JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

sexta-feira, 22 de março de 2013

DEDÉ MONTEIRO REFERInDO AO INESQUECÍVEL MANOEL FILÓ!

O saudoso Manel Filo (esquerda) e Dedé Monteiro: dois mitos da poesia nordestina

MANOEL FILÓ
Manoel Filomeno de Menezes, Uma vez você disse sem pensar “Chora o cedro na gruta da floresta Escutando o machado a trabalhar” E “O crepúsculo no campo é tão bonito Que até Deus se debruça pra olhar.”

Quem cria motes assim E os glosa qual você faz Por mais que tenha vivido Tem que viver muito mais Pra continuar brilhando Sendo aplaudido e criando Prodígios fenomenais.

Lamentando o cenário sertanejo Quando o sol do verão nos apavora Você fez uns milagres neste mote Que quem lê sem chorar, por dentro chora “O carão que cantava em meu baixio Teve medo da seca e foi embora”.

Criou também um poema De inspiração desmedida Neste mote primoroso Magoador de ferida “Todo dia muda a cor Do quadro da minha vida”.

Você nunca soltou o cabo liso Do martelo sagrado da emoção Fez com ele uma peça genial Neste mote de rara inspiração “Quando a gente magoa uma saudade Incomoda demais o coração”.

Que o mundo se coisifique Todos morremos de medo Por isso, você que sabe Do sentimento o segredo Não pode sair de cena Bote mais tinta na pena Não diga adeus nem tão cedo.

Quando Zé Marcolino despediu-se E o nordeste ficou de alma enlutada Amargando a saudade imorredoura Você disse exprimindo a dor de cada “A estrada matou quem escreveu O mais belo poema da estrada”.

Conquistando os corações “Devagar, devagarinho” Você foi duplo gigante No gabinete e no pinho Por isso a gente não sai “Das curvas do seu caminho”.

Eis aqui outra prova incontestável De grandeza e de sensibilidade Você disse aos que a vida condenou A viverem sofrendo atrás das grades “Uma gota de pranto molha o riso Quando o preso recebe a liberdade”.

Parabéns Manoel Filó Por teu menino primeiro Dois mil e cinco, o segundo Dois mil e seis, o terceiro E espero que Deus consinta Que aos cem em dois mil e trinta Você faça o derradeiro!
(Ddé Monteiro)