrentando terreno traiçoeiro Seu valor, ninguém soma tenho dito: O sertão se acorda mais bonito Com o aboio saudoso do vaqueiro.
Glosas: Léo Medeiros Sobral, 28 de outubro de 2009.
Quando a porta do peito se fechou A saudade esqueceu a chave dela. (Mote enviado por Aluisio Lopes – São José do Egito-PE)
Fiz tudo pra tirar do pensamento Certo alguém que outrora me deixou Chegou de mansinho e se alojou Nesse peito com falso juramento. Sem demora saiu o casamento Nós juramos amor numa capela O padre nos benzeu, eu beijei ela Mas a jura com pouco se quebrou Quando a porta do peito se fechou A saudade esqueceu a chave dela.
Todas as fotos com ela, eu rasguei Nossa cama depressa eu dei um fim Arranquei todas as plantas do jardim Suas vestes bonitas eu queimei; Feito um louco no mundo viajei Procurando em vão essa donzela O meu peito carrega uma seqüela Tão profunda que o tempo não curou Quando a porta do peito se fechou A saudade esqueceu a chave dela.
Glosas: Léo Medeiros Sobral, 02 de outubro de 2009.