JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 19 de junho de 2011

FRASE DA SEMANA

Daqui a alguns anos estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Solte as amarras! Afaste-se do porto seguro! Agarre o vento em suas velas! Explore! Sonhe! Descubra! (Mark Twain)

SEMANA DOS POETAS (COLETÂNEA DE VERSOS)

Passa a brisa de leve o chão bafeja
Deixa a terra bastante perfumada
Bate a água na telha compassada
Como o sino tocando na igreja
Se transforma a paisagem sertaneja
Com o mato depois de enfolhado
Parecendo um quadro desenhado
Que Deus fez sem triscar nem com a mão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
(ALDO NEVES)

Pra ir, eu fui arrastado
Qual bode pra dentro d'água
Mas pra voltar foi sem mágoa
Feito borrego enjeitado
Que já vive acostumado
A ser tratado na mão
Pra ir, fui no empurrão
Pra voltar, fui cabresteiro
"Voltei pra sentir o cheiro
Das terras do meu sertão".

Como fumante passivo
Do gás carbônico em excesso
Apressei o meu regresso
Pra ver se chegava vivo
Vim fazer um curativo
Na dor da separação
Sentir o bafo do chão
E tirar "enxu verdadeiro"
"Voltei pra sentir o cheiro
Das terras do meu sertão".
(ZÉ ADALBERTO)

NO MOMENTO DO ADEUS DA DESPEDIDA
NA CERTEZA QUE A ÍDA NÃO TEM VOLTA
É TRISTEZA, É DOR, É SÓ REVOLTA
NÃO TEM HORA PIOR QUE A DA PARTIDA
JÁ A VOLTA, RENOVA A NOSSA VIDA!
FAZ O CHORO DE VEZ FICAR CALADO
TENDO CHORO? É CHORO EMOCIONADO
DE FELIZ, TENDO A VOLTA DO CALOR
UMA DOR PARTILHADA É MEIA DOR
PARTILHAR ALEGRIA É RIR DOBRADO!
(RAPHAEL MOURA)

Vejo com grande tristeza
Que a fome ainda impera
Muitos moram em tapera
Vivem na maior “dureza”
Suas “partes”, com certeza!
Estão nas mãos dos “maiorais”
Que sugam os pobres mortais
Num vendaval aloprado!
Está com o fundo rasgado
O saco do querer mais.
(LEAL RODRIGUES)


Meu passado foi bem aproveitado
Tive força, vigor e sensatez...
Eu contava feliz a cada mês
Doze moças que havia namorado.
Hoje em dia ninguém vejo ao meu lado,
Meu futuro ficou sem direção.
Quando vem essa tal recordação
Eu suspiro dizendo com saudade:
“Se pudesse eu comprava a mocidade
Nem que fosse pagando à prestação”.
(FELIPE JR)


Oh meu Deus após essa vida inteira,
renascendo eu não quero ser chique,
o berço só uma casa de pau-a-pique,
por obstreta eu quero uma parteira.
por ambulância, uma burra pantinzeira,
por leite em pó, quero caldo de feijão.
na hora do parto, em vez de cirurgião,
uma benzedeira, mulher de camponês.
Ou meu Deus se eu nascer outra vez,
eu te peço me mande pro sertão.
(ABEL ARAÚJO)

Este ano o nordeste está chovido
Açudes e rios, todos cheios,
A Chuva dissolveu os aperreios
devolvendo ao campo o colorido,
O lombo do serrote está florido
E o baixio parece um tapetão,
No café de manhã tem requeijão
Pra matar a vontade de menino,
Se tiver por aqui um nordestino
Vai chorar com saudade do sertão.
(PEDRO FERNANDES)

"No sertão tem vaqueiro que dar grito
No boiato correndo lá na serra
No curral, tem uma cabra que berra
Porque quer amamentar seu cabrito
A natura faz um filme tão bonito
Como mãe generosa e protetora
A maior e melhor das genitora
Que faz tudo e não cobra um tostão
Valorize a cultura do sertão,
Feche as portas da mídia enganadora"
(JANIO LEITE)

Fui rever a minha primeira escola
Onde eu aprendi o alfabeto
Num recando estava o projeto
Da carteira que pús minha sacola
Na cantina encontrei a caçarola
Toda suja de tisna no fogão
Recordei do cuscuz e o do baião
O mingau que tomava feito papa
VEIO O VENTO DA NOITE E DEU UM TAPA
BEM NA CARA DA MINHA SOLIDÃO.
(LACY CHAVES) 



Eu achei a morada d’uma rata

D’uma pancada que dei ela correu

Dos ratinhos que tinha um morreu

Ela foi, ocultou-se pela mata.

Disse eu: de matar ninguém empata

Quem lhe salve da morte aqui não tem

Mas lembrei-me que era pai também

Resolvi lhe deixar na Santa Paz

E jurei a meu Deus que nunca mais

Judiava com filho de ninguém
(MARQUINHOS DA SERRINHA)

Me criei com cuzcuz e leite quente,
Jerimum de fazenda e melancia.
Com seis anos de idade eu já sabia
Quantas rimas se usava num repente.
Fui nascido nas mãos da assistente,
Na ausência dos olhos do doutor.
Mamãe nunca fez sexo sem amor,
Papai nunca abriu mão do seu direito.
Obrigado meu Deus por ter me feito
Nordestino, poeta e cantador.

(JOÃO PARAIBANO)



Como posso esquecer as madrugadas
Nas moagens de cana nos engenhos
Tantas lutas, fadigas e empenhos
Das debulhas de milho nas latadas
Das bonitas manhãs ensolaradas
Adjuntos nas limpas de algodão
Buscas d’água num poço com galão
Almoçar feijão-verde com torresmo
Quem viveu essas coisas? Fui eu mesmo!
Nos meus anos de ouro no Sertão.
(BRÁZ IVAN)

Cante um forró de Azulão,
Walmir Silva ou Capilé,
Relembre Flávio José
Ou Elino Julião.
Interprete Gonzagão,
Cante um pouco de Alcymar,
Cante Geraldo, Elomar,
Alceu, Xangai ou Jacinto.
Poeta cante o que eu sinto
Que eu sinto e não sei cantar.
(WELLIGTON VICENTE)

Andar atrás do pecado
de carona no desejo,
usando a força do beijo
como alimento sagrado.
Se sentir enfeitiçado
por um olhar atraente,
um decote saliente,
uma mão boba no ar,
o risco de apaixonar
eu nunca tiro da mente.
(MARCOS MAIA)

Na conta da tua vida
Pinta um quadro bonito
Com o pincel da amizade
E no que mais acredito
Que a tinta da poesia
Pinta traços de alegria
No painel do infinito!
(JOSA RABÊLO) 

Um espírito de luz incandescente
De um saber muito mais que literário
Todo dia rasgava o calendário
Com a força imortal de seu repente
Se bebesse cem doses de aguardente
Não tombava pra trás e nem pendia
Quase tudo na vida ele sabia
Tinha o censo de um “adivinhão”
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia.
(FELIZARDO MOURA/LUIS HOMERO)

Sou rolo compressor desgovernado
Libanês dirigindo um carro-bomba
Sou uns 300 quilos de maromba
Despencando do braço levantado
Sou carrasco esperando um condenado
Sou a queda fatal da guilhotina
Metralhada cruel de uma chacina
Marretada no dedo polegar
Eu sou o fósforo acesso pra fumar
Que explodiu o tambor de gasolina.

(JESSIER QUIRINO)