JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 9 de outubro de 2011

FRASE DA SEMANA

"Não é nossa condição social, mas a qualidade de nossa alma que nos torna felizes."
(Voltaire)

POETA ALUÍSIO LOPES

QUASE GEMENDO CANTAVA
NOSSO PÁSSARO CANCÃO
                        I
FOI NAQUELA VEZ PRIMEIRA
NAQUELA SALA MODESTA
NÃO ERA CLIMA DE FESTA
NÃO SERIA A DERRADEIRA  
NUMA NOITE, APÓS A FEIRA                                                      SEM LUAR, SEM VIOLÃO
FALANDO QUASE EM CANÇÃO
DOLENTE, A VOZ  SOLFEJAVA
QUASE EM GEMIDOS CANTAVA
NOSSO PÁSSARO CANCÃO
                        II
LEMBRO QUE PAUSADAMENTE
GLOSAVA O MEU MENESTREL
A VOZ DOCE, IRMÃ DO MEL
SINGULAR GESTO PRESENTE
DA VAIDADE AUSENTE
MAS PERTO DO CORAÇÃO
NO PALCO DA EMOÇÃO
UMA GOTA ACORTINAVA
QUASE EM GEMIDOS CANTAVA
NOSSO PÁSSARO CANCÃO
                      III
TUDO FOI TÃO DE REPENTE
NO DESVENDAR DO MISTÉRIO
SEIS HORAS NO CEMITÉRIO
UM SABIÁ TRISTEMENTE
EM OUTRA FEITA, PRESENTE
COPO TREMENDO NA MÃO
VOZ EMBARGADA AO REFRÃO
UM ÉBRIO AO LADO CHORAVA
QUASE EM GEMIDOS CANTAVA
NOSSO PÁSSARO CANCÃO
                    VI
AVE CANORA LATEJA
A VEIA DO SEU PESCOÇO
DO BOLSO PUXA O ESBOÇO
OS OLHOS NELE, CRAVEJA
NOSSOS CORAÇÕES, DARDEJA
PASSAGENS D’OUTRA ESTAÇÃO
DECANTAVA EM PRECISÃO
CHORANDO, O PAPEL MOLHAVA
QUASE EM GEMIDOS CANTAVA
NOSSO PÁSSARO CANCÃO
                        V
ANOITE VAI SE ESVAINDO
A TOSCA LUZ SE AQUEBRANTA
A CRIANÇA SE ENCANTA
O  QUADRO VAI PRODUZINDO
O PENSAMENTO FUGINDO
SE APROXIMA DO BALCÃO
PEQUENINO, PÉS NO CHÃO
AQUELE POETA OLHAVA
QUASE EM GEMIDOS CANTAVA
NOSSO PÁSSARO CANCÃO
                     VI
A TEZ QUASE ORIENTAL
OS OLHOS ÉBRIOS DE PAZ
NO SEU RECLAME ELE TRAZ
O SABIÁ PRO QUINTAL
FALA EM DEUS E NUM  PORTAL
DA MÃE DE CRISTO, A MISSÃO
QUE O DE  BOM CORAÇÃO
A GLÓRIA ETERNA ALCANÇAVA
AGORA ELE SOLUÇAVA...
NOSSO PÁSSARO CANCÃO
                         VII
E... MUITO BEM, MUITO BEM!
DIZIA O GÊNIO INOCENTE
COM CUIDADO, DULCEMENTE
PRA NÃO MALTRATAR ALGUÉM
SE POR ACASO TAMBÉM
UMA PESSOA EM QUESTÃO
MOSTRASSE ESCRITO OU CANÇÃO
COM A CABEÇA APROVAVA
E TUDO BONITO ACHAVA
NOSSO PÁSSARO CANCÃO

Aluisio Lopes, 07 de Outubro de 2011 

 ( a primeira vez que vi o poeta)

POETAS DA SEMANA

Repente tecnológico para seu deleite


A letra desta peça raríssima, obra da dupla de repentistas 'Os Nonatos', composta por Raimundo Nonato, da Paraíba, e Nonato Costa, cearense foi a vencedora do Desafio de Cantadores em 2005. Eis então o inusitado e criativo decassílabo cujo mote é 'O planeta movido a internet é escravo da tecnologia'.

O PLANETA MOVIDO A INTERNET É ESCRAVO DA TECNOLOGIA

O visor como tela de TV,
O teclado acessível como book
Pra maiúsculo ou minúsculo é Caps 'Look' (Lock)
Pra mandar imprimir é Control P
Com o micro'' Sansung e LG
E os programas que a Apple financia
A indústria da datilografia
Nunca mais vai fazer máquina Olivetti
E o planeta movido a internet
É escravo da tecnologia

Quem se pluga em milésimo de segundo
E se conecta ao portal e seus asseclas
Basta apenas tocar numa das teclas
Que o visor nos transporta a outros mundos
Desde a terra dos solos mais fecundos
Ao espaço onde o vácuo se inicia
Quem formata depois cola,  copia
E prende o mundo na grade de um disquete
O planeta movido a internet
É escravo da tecnologia

A indústria se autodestruindo
Descartou o compacto e LP
Veio o surto da febre do CD  
Mal chegou e já está saindo
MD não há mais ninguém pedindo
Nu''a DAT gravar ninguém confia
Fita BASF tem pouca serventia
E ninguém quer mais nem ver videocassete
E o planeta movido a internet
É escravo da tecnologia

Brasil SAT é mais uma criação
Que nos nossos vizinhos deu insônia
O Sivam espiona a Amazônia
Evitando que haja outro espião
É por via satélite a transmissão
Que não tem transmissão por outra via
Uma antena seqüestra a sintonia
Pra DirecTV, Sky e Net
O planeta movido a internet
É escravo da tecnologia

Transatlânticos no mar fazem cruzeiros
E pelos micros das multinacionais
Hoje tem conferências virtuais
Com os executivos estrangeiros
O email é correio sem carteiros,
Tanto guarda mensagem como envia
Os robôs usam chip e bateria
E videogame é brinquedo de pivete
E o planeta movido a internet
É escravo da tecnologia

Cibernética na prática e no papel
Deixa os seres online e ganham IBOPE
Com Word tem Palm e laptop
E ainda mais PowerPoint e Excel
É possível quem mora em Israel
Pelo Messenger teclar com a Bahia
Se os autômatos ganharem rebeldia
Tenho medo que a máquina nos delete
O planeta movido a internet
É escravo da tecnologia

Pra prever terremotos e tufões
Os sismógrafos têm números numa escala
E o trem-bala é veloz como uma bala
Numa linha arrastando dez vagões
No Japão e na China as construções
Já suportam tremor e ventania
Torre, ponte, edifício, rodovia
São perfeitos do jeito da maquete
E o planeta movido a internet
É escravo da tecnologia

Nosso pouso na lua foi suave,
Um robô foi a Marte e se deu bem
Estão querendo ir ao Sol, mas o Sol tem
De calor um problema muito grave
Mas a NASA não tem espaçonave
Que suporte essa carga de energia,
Se for feita de fibra, se desfia,
E de alumínio o monstrengo se derrete
O planeta movido a internet
É escravo da tecnologia


Motorola trocou técnica e conselho,
Nokia e Siemens galgaram patamares
Já estão fora de moda os celulares
que têm câmera e visor infravermelho
Reduzindo o tamanho de aparelho,
A Pantech fez mais do que devia
Que a memória de um chip não podia
ser mais grossa que a lâmina de um Gillete
E o planeta movido a internet
É escravo da tecnologia                                
           
Hoje a Bombardier não fere as leis
e a Embraer mãe de Sênecas e Tucanos
Invísivel aos radares há dois anos,
já existe avião que a Sukhoi fez
É da Nasa o XA-43
que voando tem mais autonomia
Um piloto automático opera e guia
O Airbus e o 747
O planeta movido a internet
É escravo da tecnologia