JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ZÉ VIOLA E DIOMEDES MARIANO

Zé Viola e Diomedes Mariano em Quixaba

Os poetas Diomedes Mariano e Zé Viola estiveram se apresentando segunda-feira, 24, em uma cantoria promovida pelo Pinheirão Dance, na cidade de Quixaba. Apesar das fortes chuvas, um bom número de pessoas prestigiou a cantoria. O afogadense Diomedes Mariano é considerado um dos grandes nomes do repente da atualidade e um dos mais respeitados ícones da nossa cultura.
do blog de Itamar

POEMA DE DIOMEDES MARIANO

RIO PAJEÚ

Nosso pajeú querido
Rio dos mais respeitados
Que quando cheio espelhava
O rosto de afogados
Quem foste tu? Quem tu és?
Foste um dos fortes pajés
Impondo enorme respeito
E és hoje um índio cansado
Tendo um sentimento ilhado
Na solidão do teu leito

Não conto as vezes que eu vi
Tua garganta bradando
E a tua água barrenta
Descer nos desafiando
Espumas amareladas
Brutalmente carregadas
Pela braveza da enchente
E os remansos como potros
Dando empurrões uns nos outros
Querendo chegar na frente

Quantas barreiras quebrastes
Ao longo dos anos teus
Quando acolhias as águas
Vindas das “latas” de Deus
Quanta vazante dormia
Sob o liquido que descia
Pulsando na tua veia
Em busca do oceano
E a gente passava um ano
Pra ver de novo a areia

Lembro Pajeú querido
O teu passado exemplar
Quando um poeta cantou
Teu trajeto rumo ao mar
Inspirastes cantadores
E aos olhos dos pescadores
Assombração e ciúme
A tua enchente causava
E o Chico se encarregava
De transportar teu volume

Quantas crianças nadavam
Nas margens das águas tuas
Quantas vezes revoltado
Invadiste algumas ruas
Logo depois que invadias
Arrependido tu ias
Recuando de mansinho
Assumindo as próprias culpas
Como quem pede desculpas
Por ter errado o caminho


E hoje velho cacique
Estais muito diferente
Como um guerreiro ferido
Pela tua própria gente
Por onde a água correu
A baronesa cresceu
A fedentina aumentou
Com isto a poluição
Por ter te pego à traição
Veio pra luta e ganhou

E hoje acumulam lixo
Como mato, arame e fio
Estão vomitando esgotos
Na boca do pobre rio
Que se encontra transformado
Tanto entulho acumulado
Por onde o líquido correu
Vamos salvar nosso irmão
Que está de vela na mão
Mas ainda não morreu

Já é hora de fazermos
Uma limpeza em geral
Pra devolvermos ao rio
A beleza natural
Conservá-lo por inteiro
Torná-lo velho guerreiro
Que atualmente não é
Cartão postal de Afogados
E nós orgulhosos curvados
Ao pés do nosso Pajé. (bis)

(Diomedes Mariano) 

POSTADO POR JOSA RABÊLO