ALDO NEVES
SEXTILHAS SOLTAS
Sem ter chuva no sertão
Coqueiro não bota cacho
Um boi cava com a unha
A barreira de um riacho
Jogando terra pra cima
Pra ver se tem água embaixo
Pra quem ama poesia
Todo esforço vale a pena
Eu deixei o Pajeú
Vim aqui entrar em cena
E vender repente em retalhos
Na Feira da Madalena
O pássaro sacode a pena
Aos raios do sol nascente
Aqui o mar vira onda
Quando se encontra valente
E lá uma onda de versos
Vira a cabeça da gente
O cantador de repente
Tanta canta como cria
Até a brisa que solta
Tem cheiro de poesia
E onde se planta cultura
Nascem versos todo dia
O teu
rosto expressa a arrogância
Desprezas com sorriso, este poeta
Teu orgulho penetrante como a seta
Que fere a humildade e tolerância
És roseira comum e sem fragrância
Querendo ser orquídea que impera
Toda vez que se vai a primavera
Vê-se a face dessa flor despetalada
A beleza é uma carga confiscada
Que alfândega do tempo não libera.
Desprezas com sorriso, este poeta
Teu orgulho penetrante como a seta
Que fere a humildade e tolerância
És roseira comum e sem fragrância
Querendo ser orquídea que impera
Toda vez que se vai a primavera
Vê-se a face dessa flor despetalada
A beleza é uma carga confiscada
Que alfândega do tempo não libera.