JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

DIA DA SAUDADE!!!!

HOJE É O DIA DA SAUDADE

Antônio Pereira de Morais, o poeta da saudade, nasceu a 13 de novembro de 1891, no sítio Jatobá, hoje município de Itapetim. Morreu em 07 de novembro de 1982, na mesma cidade.
Violeiro e poeta popular, ele mal assinava o nome e nunca fez da arte a sua profissão, tendo sobrevivido como modesto agricultor.
SAUDADE
Antonio Pereira

Saudade depois de morta
Inda nasce eu dou a prova,
Quem duvidar plante e faça
Um fogo em cima da cova
E com três dias vá vê
Se a saudade não renova.

Quando nos vê a cauã
Cantar seis horas da tarde,
Em cima de um alto monte,
Triste que faz piedade,
Já está cantando, coitada,
Pra não morrer de saudade.

Saudade é como cobreiro
Desses que dão na cintura,
Saudade é como lanceta
No peito da criatura,
Tocou no cume se corta
Tocou na ponta se fura.

Saudade é como a resina,
No amor de quem padece,
O pau que resina muito
Quando não morre adoece,
É como quem tem saudade
Não morre, mas não esquece.

Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem destorcendo num sai.

Um grito triste, à tardinha
Toda montanha estremece,
Todo passado renova,
Toda saudade aparece,
O velho abaixa a cabeça,
Fica triste, a lágrima desce.

Saudade tem cinco fios
Puxando a eletricidade,
Um na alma, outro no peito,
Um amor, outro amizade,
O derradeiro a lembrança
Dos dias da mocidade.

Quem quiser plantar saudade,
Primeiro escalde a semente,
Depois plante em lugar seco
Onde bata o sol mais quente,
Pois se plantar no molhado
Quando nascer mata gente.

Adão me deu dez saudades
Eu lhe disse: muito bem!
Dê nove, fique com uma
Que todas não lhe convêm.
Mas eu caí na besteira,
Não reparti com ninguém.

Saudade é a borboleta,
Que não conhece a idade.
Voando, vai lá, vem cá,
Misteriosa, à vontade.
Soltando pelo das asas,
Cegando a humanidade.
 
Ismael Gaião