EU NÃO VOU DEVOLVER NÃO
Minha resposta aos versos do amigo e poeta Paulo Rabelo “Devolva meu violão” que quer que eu entregue um violão que já não lhe pertence... E aos comentários dos amigos e poetas, Josa Rabelo e Jânio Leite que demonstraram claramente em versos de que lado estavam.
Nunca pensei que meu ato
Fosse causar confusão;
Não sei... Mas sei que de fato
Me apossei-me do violão,
Instrumento afinadinho
O braço e o tampo de pinho
Com um verniz bem reluzente,
Tarraxas, trastes, “carbono”,
Reflexo de que o ex-dono
Zelou cuidadosamente.
Aconteceu de repente
Veio em mim aquele alento,
Quando fiquei frente a frente
Daquele belo instrumento;
Comecei a o dedilhar,
Percebi que o meu cantar
Em seus tons se entrelaçava;
Não sei se sorte ou destino
Só sei que desde menino
Era o som que eu procurava.
Foi mais forte quando estava
Lá em riacho do meio;
Eu tocava, ele externava
Paixão no mais puro enleio,
Sentimentos afloravam,
Poetas se inspiravam,
Mote, tema, rima e glosa;
Cid, Fred, Aldo e Dió
Felipe, Jânio... E que dó
O ex dono e o irmão Josa.
Por isso caro poeta
Eu não vou devolver não,
A turma será seleta
Pra tocar no violão,
Com certeza um rol de artistas
Cantadores, repentistas,
Nos bares, casas, nas ruas;
Também “bebuns”, mau condutas
Doidos, cegos, prostitutas
Já feriram as cordas suas.
Eu vou cuidar desse pinho
Como uma mãe do seu filho,
Com esmero, zelo e carinho
E ofuscar mais o seu brilho;
Gostei desse violão,
Eu não vou devolver não
Nem adianta implorar;
Poeta Paulo Rabelo
Quando quiseres revê-lo,
Sabes onde me encontrar... Rssssss
( Hércules Nunes)
Eu não vou devolver não
Faço birra e bato o pé,
Quer de volta o violão!