JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 1 de abril de 2012

VERSO DO DIA


Terra amada cidade alvissareira
Onde eu tive a infância colossal
Eu brincava de cavalo de pau
De pião,velocipe e baladeira
Carrapato, garrafão, barra bandeira
Uma tal de correia que era quente
Que os pais sem entender muito agente
Completava o final da brincadeira
Eu não posso passar a vida inteira
Sem saudar minha terra num repente

(joel junior)cinquentenário!

SONETO DO DIA


 
‎-Quanta insônia na alma do poeta,
O que há ? Indagou quem vem andando,
''Eu não posso acordar,andar sonhando?
Deixe está... Minha vida está completa!

Eu conheço a razão que me afeta
E por isso eu deixei-a caminhando
De que vale dormir se estou clamando
Pra a musa se acorde mais discreta.

Tu que olhas de longe o sono ausente
Jamais podes notar que está presente
Minha amada e eterna companhia,

Nessas noites que o sono nunca vem
Eu consigo acordada ir mais além
Pra dormir sob os braços da poesia.''

FILME DA SEMANA


  • Sinopse


    Junto com bandidos perigosos, Mary Bryant é enviada, no final do século 19, para a Austrália, a colonia penal da Inglaterra. Depois de uma viagem de 251 dias nas piores condições, eles chegam a primitiva Botany Bay, e Mary dá a luz a uma menina. Em fave das duras condições do local, Mary, seu marido e 5 outros condenados decidem tomar seus destinos em suas mãos e roubam ao Timor, uma colônia holandesa. Lá, passando por sobreviventes de um naufrágio, são aceitos na alta sociedade. Mas, no encalço deles está o comandante Philip.

FRASE DA SEMANA



"A vida se tornaria insuportável, se não nos proporcionasse mudanças"
(Desconhecido)

RECEITA DA SEMANA


Arrubacão

Arrubacão

Ingredientes:
2 xícaras de chá de arroz
2 xícaras de chá de feijão verde (aquele que acabou de ser colhido e ainda não secou)
meio quilo de queijo coalho fatiado
1 litro de leite fervido
1 molho de coentro
pimenta malagueta

Preparo:
Cozinhe o feijão em 3 xícaras de chá de água por 10 minutos em fogo alto.
Ponha o coentro inteiro e uma colher de sobremesa de sal.
O feijão deve ser cozido numa panela sempre tampada e não deve ficar mole demais.
Depois junte a pimenta e o arroz que vai ser cozido no leite.
O leite deve ser colocado aos poucos. Ponha uma dose e deixe o arroz secar.
Um pouco depois coloque mais um pouco e deixe secar novamente, até colocar o litro todo.
Por ultimo ponha o queijo de coalho. Quando o leite ferver deixe em fogo baixo com a panela tampada.
Em 15 ou 20 minutos o arroz e o feijão devem estar cozidos e o queijo derretido.
Aí sirva na panela mesmo ou se preferir ponha numa travessa.
O acompanhamento preferido do nordestino é a carne de sol e o suco de acerola.

POETA DA SEMANA






“Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar”

Poeta, faça um favor,
Pois não “tô” mais agüentando,
Meu peito está sufocando,
Mergulhado numa dor.
Escreva um verso de amor
Pra quem quis me abandonar
Ela – meu primeiro par –
Eu, fui dela, o quarto ou quinto...
“Poeta cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar”!

Cante as noites que passei
Em claro pensando nela.
Descreva a boquinha dela,
Que por ventura beijei.
Cante as frases que deixei
Infindas ao gaguejar...
Só você sabe rimar
meu pecado e meu instinto.
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto eu não sei cantar.

Sempre tive uma saudade
Encravada no meu peito,
E não consigo direito
Descrevê-la de verdade...
Até que tenho vontade
De escrever pra me expressar,
Mas só sei desabafar
Numa dose de absinto.
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar.

Cante as dores que padeço
Sem dividir com ninguém;
Cante a dor de querer bem
A quem não me tem apreço;
Cante pra ver se eu esqueço,
De quem só vivo a lembrar;
Cante que eu só sei chorar
E quando choro não minto.
Poeta cante o que eu sinto,
Que sinto e não sei cantar.

Poeta, o que eu mais queria
Era possuir teu dom,
Pois deve ser muito bom
Transformar dor em poesia...
Cante, pra minha alegria
Algo pr’eu acreditar
Que meu bem irá voltar
Pro nosso antigo recinto.
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar

Descreva meu coração
-Nas muitas dores que sofre-
Sendo atualmente um cofre
De armazenar solidão...
Cante sua frustração
E seu eterno penar:
Com muito amor para dar,
No entanto de amor faminto.
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar.

AMO, mas não sou amado;
LEMBRO, mas fui esquecido;
VIVO, mas é mal vivido;
SONHO, mas não sou sonhado;
SOFRO, mas sofro calado,
Por não saber versejar...
Se a minha dor lhe inspirar,
Faça um verso, que eu consinto
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar

Poeta, estou me sentindo
Como um peixe fora d'água,
Cheio de angústia e de mágoa
Com essa dor me oprimindo...
Vejo a vida se exaurindo
E se isso continuar,
Posso me considerar
Um animal quase extinto.
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar.

Meu poeta, eu lhe prometo
Não ficar lhe aperreando,
Mas só e somente quando
Você fizer um soneto,
Quem sabe até um terceto...
Você pode me ajudar!
Faça um verso pra me dar,
Nem que seja bem sucinto,
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar!

Cante de modo ordenado
Minhas muitas desventuras.
As eternas amarguras
Pelas quais tenho passado...
De modo simplificado,
Cante, em verso, o meu penar.
Cante num tom singular,
Sutil, pacato e distinto...
Poeta, cante o que sinto,
Que sinto e não sei cantar.

Nesse mote em sete, começa Vinícius Gregório e eu pego a deixa.
Se não fosse essa seca que devora
Meu sertão, causticando a terra nossa,
Plantaria de novo a minha roça
Ao invés de vendê-la e ir embora.
Mas, olhando pra barra da aurora,
Constatei que este ano não chovia,
Pois, na barra, uma nuvem, não se via...
Só o sol vermelhando a imensidão.
Se o Nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem, mas não ia!

“Vou-me embora pro sul pra trabalhar!”
Foi a frase que eu disse aos meus parentes,
Que me olharam penosos, descontentes
E a mulher começou logo a chorar...
Meu “mais velho” tentou se segurar,
Mas chorou... Chega a lágrima descia...
Meu “mais novo”, inocente, me dizia:
Por favor, papai, fique... não vá não!
Se o Nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem, mas não ia!

Quem não viu numa tarde entristecida,
Um matuto choroso achando ruim,
Por as malas na Itapemirim
De seu filho no dia da partida?
E a esposa chorando a despedida
Agarrada ao (no) filho que partia
E o (esse) filho tristonho que dizia
Com (seu) o peito sangrando de emoção:
Se o Nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem , mas não ia!

Se esse sol não brilhasse assim tão quente,
Eu teria esperança em não sair...
Se chovesse, eu não tinha que partir
Pra lugar tão distante e diferente;
Se o governo cuidasse mais da gente...
Mas governo é quem mais tem covardia;
Se eu tivesse comida todo dia,
Eu jamais deixaria o meu Sertão;
Se o Nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem, mas não ia!

O campônio depois de ter vendido
A palhoça, o cavalo, a cabra, a vaca.
Encourou-se num tronco de (uma) estaca,
Deu (seu) um último aboio arrependido.
Foi embora, porque sem ter chovido,
Toda sua família padecia,
Mas, ao longe partindo repetia
Um lamento (com) em forma de refrão:
Se o nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem mas não ia!

Na bagagem carrego uma saudade
Bem molhada com gotas do meu pranto.
Enrolado num manto eu levo um santo
Pra me dar fé e força de vontade...
Também levo, mas levo de verdade
A vontade de regressar um dia,
Pois por minha emoção eu nunca iria,
Mas quem “tá” me levando é a razão
Se o Nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem, mas não ia!

Se o nordeste não fosse vitimado
Pela seca, que queima como fogo.
Por descaso político demagogo
De um regime caduco e atrasado...
Eu jamais deixaria meu roçado
E no inverno, a semente, plantaria.
No verão, com recurso irrigaria,
Sendo assim não me faltaria o pão.
Se o nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem, mas, não ia.

Resolvi ir embora quando a peste
Dessa seca, o que eu tinha, devorou...
Na verdade, do pouco só restou
O dinheiro pra “fuga” do Nordeste
E comprei a passagem pro sudeste
-A derradeira coisa que eu queria-
Mesmo assim, como estou, de mão vazia,
Tendo gasto o meu último tostão,
Se o Nordeste de desse condição,
Eu rasgava a passagem, mas não ia!

Eu jamais deixaria meu aprisco,
Pra viver exilado no sudeste,
Se soubesse, que aqui, no meu Nordeste,
Minha prole não correria risco.
E Se as águas do Rio São Francisco
Não servissem somente à minoria,
A passagem de ida eu rasgaria,
Deixaria a de volta no balcão.
Se o nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem mas, não ia!

Não preciso de muito pra ficar.
Eu não quero riquezas, basta apenas:
Umas chuvas bem poucas... Bem pequenas,
Pra semente que eu plano germinar...
Uma enxada e dois bois pr’eu trabalhar,
Pois coragem, Deus dá por garantia...
E por fim, uma humilde moradia.
Pra reinar paz, saúde e união...
Se o Nordeste me desse condição,
Eu rasgava a passagem, mas não ia!