Diomedes Laurindo de Lima (Dió)
Conhecido como Diomedes Mariano, o DIÓ é poeta, repentista,
embolador (amador), declamador, escritor, humanista e cidadão
brasileiro. Filho de José Antonio Laurindo (em memória) e Maria
José Laurindo de Lima, nasceu em 19 de fevereiro de 1964 no sítio
Barra-Solidão/PE.
Inspirado nos folhetos de cordel que seu pai comprava nas feiras e
sua mãe lia para ele e seus irmãos, ouvindo programas de cantoria nas
rádios Pajeú de Afogados da Ingazeira, Rural de Caicó-RN, Espinhara de
Patos-PB e outras mais, descobriu seu talento para recitar e fazer
versos aos oito anos de idade.
Residiu na zona rural até os dez anos, onde dividia seu tempo
entre os afazeres da roça e os estudos, vindo a concluir o primário na
Escola Luiz Carolino de Siqueira com a professora Virgínia Oliveira.
Pouco tempo depois, mudou-se para Afogados da Ingazeira, onde reside até os dias atuais.
Desde então encantava a todos com seus versos improvisados. Já na fase adulta participou de mais de 60 Festivais de Violeiros, conquistando premiação em todos eles.
Como declamador esteve presente em inúmeros recitais, em várias cidades do nordeste como Petrolina, Campina Grande, João Pessoa, Teresina, Recife, Caruaru, Arcoverde e Maceió. Com o seu talento obteve grande destaque nos festivais de Brasília e São Paulo.
Desde então encantava a todos com seus versos improvisados. Já na fase adulta participou de mais de 60 Festivais de Violeiros, conquistando premiação em todos eles.
Como declamador esteve presente em inúmeros recitais, em várias cidades do nordeste como Petrolina, Campina Grande, João Pessoa, Teresina, Recife, Caruaru, Arcoverde e Maceió. Com o seu talento obteve grande destaque nos festivais de Brasília e São Paulo.
Diomedes também cantou com poetas famosos como Ivanildo Vila
Nova, João Paraibano, Sebastião Dias, Sebastião da Silva, Moacir
Laurentino, Geraldo Amâncio, Diniz Vitorino, Severino Feitosa, Valdir
Teles, Zé Viola, Os Nonatos e outros gênios da cantoria.
O Poeta divide seu tempo entre suas cantorias e seus afazeres de comerciante, trabalhando
no "Borbão" há quase 30 anos, loja que faz parte de sua história. Por
curtos períodos trabalhou, também, numa churrascaria de Helvécio
Mariano, na Praça Mons. Arruda Câmara e no Escritório de Contabilidade
de João Mariano, seus tios.
Em Afogados da Ingazeira cursou o ginasial e o 2º grau no
Ginásio Mons. Pinto de Campos, tendo como diretor o sr. Luiz Alves dos
Santos. Essa, única escola onde estudou desde que foi pra cidade, e onde
concluiu seus estudos.
Esse multi artista tem dois CDs gravados. O primeiro em
parceria com João Paraibano, intitulado "Esse é o sertão cantado por
quem melhor lhe conhece". O outro, com Sebastião Dias, "Violeiros do
Pajeú".
Teve participação, também, em inúmeros CDs e DVDs de
Festivais de Cantoria com diversos artistas. Ressaltamos, também,
trabalhos gravados por nomes expressivos da Cantoria como Ivanildo Vila
Nova, João Paraibano, Edezel Pereira, Valdir Teles, Raimundo Caetano,
Val Patriota e Delmiro Barros, entre outros.
Filosofia de Vida
"Andar sempre de cabeça erguida para não tropeçar nos obstáculos da própria sombra"
O Coreto da Pracinha
Muita gente recorda que havia, /
Muita gente recorda que havia, /
No coreto cantado em
prosa e verso, /
Um ilustre celeiro, um universo, /
De pessoas dotadas
de alegria, /
JÚLIO BOY, BEL NAZÁRIO,
que hoje em dia, /
Já habitam
nos planos divinais, /
Um ANTÔNIO MARTINS que ainda faz, /
Uso de uma
cadeira que lá tinha, /
Só restou no Coreto da Pracinha, /
A
Cadeira de Ferro e nada mais
A cadeira de ferro foi assento, /
A cadeira de ferro foi assento, /
Pra LULU e PIROCA de
seu NÉ, /
Para ANTÔNIO LALAU, que hoje é, /
Inquilino de Deus no
firmamento, /
Para NÊGO o poeta cem por cento, /
Declamando seus versos
imorais, /
ALMIR PIRES, na época um bom rapaz, /
SÍLVIO CRUZ,
TADEUZÃO, IVO E BOMBINHA, /
Só restou no Coreto da Pracinha, /
A Cadeira de Ferro e nada mais.
CLÓVIS e CARLOS de DÓIA, a dupla ia, /
CLÓVIS e CARLOS de DÓIA, a dupla ia, /
Todo dia ao coreto
dar plantão, /
Com AÍLTON e OSVALDO de SIMÃO, /
Outra dupla da mesma
parceria, /
Seu MANOEL, dono da barbearia, /
Atendia os clientes
principais, /
GENI dono do bar vendia aos quais, /
Serra Grande,
Alcatrão, Brahma e Sardinha, /
Só restou no Coreto da Pracinha, /
A Cadeira de Ferro e nada mais.
Todo fim de dezembro era o lugar, /
Todo fim de dezembro era o lugar, /
Preferido dos grandes
dançarinos, /
No forró embalado onde os meninos, /
Iam todos dispostos
a dançar, /
Senhor HERMES, no seu primeiro andar, /
Contratava
atrações para os casais, /
Nesse tempo LUÍS era rapaz, /
E ZÉ de
HERMES mais novo que LOURDINHA, /
Só restou no Coreto da Pracinha, /
A Cadeira de Ferro e nada mais.
Como tudo na vida leva fim, /
Como tudo na vida leva fim, /
O “coreto” se foi nessa
enxurrada, /
Resta só a cadeira preservada, /
Por ANTÔNIO MARTINS que
disse a mim, /
Podem vir com Ouro, com Marfim, /
Com Topázio,
Brilhante ou com Reais, /
Que não troca e também não se desfaz, /
Não
tem nada que compre a cadeirinha, /
Só restou no Coreto da Pracinha, /
A Cadeira de Ferro e nada mais.
O Coreto passou mas sua
história, /
Não passou nem tampouco passará, /
E a cadeira, este marco
ficará, /
Como peça sublime exposta a glória, /
Como toda existência é
transitória, /
De madeiras, cerâmicas e metais, /
Ficará a cadeira
nos anais, /
De quem sabe a importância que ela tinha, /
Só restou no Coreto da Pracinha, /
A Cadeira de Ferro e nada mais.
Hoje resta a saudade traiçoeira, /
Hoje resta a saudade traiçoeira, /
Que ataca, destrói,
que dilacera, /
Perturbando o senhor LULU PANTERA, /
ZÉ de GÓES, TOTA
FLOR, CHICO VIEIRA, /
Quem fez uso excessivo da cadeira, /
Nas
diversas manhãs dominicais, /
Ao lembrar do passado se desfaz, /
Ante a
dor da saudade que espezinha, /
Só restou no Coreto da Pracinha, /
A Cadeira de Ferro e nada mais.
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, 25/01/2011
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, 25/01/2011
____________________________
Rádio Pajeú – 51 anos de existência
Parabéns PAJEÚ, rádio querida,
Por cinquenta e um anos de existência,
Liderando as pesquisas de audiência,
Como sendo de fato a mais ouvida.
Por Dom Mota esta rádio foi trazida,
Já sabendo que vinha pra ficar,
Desde a hora que ela entrou no ar,
Até hoje estamos festejando,
Que ela vem instruindo e educando,
Divulgando a Cultura Popular.
Quatro horas em plena madrugada,
Nossa rádio se acorda sonolenta,
Mas ao som do forró a rádio esquenta,
Acordando o Sertão sem cobrar nada,
Em seguida mantém sempre informada,
Sua extensa e atual programação,
O orgulho maior para o Sertão,
Que já se acostumou a desfrutar,
De uma Rádio católica, popular,
A serviço da nossa região.
Parabéns para rádio e pra quem faz,
Esta programação imorredoura,
Para todos que fazem a emissora,
Que de fato são profissionais,
Quanta coisa deixada para trás,
Por heróis que aqui se efetivaram,
Deram muito de si, mas se mudaram,
A convite de Cristo ao céu subiram,
Nosso imenso obrigado aos que partiram,
Nosso abraço fraterno aos que ficaram!
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, 2010
Afogados da Ingazeira-PE, 2010
____________________________
Aventuras
Fui bastante sincero com você, //
Dei um pouco de crédito às suas
juras, //
Nosso tempo foi curto, mas rendeu, //
Atrações, sensações,
ânsias, loucuras, //
Apesar dos receios e temores, //
Como dois
estreantes amadores, //
Tendo medo das próprias aventuras.
O bulício da brisa nos lençóis, //
O bulício da brisa nos lençóis, //
O espelho do sol nos azulejos, //
Os impulsos dos tensos corações, //
Superaram a muralha dos desejos,
//
Testemunha dos fatos ocorridos, //
A parede guardou nos seus
ouvidos, //
Os estalos sutis dos nossos beijos.
Nada mais importava além daquilo, //
Nada mais importava além daquilo, //
Paz, afeto, carinho e harmonia,
//
No seu colo macio eu me deitava, //
Nos meus braços, você adormecia,
//
Nossa única intenção era de amar, //
Como a água foi feita para o
mar, //
Fomos feitos pra nós naquele dia.
Nossa estada foi breve, mas foi bela, //
Nossa estada foi breve, mas foi bela, //
Foi vivida com muita
intensidade, //
Era o dia do fico, mas eu fui, //
Obrigado a partir
contra vontade, //
Sem que um pouco de graça visse em nada, //
Como
abelha sem favo, embriagada, //
Nos resíduos do cálice da saudade.
Deixei marcas de mim pelo seu corpo, //
Deixei marcas de mim pelo seu corpo, //
O formato da face no seu seio,
//
Ao encontro da minha boca úmida //
Sua boca faminta também veio, //
Ao quebrarmos os recordes da censura, //
Onde houver uma história de
aventura, //
O capítulo da nossa ? está no meio ?
Quase um sonho, mas foi realidade, //
Durou pouco demais, mas deu prazer, //
Você foi, você é, você será //
Você foi, você é, você será //
O motivo maior do meu viver, //
Seiva doce, da fruta proibida,//
Seiva doce, da fruta proibida,//
A história de amor por nós vivida, //
Vai ser muito difícil de esquecer.
Vai ser muito difícil de esquecer.
Diomesde Mariano
Afogados da Ingazeira-PE
Afogados da Ingazeira-PE
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Madalena Vieira Brandão
Quem nunca escutou falar,
em BETO DE MADALENA?
a estrela sai de cena,
a estrela sai de cena,
pro descendente ficar,
ZEFINHA, vai lamentar,
ZEFINHA, vai lamentar,
ZÉ, chorar a orfandade,
em ANTÔNIO, a dor invade,
em ANTÔNIO, a dor invade,
em FÁTIMA, a tristeza é plena,
PRA O CÉU, SE FOI MADALENA,
PRA O CÉU, SE FOI MADALENA,
PRA NÓS SÓ RESTA A SAUDADE.
Nossos pêsames a todos os familiares
Nossos pêsames a todos os familiares
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, 7 de abril de 2010
Afogados da Ingazeira-PE, 7 de abril de 2010
____________________________
Cem Anos de Doutor Hermes
Doutor Hermes faz parte da doutrina, /
Que ensina o cristão a ser fiel,
O seu pai foi chamado de Manoel, /
O seu pai foi chamado de Manoel, /
Sua mãe se chamou Capitulina,
Conseguiu ingressar na medicina, /
Conseguiu ingressar na medicina, /
E pouco tempo depois de se formar,
Preteriu o Recife pra morar, /
Preteriu o Recife pra morar, /
No sertão onde o povo o ama tanto,
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Doutor Hermes podia, mas não quis, /
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Doutor Hermes podia, mas não quis, /
Em Recife exercer a profissão,
Escolheu um recanto do sertão, /
Escolheu um recanto do sertão, /
Pra poder abrigar-se e ser feliz,
De diploma na mão, a história diz, /
De diploma na mão, a história diz, /
Trinta e oito era o ano, eu vou lembrar,
Em Tabira chegou pra trabalhar, /
Em Tabira chegou pra trabalhar, /
Quando ainda chamava-se Espírito Santo,
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Por ali enfrentou sol e poeira, /
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Por ali enfrentou sol e poeira, /
Mas a força do homem ninguém mede,
Só três anos depois veio pra sede, /
Só três anos depois veio pra sede, /
A querida Afogados da Ingazeira,
Esta mesma cidade hospitaleira, /
Esta mesma cidade hospitaleira, /
Com uns tempos, passou a governar,
Atendeu o chamado popular, /
Atendeu o chamado popular, /
Seu mandato seu deu com grande encanto,
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Fixou residência na terrinha, /
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Fixou residência na terrinha, /
Adotou o sertão pernambucano,
Pai de Vânia, Hermes Júnior e Luciano, /
Pai de Vânia, Hermes Júnior e Luciano, /
E o esposo de Dona Terezinha,
Cidadão de postura, homem de linha, /
Cidadão de postura, homem de linha, /
Nunca foi um cristão de se negar,
Seus favores por tudo que é lugar, /
Seus favores por tudo que é lugar, /
São lembrados por nós, por todo canto,
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Do político, o instinto sonhador, /
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Do político, o instinto sonhador, /
Do cristão, a postura e a grandeza,
Como chefe da prole, uma certeza, /
Como chefe da prole, uma certeza, /
O marido fiel, bom genitor,
Qualidade sublime no doutor, /
Qualidade sublime no doutor, /
Que atendeu tanta gente sem cobrar,
Pondo Deus, no seu jeito de curar, /
Pondo Deus, no seu jeito de curar, /
Tendo fé no divino Espírito Santo,
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Neste dia em que ele completou, /
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Neste dia em que ele completou, /
De janeiros vividos, uma centena,
A família irmanada entrou em cena, /
A família irmanada entrou em cena, /
Pra brindar a centena que chegou,
Luciano não veio, mas mandou, /
Luciano não veio, mas mandou, /
Uma estrela divina lhe guiar,
Afogados se uniu pra lhe abraçar, /
Afogados se uniu pra lhe abraçar, /
E eu me encontro feliz do mesmo tanto,
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, 19 de março de 2010
PARABÉNS DR. HERMES DE SOUZA CANTO,
POR CEM ANOS DE HISTÓRIA PRA CONTAR.
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, 19 de março de 2010
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Consolação
PAJEÚ, LEITO DAS ÁGUAS /
QUE MATAM A SEDE DO POVO
QUISERA EU VER-TE TRAZENDO /
QUISERA EU VER-TE TRAZENDO /
NOSSA ESPERANÇA DE NOVO,
MAS INFELIZMENTE AMIGO, /
MAS INFELIZMENTE AMIGO, /
O QUE FIZERAM CONTIGO
QUEM TIVER CORAÇÃO CHORA, /
QUEM TIVER CORAÇÃO CHORA, /
TROCARAM O LÍQUIDO, NO MATO
E EM PROFUNDO ANONIMATO /
E EM PROFUNDO ANONIMATO /
TU TE ENCONTRAS AGORA.
CONHEÇO POUCO DE TI /
MAS OUVI ALGUÉM FALAR
QUE FOSTE UM CARTEIRO AUTÊNTICO /
QUE FOSTE UM CARTEIRO AUTÊNTICO /
LEVANDO CARTAS AO MAR,
HÁ TRINTA ANOS ATRAS, /
HÁ TRINTA ANOS ATRAS, /
HOJE NÃO NAVEGAS MAIS
RUMO AQUELA DIREÇÃO, /
RUMO AQUELA DIREÇÃO, /
ALGUÉM ROUBOU TEU EMPREGO,
TEU ORGULHO, TEU SOSSEGO /
TEU ORGULHO, TEU SOSSEGO /
SÓ TE RESTA A SOLIDÃO.
ONDE FOI ÁGUA SOMENTE /
HOJE O MATO TOMA CONTA
OS ESGOTOS TE INSULTAM /
OS ESGOTOS TE INSULTAM /
TEU POVO TE CAUSA AFRONTA,
INTERDITARAM TEU LEITO /
INTERDITARAM TEU LEITO /
FOSTE ESQUECIDO DE UM JEITO
PERANTE AOS ACOMODADOS, /
PERANTE AOS ACOMODADOS, /
PARECE QUE TUA GLÓRIA
NÃO FAZ PARTE DA HISTÓRIA /
NÃO FAZ PARTE DA HISTÓRIA /
QUE TANTO ORGULHA AFOGADOS.
RIO DAS GLÓRIAS PASSADAS /
DOS LINDOS BANCOS DE AREIA
O SANGUE DOS MISERÁVEIS /
O SANGUE DOS MISERÁVEIS /
CONTAMINOU TUA VEIA,
ESTÁS CANSADO E DOENTE, /
ESTÁS CANSADO E DOENTE, /
MESMO ASSIM SEGUES EM FRENTE
SEM RECLAMAR DE NINGUÉM, /
SEM RECLAMAR DE NINGUÉM, /
QUEM TE PREFERIU ASSIM,
ANTES DE VER O TEU FIM /
ANTES DE VER O TEU FIM /
TALVEZ TENHA FIM TAMBÉM.
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, 14 de Março de 2001
Afogados da Ingazeira-PE, 14 de Março de 2001
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Estrofes improvisadas
LUTAR PELO BEM COMUM,
CADA QUAL TEM SEU DIREITO,
FAZER O BEM É VIRTUDE,
SER TRISTE NÃO É DEFEITO,
O MAR DOS OLHOS SÓ SANGRA
SE CHOVER DENTRO DO PEITO.
LUTAR PELO BEM COMUM,
CADA QUAL TEM SEU DIREITO,
FAZER O BEM É VIRTUDE,
SER TRISTE NÃO É DEFEITO,
O MAR DOS OLHOS SÓ SANGRA
SE CHOVER DENTRO DO PEITO.
PACIÊNCIA, A MELHOR ARMA,
PRA SE FAZER USO DELA,
O CRISTÃO SÓ SE DESARMA,
QUANDO SE SENTIR SEM ELA.
PRA SE FAZER USO DELA,
O CRISTÃO SÓ SE DESARMA,
QUANDO SE SENTIR SEM ELA.
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Ser tão Sertanejo
Ser tão sertanejo é valorizar
Os nossos costumes e as nossas raízes,
Não sentir vergonha das mãos calejadas,
Da pele tostada pelas cicatrizes.
Os nossos costumes e as nossas raízes,
Não sentir vergonha das mãos calejadas,
Da pele tostada pelas cicatrizes.
Ser tão sertanejo é ser bravo e forte,
Respeitar a vida, não temer a morte,
Ter a paciência por Deus exigida.
Ser tão sertanejo é ser como nós,
Na letra, na música, no verso e na voz,
Divulgando a arte nos palcos da vida.
Respeitar a vida, não temer a morte,
Ter a paciência por Deus exigida.
Ser tão sertanejo é ser como nós,
Na letra, na música, no verso e na voz,
Divulgando a arte nos palcos da vida.
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE
Afogados da Ingazeira-PE
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O Primeiro Encontro
Afogados terra amada, /
Mãe que cada filho ama,
Princesa que enche os olhos, /
Princesa que enche os olhos, /
De quem por seu nome chama,
Minha terra centenária, /
Minha terra centenária, /
Quanta passagem lendária,
Vivenciamos aqui, /
Vivenciamos aqui, /
Aonde quer que a gente vá,
Teu nome conosco irá, /
Teu nome conosco irá, /
Nas lembranças por aí.
Como esquecer, por exemplo, /
Como esquecer, por exemplo, /
Do coreto da pracinha,
Do boi de Hermes, e do bar /
Do boi de Hermes, e do bar /
De Panca e de Mariquinha,
Casal nobre e educado, /
Casal nobre e educado, /
Que com zelo e com cuidado,
Cuidava da clientela, /
Cuidava da clientela, /
O bar, casa de encontro,
Onde qualquer desencontro, /
Onde qualquer desencontro, /
Era discutido nela.
Ao som de uma boa música, /
Ao som de uma boa música, /
Muita cerveja gelada,
Reginaldo Goladinha, /
Reginaldo Goladinha, /
Foi quase o rei da Golada,
Tota e Luis Capacete, /
Tota e Luis Capacete, /
Patrocinavam o banquete,
Pra Finfa e pra Pé de Banda, /
Pra Finfa e pra Pé de Banda, /
E Zé Panqueta sempre atento,
Pra que seu atendimento, /
Pra que seu atendimento, /
Ganhasse mais propaganda.
Jailson, Ednaldo e Bila, /
Jailson, Ednaldo e Bila, /
Já tinham horário marcado,
Murilo e Cácio, os da casa, /
Murilo e Cácio, os da casa, /
Jamais chegavam atrasados,
Dida, Ceíca e Zumbinha, /
Dida, Ceíca e Zumbinha, /
Outra trindade que vinha,
Para os encontros do bar, /
Para os encontros do bar, /
E entre palestra e piada,
Haja cerveja gelada, /
Haja cerveja gelada, /
E muita conversa no ar.
Mariquinha vez em quando, /
Mariquinha vez em quando, /
Querem mais um tira-gosto?
Esse eu prometo trazer, /
Esse eu prometo trazer, /
Sem alterar o imposto,
Logo Carrinho de Lica, /
Logo Carrinho de Lica, /
Frente a frente com Ceíca,
Dava uma enorme risada, /
Dava uma enorme risada, /
Enquanto que Suetone,
Lembrava o velho Marcone, /
Lembrava o velho Marcone, /
Do som, o rei da zoada.
Carrinho de Possidônio, /
Carrinho de Possidônio, /
Era outro assíduo freguês,
Mima e Marcelo Boíba, /
Mima e Marcelo Boíba, /
Chegava um de cada vez,
Zé Cotelo o mais querido, /
Zé Cotelo o mais querido, /
Boêmio e Extrovertido,
Sempre chamava atenção, /
Sempre chamava atenção, /
Nosso Luizinho Onça,
Ficava igual “mosca sonsa” /
Ficava igual “mosca sonsa” /
Depois de cada pifão.
Antônio Martins na época, /
Antônio Martins na época, /
Não era poeta ainda,
Mas já contava piada, /
Mas já contava piada, /
Seu estoque não se finda,
E assim a farra crescia, /
E assim a farra crescia, /
Independente do dia,
De semana ou feriado. /
De semana ou feriado. /
Entre a lembrança e a glória,
Aquele bar fez história, /
Aquele bar fez história, /
Em todo o nosso passado.
Quatro amigos importantes, /
Quatro amigos importantes, /
Participavam da cena,
Um, Toninho Venceslau, /
Um, Toninho Venceslau, /
Outro, Renato Macena,
Além de Marcos Porróia, /
Além de Marcos Porróia, /
Branco de Otávio outra jóia,
Da tropa bem dirigida, /
Da tropa bem dirigida, /
Estas quatro criaturas,
Hoje lembram as aventuras, /
Hoje lembram as aventuras, /
Do outro lado da vida.
Dos mais diversos assuntos, /
Dos mais diversos assuntos, /
As mesas do bar ouvia,
De resultado de jogo, /
De resultado de jogo, /
A romance que nascia,
De casamento acabado, /
De casamento acabado, /
De colega reprovado,
De fofocas na igreja, /
De fofocas na igreja, /
De tudo via-se no ar,
Só não podia faltar, /
Só não podia faltar, /
Tira gosto e nem cerveja.
De calote de colega, /
De calote de colega, /
De pai que dava cavaco,
De quem via os espetáculos, /
De quem via os espetáculos, /
Entrando pelo buraco,
Tudo era divertimento, /
Tudo era divertimento, /
Durante aquele momento,
Nós tínhamos a impressão, /
Nós tínhamos a impressão, /
Que o tempo não passava,
E a juventude brincava, /
E a juventude brincava, /
De criança em nossa mão.
Mas tudo na vida passa, /
Mas tudo na vida passa, /
E este bar passou também,
Hoje Dona Mariquinha, /
Hoje Dona Mariquinha, /
Não despacha mais ninguém,
Cada um da gente cresceu, /
Cada um da gente cresceu, /
Buscou o destino seu,
Seguiu sua direção, /
Seguiu sua direção, /
Mas não conseguiu tirar,
As aventuras do bar, /
As aventuras do bar, /
Da sua imaginação.
Hoje Dona Mariquinha, /
Hoje Dona Mariquinha, /
Recebe a nossa homenagem,
Como uma mulher guerreira, /
Como uma mulher guerreira, /
Que nunca faltou coragem,
Dentro da sua mobília, /
Dentro da sua mobília, /
Formamos uma família,
Unida, amiga e vizinha, /
Unida, amiga e vizinha, /
Por isso a gente envelhece,
E com certeza não esquece, /
E com certeza não esquece, /
Das farras e de MARIQUINHA.
Assim surgiu a ideia, /
Assim surgiu a ideia, /
De Jailson e também minha,
Criar o primeiro encontro, /
Criar o primeiro encontro, /
Lá do bar de Mariquinha,
Nos unimos novamente, /
Nos unimos novamente, /
Só não como antigamente,
Sem responsabilidade,
Sem responsabilidade,
Pra neste encontro marcado,
BRINDARMOS NOSSO PASSADO, /
BRINDARMOS NOSSO PASSADO, /
REATIVANDO A SAUDADE.
“SAUDADE É TUDO QUE FICA, DAQUILO QUE NÃO FICOU"
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE, dezembro/2009
Afogados da Ingazeira-PE, dezembro/2009
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O Rio está vivo, ainda
Nosso Pajeú querido,/
Rio dos mais respeitados,
Que quando cheio espelhava, / O rosto de Afogados,
Quem foste tu, quem tu és? / Foste um dos fortes pajés,
Impondo enorme respeito, /És hoje um índio cansado,
Tendo um sentimento ilhado, / Na solidão do teu leito.
Que quando cheio espelhava, / O rosto de Afogados,
Quem foste tu, quem tu és? / Foste um dos fortes pajés,
Impondo enorme respeito, /És hoje um índio cansado,
Tendo um sentimento ilhado, / Na solidão do teu leito.
Não conto as vezes que ouvi, /
Tua garganta bradando,
E a tua água barrenta, / Descer nos desafiando,
Espumas amareladas, / Brutalmente carregadas,
Pela braveza da enchente, / E os remansos como poltros,
Dando empurrões uns nos outros, / Querendo chegar na frente.
E a tua água barrenta, / Descer nos desafiando,
Espumas amareladas, / Brutalmente carregadas,
Pela braveza da enchente, / E os remansos como poltros,
Dando empurrões uns nos outros, / Querendo chegar na frente.
Quantas barreiras quebrastes, /
Ao longo dos anos teus,
Quando acolhias as águas, / Vindas das latas de Deus,
Quanta vazante dormia, / Sob o líquido que descia,
Pulsando na tua veia, / Em busca do oceano,
E a gente passava um ano, / Prá ver de novo a areia.
Quando acolhias as águas, / Vindas das latas de Deus,
Quanta vazante dormia, / Sob o líquido que descia,
Pulsando na tua veia, / Em busca do oceano,
E a gente passava um ano, / Prá ver de novo a areia.
Lembro Pajeú querido, /
O teu passado exemplar,
Quando um poeta cantou, / Teu trajeto rumo ao mar,
Inspiraste cantadores, / E aos olhos dos pescadores,
Assombração e ciúme, / A tua enchente causava,
E o Chico se encarregava, / De transportar teu volume.
Quando um poeta cantou, / Teu trajeto rumo ao mar,
Inspiraste cantadores, / E aos olhos dos pescadores,
Assombração e ciúme, / A tua enchente causava,
E o Chico se encarregava, / De transportar teu volume.
Quantas crianças nadavam, /
Nas margens das águas tuas,
Quantas vezes revoltado, / Invadiste algumas ruas,
Logo depois que invadias, / Arrependido tu ias,
Recuando de mansinho, / Assumindo as próprias culpas,
Como quem pede desculpas, / Por ter errado o caminho.
Quantas vezes revoltado, / Invadiste algumas ruas,
Logo depois que invadias, / Arrependido tu ias,
Recuando de mansinho, / Assumindo as próprias culpas,
Como quem pede desculpas, / Por ter errado o caminho.
E hoje velho cacique, /
Estás muito diferente,
Como um guerreio ferido, / Pela tua própria gente,
Por onde a água correu, / A baronesa cresceu,
A fedentina aumentou, / Com isto a poluição,
Por Ter te pego a traição, / Veio prá luta e ganhou.
Como um guerreio ferido, / Pela tua própria gente,
Por onde a água correu, / A baronesa cresceu,
A fedentina aumentou, / Com isto a poluição,
Por Ter te pego a traição, / Veio prá luta e ganhou.
Hoje acumulam lixos, /
Como mato, arame e fio,
Estão vomitando esgotos, / Na boca do pobre rio,
Que se encontra transformado, / Tanto entulho acumulado,
Por onde o líquido correu, / Vamos salvar nosso irmão,
Que está de vela na mão, / Mas ainda não morreu.
Estão vomitando esgotos, / Na boca do pobre rio,
Que se encontra transformado, / Tanto entulho acumulado,
Por onde o líquido correu, / Vamos salvar nosso irmão,
Que está de vela na mão, / Mas ainda não morreu.
Já é hora de fazermos, /
Uma limpeza em geral,
Prá devolver ao rio, / A beleza natural,
Conservá-lo por inteiro, / Torná-lo o velho guerreiro,
Que atualmente não é, / Cartão postal de Afogados,
E nós, orgulhosos curvados, / Aos pés do nosso pajé.
Prá devolver ao rio, / A beleza natural,
Conservá-lo por inteiro, / Torná-lo o velho guerreiro,
Que atualmente não é, / Cartão postal de Afogados,
E nós, orgulhosos curvados, / Aos pés do nosso pajé.
Diomedes Mariano
Afogados da Ingazeira-PE
Afogados da Ingazeira-PE