JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ENBOLADORES PENEIRA E SONHADOR

DÊ UMA OLHADINHA NOS VERSOS...

Me lembro da minha mãe
Dentro do quarto inquieta
Passando o dedo com papa
Nessa boca analfabeta
Sem saber que um dedo rude
Tava criando um poeta.
(João Paraibano)
Senhores críticos basta
Deixai-me passar sem pejo
Que um trovador sertanejo
Vem seu pinho dedilhar
Eu sou da terra onde as almas
São todas de cantadores
Sou do Pajeú das Flores
Tenho razão pra cantar


Um improviso do Cego Aderaldo

A prisão deve ter sido
Invenção de Lucifer
Eu só aceito a prisão
Nos braços duma mulher
Agüentando o que ela faz
E fazendo o que ela quer.

Sou alegre, amigo, companheiro, apaixonado pela vida, poesia e minha família.
À QUEM VISITA MINHA PÁGINA:

O Brinde

Se há no mundo um Deus para os acasos
Que pela humanidade o bem reparte
Que dá fortuna te dê a melhor parte
Mil venturas te dê, sem lei nem prazos

Eu de alegria tenho os olhos rasos,
De lágrimas, querida ao vir brindar-te
Quando vejo que até para saudar-te
As flores se debruçam sobre os vasos

O meu brinde é sumário, curto e breve
O nome de quem se quer quando se escreve
Perde-se a pena em traços ideais

Um anjo como tu, quando se brinda
Tem-se a missão cumprida, a festa finda
Quebra-se a taça e não se bebe mais
(Desconhecido)

RIO PAJEÚ

Nosso pajeú querido
Rio dos mais respeitados
Que quando cheio espelhava
O rosto de afogados
Quem foste tu? Quem tu és?
Foste um dos fortes pajés
Impondo enorme respeito
E és hoje um índio cansado
Tendo um sentimento ilhado
Na solidão do teu leito

Não conto as vezes que eu vi
Tua garganta bradando
E a tua água barrenta
Descer nos desafiando
Espumas amareladas
Brutalmente carregadas
Pela braveza da enchente
E os remansos como potros
Dando empurrões uns nos outros
Querendo chegar na frente

Quantas barreiras quebrastes
Ao longo dos anos teus
Quando acolhias as águas
Vindas das “latas” de Deus
Quanta vazante dormia
Sob o liquido que descia
Pulsando na tua veia
Em busca do oceano
E a gente passava um ano
Pra ver de novo a areia

Lembro Pajeú querido
O teu passado exemplar
Quando um poeta cantou
Teu trajeto rumo ao mar
Inspirastes cantadores
E aos olhos dos pescadores
Assombração e ciúme
A tua enchente causava
E o Chico se encarregava
De transportar teu volume

Quantas crianças nadavam
Nas margens das águas tuas
Quantas vezes revoltado
Invadiste algumas ruas
Logo depois que invadias
Arrependido tu ias
Recuando de mansinho
Assumindo as próprias culpas
Como quem pede desculpas
Por ter errado o caminho


E hoje velho cacique
Estais muito diferente
Como um guerreiro ferido
Pela tua própria gente
Por onde a água correu
A baronesa cresceu
A fedentina aumentou
Com isto a poluição
Por ter te pego à traição
Veio pra luta e ganhou

E hoje acumulam lixo
Como mato, arame e fio
Estão vomitando esgotos
Na boca do pobre rio
Que se encontra transformado
Tanto entulho acumulado
Por onde o líquido correu
Vamos salvar nosso irmão
Que está de vela na mão
Mas ainda não morreu

Já é hora de fazermos
Uma limpeza em geral
Pra devolvermos ao rio
A beleza natural
Conservá-lo por inteiro
Torná-lo velho guerreiro
Que atualmente não é
Cartão postal de Afogados
E nós orgulhosos curvados
Ao pés do nosso Pajé. (bis)

(Diomedes Mariano)