JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 25 de agosto de 2013

POETA DA SEMANA



MEU TESTAMENTO, DO GRANDE MANOEL FILÓ

http://www.luizberto.com/na-cacimba-da-poesia-luciano-pedrosa/meu-testamento-do-grande-manoel-filo


Manoel Filó
 

Quando o sertão vira poesia

O sopro da ventania
Torce a calda do novilho
O pelo de um gato preto
Começa a perder o brilho
Depois de ter se coçado
Num caco de torrar milho.
Quando falta a companheira
Na vida d'um passarinho
Ele busca um pau bem alto
Para construir seu ninho
Devido ser menos triste
Para quem vive sozinho.
Da meia noite em diante
Ninguém mais sabe meu giro
Eu começo gaguejando
Porém depois que me inspiro
Tenho a grandeza do tato
De um cego jogando firo.
                  Manoel Filó 


Êita gôta!
por Jorge Filó

Falar de Manoel Filo é hoje um misto de alegria, pela lembrança sadia a qual ele sempre nos remete, e do sentimento imperativo da ausência irreversível, que as vezes chega a doer que só uma ferroada dum cavalo-do-cão, que, segundo ele, em uma de suas magníficas comparações, o cabra tem que sair atrás dum canto pra se lavar depois da ferroada.
No mês em que completa um ano de sua derradeira viagem terrena – aos 21 dias do mês de agosto de 2005, numa fatídica madrugada de um domingo cinzento em São Jose do Egito, estando sepultado em Tuparetama, cidade vizinha, também na região do Pajeu – as homenagens se sucedem por todos os cantos por onde o poeta passou e edificou amizades infindáveis.
Embora a Internet seja um campo virtual, distante de sua realidade sertaneja, o poeta já tinha suas passagens em menções de amigos, poetas e artistas que sempre o admiraram. Este mês o site INTERPOÉTICA, dos amigos Cida Pedrosa e Sennor Ramos, dá a sua, justa e bela, contribuição para a eternização do grande mestre que foi Manoel Filomeno de Menezes, Manoel Filó, Manoel Filósofo. De quem tenho o maior orgulho de ser filho! Obrigado a todos!!!
Estes versos escrevi especialmente para publicação de seu livro "As Curvas do Meu Caminho", publicado em 2003.
GENEALOGIA
O poeta já nasce destinado

Desde a hora de sua geração
Cada veia que sai do coração
É um verso a pulsar acelerado
Pela deusa da musa é coroado
Do castelo dos sonhos é o rei
Tudo quanto improvisa vira lei
Quando quer, tudo pode, tudo cria
Trago o gen imortal da poesia
Pela força do sangue que herdei.

Aprendi com meu grande professor

Que o xexéu o piston a tarde emuda
Que no mundo não há quem não se iluda
No caminho de pedras do amor
Aprendi os segredos que há na flor
E que tudo na vida quanto sei
Foi porque minha vida eu debrucei
Pra melhor entender FiloSOFIA
Trago o gen imortal da poesia
Pela força do sangue que herdei.



DE CORPO PRESENTE
por Ésio Rafael

Não é possível dizer, até agora, que estamos órfãos de Manoel Filó. Nem reclamamos de sua ausência, pois, desde o seu sepultamento na cidade de Tuparetama, pajeú pernambucano, há um ano, no percurso do cemitério, que nunca se viu coisa igual.
Cada acompanhante segurava uma lágrima rasa, oscilante, entre os olhos e a garganta. Engolia seco, na medida em que desfiava uma história, um verso, uma prosa ou uma "cunha" que Mané teria colocado como complemento de uma piada que alguém lhe contara. Foi uma celebração à maneira Filó, caso fosse ele o acompanhante (risos e lágrimas).
Agora mesmo ri, ao me lembrar de uma visita que ele me fez, acompanhado do poeta Jorge, seu filho. É que o "meu vizinho de lado" tem um cachorro, invocado, "mordido". Por isso, há uma placa de advertência no portão: "CUIDADO COM O CÃO". Ao descer do carro Manoel me chamou e disse:
-Grapiúna, esse negócio ta escrito errado! Cuidado com VOCÊ, se não o cão lhe morde...
Falar nisso, Mané, já te deparasse com Heleno "cai cai"? Me conta, pode ser um sonho...
Por diferentes abrigos

Contrariado ando eu
Explorando os meus amigos
Vendendo o que Deus me deu

Num terreno acidentado

Deus passa devagarinho
Amaciando um cajado
Nas curvas do meu caminho

                       Manoel Filó

 

MANOEL FILÓ
por Zelito Nunes

"Cantar devia ter sido

Minha primitiva escola
Ter os dedos calejados
Dos arames da viola
Cantar como o xexéu preto
Na solidão da gaiola"

Manoel Filomeno de Menezes, Manoel Filó, nasceu no dia 13/10/1930, na fazenda Taboado no então município de Afogados da Ingazeira. O Taboado situa-se a uns cinco quilômetros do povoado de Jabitacá, contemplando a serra da Carnaíba que faz fronteira com a Paraíba e na época era propriedade de Chico Cazuza e dona Mariquinha que era tia do poeta.
Mariquinha era irmã de Tereza Maria de Jesus mãe de Manoel e mãe do também poeta Heleno Rafael, "Heleno de Tia Mariquinha" como carinhosamente nós o chamávamos. Maria de Jesus visitava a irmã, quando foi acudida nas dores do parto, quando veio ao mundo o poeta Manoel que foi mais um dentre os doze que viriam. Ainda criança foi morar com os pais o poeta José Filó e dona Tereza, no pequeno ainda hoje, povoado de Mundo Novo, um lugar de várzeas e riachos fecundos, perdido entre os municípios de Ouro Velho na Paraíba e São José do Egito, em Pernambuco. Poeta por vocação e cigano por instinto, Manoel passou a vida se mudando, tendo morado dentre outras cidades, em São Paulo, Recife, Paulo Afonso, Monteiro e Arcoverde, (havia se mudado há três meses, para a cidade-mãe da poesia, o seu porto mais seguro, São José do Egito). Foi empresário bem sucedido no ramo de autopeças, mas a sua natureza de poeta, não lhe permitia conviver com o espírito do lucro, vivia distribuindo o que juntava, com os mais necessitados ou não, por isso a sua vida foi toda de altos e baixos até o fim quando partiu levando somente uma alma de cara limpa, as mãos vazias e um coração pleno de bondade e poesia. Não foi um grande cantador por que não quis, (seguramente por uma questão de generosidade, para não ofuscar o brilho dos companheiros). São da sua lavra, dentre muitos outros:
Respondendo a uma "deixa" de Job Patriota:
Job:
"inseto tem feito coisas

que a gente às vezes estranha"

Filó:
"No sertão tem uma aranha

De uma qualidade escassa
Que tapa a sua morada
Com lã da cor de fumaça
O tecido é tão perfeito
Que a chuva bate e não passa".

Com Manoel Chudu:
Chudu:
"Essa morena é bonita

Como a flor da açucena"

Filó:
"O corpo dessa morena

É macio igual a fuba
Tem a beleza tocante
Do leque da carnaúba
Cheirosa igualmente à pinha
Que o papa-sebo derruba"

O padre Assis, um italiano radicado há muitos anos no Pajeú, grande admirador dos poetas populares e hoje vigário de Tabira, segundo o poeta e seu velho companheiro, Zé de Cazuza, costumava chamá-lo sabiamente de "Manoel Filósofo". Quem contestaria?
"Não me vem pelo desejo

Tudo aquilo que espero
Não quero as coisas que vejo
Não tenho as coisas que quero"

O poeta na sua bondade e grandeza, soube como poucos, transitar no meio dos jovens e generosamente passar para eles os seus ensinamentos. A sua convivência com os mais novos, produziu bons frutos e deixa herdeiros que não fariam vergonha ao mestre, dentre outros, estão: Jorge Filó, seu filho, poeta e cordelista, autor do excelente livro/cordel, A IGREJA DO DIABO. José Paes de Lira Filho - Lirinha do CORDEL DO FOGO ENCANTADO. Felizardo Moura - POETA E APRESENTADOR de festivais de cantoria e seu companheiro mais constante. Antônio Marinho do Nascimento - poeta declamador e autor do livro de poesias, NASCIMENTO.


Dom Manoel - O Venturoso
por Maurício Tadeu de Menezes Torres

O dia amanhece serenamente, sobre as brisas afáveis da fresca manhã, Dom Manoel se prepara para mais uma jornada. Seus fiéis súditos, embevecidos de honra pelo soberano exemplar, auxiliam-no solenemente, num misto de melancolia e felicidade de espírito.
Não há como mudar este ciclo. Dom Manoel parte e retorna com a naturalidade das estações do ano. Nos períodos em que nos felicita com sua generosidade presença, a benevolência altiva de sua aura dissemina-se, envolvendo a todos com a complacência que lhe é infinitamente peculiar. Nos seus caminhos infindáveis, por vezes tranqüilos e por muitas outras coroados de percalços, ele segue estóico, irredutível na missão de semear o bem.
Em muitas paragens o sábio viandante confunde-se involuntariamente com os entes comuns, ocultando a grandeza de sua alma superior. Mas o rei-poeta detem inspiração admirável, nos presenteando com versejos de trovador; com estrofes de bardo único.
Abnegado a pomposos palácios, Dom Manoel atua no reino da simplicidade, edificando somente um potentoso castelo de admiração. E mesmo quando um dos seus requer uma intervenção por errônea conduta, ele o orienta com sábias admoestações, condenando espontaneamente a arrogância dos colossos de pés de barro.
Hoje chega sereno à maturidade rodeado de escudeiros irradiando alegrias por sua bela história. Muitos caminhos ainda hão de vir, e por esses caminhos seguirá Dom Manoel - o venturoso - cavaleiro da placidez, Dom Quixote da clarividência...


Orlando Tejo, Jorge Filó e Manoel Filó


JORGE FILÓ é poeta e filho de Manoel Filó
ÉSIO RAFAEL é poeta e estudioso da cultura popular
ZELITO NUNES é poeta e estudioso da cultura popular
MAURÍCIO TADEU DE MENEZES TORRES é poeta e sobrinho de Manoel Filó

A página INTERPOÉTICA, no mês de agosto de 2006, quando fez um ano da morte do mestre Manoel Filó, dedicou sua seção de homenagem, FIGURA DA VEZ, ao poeta sertanejo, que cantou suas origens e que merece ser reconhecido como um dos grandes poetas da nossa terra. Manoel Filó: Presente!

Cantador pra enfrentar Manoel Filó
É preciso comer besouro assado
Dar pancadas com o gume do machado
Num angico que tem um sanharó
Se enrolar com uma cobra de cipó
Dar um chute num cão com hidrofobia
Mastigar na cabeça de uma jia
Se subir num coqueiro catolé
Se montar em Inácio Jacaré
E viajar três semanas pra Bahia.



Quando o sertão vira poesia

O sopro da ventania
Torce a calda do novilho
O pelo de um gato preto
Começa a perder o brilho
Depois de ter se coçado
Num caco de torrar milho.
Quando falta a companheira
Na vida d'um passarinho
Ele busca um pau bem alto
Para construir seu ninho
Devido ser menos triste
Para quem vive sozinho.
Da meia noite em diante
Ninguém mais sabe meu giro
Eu começo gaguejando
Porém depois que me inspiro
Tenho a grandeza do tato
De um cego jogando firo.
                  Manoel Filó 


FILME DA SEMANA

AS SANDÁLIAS DO PESCADOR

  • Sinopse
    Todos os olhos fitam o Vaticano, aguardando a fumaça branca que comunica a eleição do novo Papa. O novo pontífice é a única pessoa capaz de trazer paz ao mundo ameaçado por uma guerra nuclear. Adaptado a partir do best seller de Morris L. West, o filme é, ao mesmo tempo, uma história sobre a atual intriga geopolítica e sobre os bastidores do Vaticano. Anthony Quinn interpreta um político russo recém-liberto do cativeiro que é indicado para ser o Papa Kiril Lakota. Produção indicada para dois Oscar® e ganhadora do Globo de Ouro pela trilha sonora criada por Alex North.

FRASE DA SEMANA

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento".
(Machado de Assis)

RECEITA DA SEMANA

RECEITA DE EISBEIN

Por Editora Emporium de Ideias   
Foto: Ed. Emporium de ideias
Ingredientes
  • 4 joelhos de porco
  • 1 colher (sopa) de sal
  • 2 colheres (sopa) de páprica
  • 1 pitada de pimenta do reino
  • 3 folhas de louro
  • 3 colheres (sopa) de cheiro verde
  • 3 dentes de alho cortados ao meio
  • 3 cebolas grandes cortadas em quatro
Modo de preparo
  • Em uma panela, coloque todos os ingredientes, cubra com água e tampe.
  • Leve ao fogo alto, deixe ferver, abaixe o fogo.
  • Cozinhe até a carne ficar bem macia, juntando mais água quente, se for necessário e tire do fogo.
  • Coloque os joelhos de porco bem quentes em pratos individuais.
  • Regue com um pouco do molho e leve imediatamente à mesa.
Rendimento: 4 porções
Dificuldade: média
Tempo de preparo: 2 horas (mais 1 hora e 30 minutos de descanso)


Fonte: Comida e Receitas - http://www.comidaereceitas.com.br/carnes/eisbein.html#ixzz2cyYpTz3Q

domingo, 18 de agosto de 2013

POETA DA SEMANA

Poeta popular Chico Pedrosa
* * *
O GUARDA ABILOLADO

Doutor, eu tenho razão, De ser abilolado, Venho do tempo marcado Por seca e revolução. Quando eu tinha ano e meio, Escapei de um tiroteio, De meu pai, na bolandeira. Se meu pai ganhou, eu não sei E também nunca perguntei, Nem, sequer, por brincadeira.

Vim conhecer a cidade, Quando votei pra prefeito E, por sinal, ele foi eleito, E, para minha felicidade, Ele me deu um emprego: Me entregou uma farda, Um capote, um coturno, Um capacete envernizado, Um apito enferrujado, Eu fui ser guarda noturno.

Passeava as noites inteiras, Apitando na cidade, Escola, igreja, cinema, Mercado e maternidade. Nas noites frias do inverno, Eu usava um velho terno, Umas meias de crochê, Bebia quatro cachaças, Dava três voltas na praça E corria pro cabaré.

Lá existia de tudo: Discursão, briga, lorota, Um contava aventura, Outro pagava uma meiota; Quando um bêbado se zangava, Eu ia lá e ajeitava. O bêbado ficava manso, Pagava pra mim uma bebida Eu dava um apito e saía, Na velha ginga de ganso.

Até que um dia o prefeito, Fez uma reunião E nela perguntou aos guardas: - Querem aumento ou promoção? Antes de fechar a boca, Eu gritei com voz rouca: - Quero promoção seu Zé! Disse ele tá garantido, Aprovado e promovido, No maior posto que houver.

Me deu uma farda nova, florada, Quem nem chita enfeitada, De galão, estrela, medalha e fita, Broche, botão e alfinete; Trocou meu velho cacetete Por um novo profissional, E me disse: de hoje em diante, Você é comandante, De Guarda Municipal.

Pois três meses depois, Veio a guerra mundial E, nesse tempo, uma irmã minha Tava morando em Natal. Eu fui visitá-la; Botei a farda na mala, Passei o cargo a Raimundo Que era quase um irmão. Peguei o trem na estação, E me intupigaitei no mundo.

Que lugar longe da gota. Quase o trem não chegava mais; Tinha hora que pensava Que ele tava andando pra trás. Entre solavancos e berros, O velho embuá de ferro, Viajou a noite inteira, E de manhã cedo, chegou Deu um apito e parou Na estação da Ribeira.

Desembarquei e fiquei Perdido na multidão. Quando eu puxava uma conversa Ninguém me dava atenção. Quando mais bom dia dava, Mais o povo se abusava, Talvez me achando chato. Era um povo diferente, Da qualidade da gente, Das cidadinhas do mato.

Perguntei a mais de mil, Se eles davam notícia De Carmelita de Sousa, Uma cabocla mestiça, Mulher do guarda Pompeu, Mais morena do que eu E de cabelo meio ruim, Que morava na Ari Parreira, Que fica perto da feira No bairro do Alecrim.

Depois de tanta pergunta, Depois de ouvir tanto não, Me apareceu Carmelita, No pátio da Estação, Toda cheia de finesses, Puxando nos Rs e Ss Que nem mulher de doutor, Nem parecia a matuta, Que lavrou a terra bruta, No Sertão do interior.

Mesmo assim me recebeu, Na sua casa modesta, Os primeiros cinco dias, Para nós foram de festa. Quando o sexto dia veio, Resolvi dar um passeio. Mandei engomar a farda, Me banhei, tirei o grude, Me preparei como pude, Para ter um dia de glória.

Passei o resto da tarde, Sentado num tamborete, Pregando estrelas, galões, Broche, alfinete, botões, Comprei mais uns acessórios, Enfeitei o suspensório, Feito de sola curtida. De manhã cedo me vesti, Tomei café e sai, Dando risada da vida.

Na praça Gentil Ferreira, Onde tinha um mercado, Eu parei para tomar fôlego, Quando passava um soldado E fez continência para mim. Eu fiquei pensando assim: Que danado ele viu neu, Na certa ta me confundindo, Ou me achando parecido, Com algum colega seu.

E haja passar soldado, Fazendo assim com a mão. Daqui a pouco era sargento, Coronel, capitão, cabo, Tenente, major E todo o estado maior, Dos quartéis da redondeza Cumprimentavam-me ali Até hoje nunca vi Tamanha delicadeza.

Desfilaram tanques de guerra, Aviões em vôo rasantes, Sirenes tocaram mais fortes, Canhões dispararam distantes. Um praça do Coronel, Puxou do bolso um papel, Onde tinha um letreiro Que dizia: – Nossa terra Tem um espião de guerra, Que chegou do estrangeiro.

Não quis falar com ninguém, Não pergunta e nem responde, Ninguém sabe de onde vem, Ninguém sabe onde se esconde. A sua farda é de cor de ameixa, A impressão que nos deixa, É que é um grande guerreiro, Filho de outra nação, Ou um perigoso espião, Das guerras do estrangeiro.

Vamos levá-lo ao quartel, Para uma averiguação, Pois precisamos saber, De onde veio esse espião. Em seguida me levaram Ao quartel e me entregaram Ao Comandante Geral Que, quando me viu fardado, Perguntou meio assustado: - Que tá fazendo em Natal?

Donde diabo é essa farda? Faça o favor de informar, E como se chama a nação Que usa uniforme diferente? E quem lhe deu tanta patente? A troco não sei de que. E porque Vossa Excelência Não responde as continências, Afinal, quem é você?

Coronel, eu sou Zé Carrapeta, Sou filho do Cariri. Não sei fazer continência, Pra gente que nunca vi. Porém, nunca fui intruso E, acredite, eu só uso Esse quepe de biriba, Essa farda e esse coturno, Porque sou Guarda Noturno, Em Sapé, na Paraíba.
 * * *
ASTÚCIA DE CABOCLO

Matuto briga com onça Pantera preta ferida Hiena, leoa choca Cachorra doida parida Até mesmo candidato Falso mentiroso e chato Quando num palanque berra Ele é capaz de aguentar Mas quer ver ele afrouxar O convoque para a guerra

Ainda hoje tem veio Perdido dentro da serra Somente porque um dia Sonhou que ia pra guerra Ninguém conta as agressões Das automutilações Feitas propositalmente Até hoje no sertão Faltando dedo de mão Tem um punhado de gente

Enquanto houver mutilado Lembrando o que encarou A segunda grande guerra Ainda não acabou Aquela coisa terrível Causou um estrago horrível No seio da humanidade Valentão com medo dela Perdeu pra não ir pra ela Muita preciosidade

O caboclo Zé Cangalha Lá da nossa freguesia Andava a cima e a baixo Arrotando valentia Certo dia recebeu Uma carta, e quando leu Mudou de cor e feição Tremeu, chorou, ficou mudo Quando viu que o conteúdo Era uma convocação

Tava escrito no papel Venha se apresentar No dia vinte as dez horas No comando militar Para ser examinado O senhor foi convocado Pra ser nosso companheiro Caso não esteja tísico Nem porte defeito físico Vai brigar no estrangeiro

O matuto desabou Depois que leu a mensagem Antes do dia marcado Fez uma grande bobagem Na quentura dum ferrolho Crestou a íris do olho Que o cristalino azulou E depois do ato impensado Ficou tão aliviado Que até comemorou

Quando chegou o momento Dele se apresentar Vestiu-se da melhor roupa Que tinha pra passear Pôs no bolso o documento Selou o velho jumento Seu companheiro fiel E assim que a barra surgiu Montou no jegue e partiu Em procura do quartel

Crente na estupidez Que praticara outro dia Partiu levando a certeza Que para a guerra não ia O olho inutilizado Carimbava o atestado Da sua incapacidade Entre mil divagações Entrava o nosso Camões Na sonolenta cidade

Na pracinha da matriz Zé Cangalha desmontou Na melhor sombra que tinha O seu jumento deixou E seguiu para o quartel Lá, entregou o papel Mandaram ele aguardar E quando chegou sua vez Um guarda nada cortes Mandou o acompanhar

Até a sala, onde um médico   
Assim que o avistou Ensaiando um ar de riso De onde estava falou Eu não sei porquê Você foi convocado
  Porque pra ser soldado não dar O senhor tá dispensado Tá livre e desconvocado Nem precisava vir cá
O nosso herói quando ouviu A sentença a seu favor   
Sentiu-se tão confiante Que perguntou, ô Doutor É porque me falta um olho Não sabia que caolho Não podia guerrear O doutor respondeu não Por favor, preste atenção Escute o que eu vou falar
Você tá muito enganado   

Pelo olho você ia O olho cego é que é bom Pra se fazer pontaria E depois dum fogo cerrado Olhar se tá empenado O cano da escopeta Que parou de atirar Eu só vou lhe dispensar Porque você é zambeta

FONTE: BLOG DA BESTA FUBANA

FRASE DA SEMANA

Carregue dentro si apenas o bem. O amor, a bondade e a paz são sempre boas companhias. (Autor Desconhecido)

RECEITA DA SEMANA

Receita de Bisteca de Porco com Maçã

Bisteca de Porco com Maçã
Tempo de preparo: 30 minutos
Rendimento: 4 porções
Dificuldade: fácil

Ingredientes da Receita de Bisteca de Porco com Maçã

4 bistecas de porco com 2,5 cm de espessura
1/2 colher (chá) de sal
4 dentes de alho amassados
Alecrim e pimenta-do-reino a gosto
1 colher sopa de azeite
2 maçãs verdes sem casca e sem sementes, cortadas em gomos
1/2 xícara (chá) de água

Como Fazer Bisteca de Porco com Maçã

Modo de Preparo:
Tempere as bistecas com o sal, o alho e a pimenta. Deixe descansar por uma hora. Polvilhe o alecrim.
Aqueça o azeite na panela de pressão, ao fogo médio e frite as bistecas por cinco minutos de cada lado ou até dourarem.
Junte as maçãs e doure por dois minutos.
Acrescente a água, tampe e abaixe o fogo.
Deixe ferver e cozinhe por dez minutos.
Apague o fogo e deixe sair toda pressão.
Abra a panela e verifique se a carne está macia.
Se precisar cozinhe mais um pouco.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

POETAS DA SEMANA

AO MEU FILHO DANNILO DE LIMA RABELO (IN-MEMORIAN)
(*1512-1996 + 12-08-2012)

AUSÊNCIA PRESENTE

UM ANO MEU FILHO, SEM TUA PRESENÇA
E A SAUDADE MARCANDO O PRONTUÁRIO.
UM DIA TRISTE, NO MEU CALENDÁRIO...
...ESPERO QUE O TEMPO ESSA SAUDADE VENÇA.

A DOR DA PARTIDA AUMENTOU A CRENÇA,
QUE HOJE PERTENCE AO "LIVRO DIÁRIO",
ROGANDO A DEUS DIANTE AO SACRÁRIO,
PEDINDO QUE TIRE ESTA DOR INTENSA.

DIA DOS PAIS, DE COMEMORAÇÃO...
...FICARÁ PRA SEMPRE EM MEU CORAÇÃO:
ALEGRIA E TRISTEZA CAUSANDO CONFRONTO.

ESTE MEU DILEMA REAL, INCONTESTE,
SE RESOLVERÁ NO PLANO CELESTE,
QUANDO TIVERMOS NOSSO REENCONTRO
(JOSA RABELO)




LULA BRANDÃO

LUIZ GONZAGA BRANDÃO
MEU PAI, MEU MESTRE, MEU REI
TENHO ORGULHO, POR QUE SEI
QUE TENS UM BOM CORAÇÃO
EM MINHAS VEIAS, CORRE ENTÃO
TEU SANGUE, NOBRE E GUERREIRO
MINHA ALMA DE VAQUEIRO
E MEU ESPÍRITO MATUTO
SÃO APENAS ATRIBUTOS
QUE HERDEI DESSE ROCEIRO.

NUNCA LIGUEI PRA DINHEIRO
NUNCA ME APEGUEI A LUXO
DANDO PRA ENCHER O BUCHO
FICO FELIZ POR INTEIRO
CHEGANDO EM NOSSO TERREIRO
NÃO VAI ACHAR VAIDADE
MAS FÉ E BOA VONTADE
NÃO SÃO QUALIDADES RARAS
PODE NÃO TER COISA CARA
MAS TEM AMOR DE VERDADE.

DE VEZ EM QUANDO A SAUDADE
VEM FAZER-ME UMA VISITA
BEM FORTE MINH'ALMA GRITA
SEU LUGAR NÃO É "CIDADE"
EI DEIXEI MINHA METADE
COM SEU LULA E DONA HELENA
QUE SÃO PESSOAS SERENAS
TUTORES DOS MEUS CONCEITOS
COM ELES, SINTO MEU PEITO
COM FELICIDADE PLENA.

A POESIA É PEQUENA
PRA FALAR DE MÃE E PAI
MINHA VOZ QUASE NÃO SAI
A TINTA GRUDA NA PENA
PRA DESCREVER ESTA CENA
MEU ROSTO BANHOU-SE EM PRANTO
TODO PAI É QUASE UM SANTO
AME E TRATE COM RESPEITO
POIS QUANDO CALAR SEU PEITO
ESTÁ DESFEITO E ENCANTO.



PARABÉNS PRA TODOS OS PAIS, EM ESPECIAL PRA MEU POETA MAIOR, SEU LULA!


MEU PAI É PILAR E VIGA
DA NOSSA FRATERNIDADE
DAS PILASTRAS DA AMIZADE
A PILASTRA MAIS ANTIGA.
É TAMBÉM A MÃO AMIGA
QUE PERMANECE ESTENDIDA
E SE A ESTRADA É MAIS COMPRIDA
É O OÁSIS NO DESERTO
QUE PAI É O AMIGO CERTO
PRAS INCERTEZAS DA VIDA

PRA GRATIDÃO, E HUMILDADE
ME ENSINOU A ERGUER TEMPLOS
SEUS GESTOS SÃO MEUS EXEMPLOS
QUE LEVO PRA ETERNIDADE...
DO MEU ALTAR DE AMIZADE
A ÚNICA QUE É GARANTIDA
DO SEU PEITO FIZ GUARIDA
DE SEU NOME, O SEMELHANTE
E MEU OLHAR MAIS CONFIANTE
PRAS CAMINHADAS DA VIDA.

DESDE OS MEUS PRIMEIROS PASSOS
AO MEU PRIMEIRO TROPEÇO
DA PROTEÇÃO DO TEU BERÇO
AO CALOR DE TEUS ABRAÇOS
ENTRE NÓS FORMAM-SE LAÇOS
DE AMIZADE E CONFIANÇA
DESDE O TEMPO DE CRIANÇA
A AGORA, JÁ MAIS CRESCIDO
DEUS ME FEZ TER MERECIDO
SER DE TUA SEMELHANÇA.

HOJE VI UM AMIGO TRISTE
COM SAUDADE DO SEU PAI
QUE QUASE A LÁGRIMA CAI
E MEU PEITO NÃO RESISTE.
SEI QUE A TRISTEZA EXISTE
PORQUE JÁ PROVEI UM DIA
MAS, O DIA É DE ALEGRIA
MESMO LONGE EU ME DESPEÇO
E PRA COMPLETAR LHE PEÇO
SUA BÊNÇÃO EM POESIA.

PEDRO TORRES FILHO
DEDICO A MEU PAI, PEDRO TORRES TUNÚ.
 — com Danilo Torres e outras 2 pessoas.

Foto: MEU PAI É PILAR E VIGA
DA NOSSA FRATERNIDADE
DAS PILASTRAS DA AMIZADE
A PILASTRA MAIS ANTIGA.
É TAMBÉM A MÃO AMIGA
QUE PERMANECE ESTENDIDA
E SE A ESTRADA É MAIS COMPRIDA
É O OÁSIS NO DESERTO
QUE PAI É O AMIGO CERTO
PRAS INCERTEZAS DA VIDA

PRA GRATIDÃO, E HUMILDADE
ME ENSINOU  A ERGUER TEMPLOS
SEUS GESTOS SÃO MEUS EXEMPLOS
QUE LEVO PRA ETERNIDADE...
DO MEU ALTAR DE AMIZADE
A ÚNICA QUE É GARANTIDA
DO SEU PEITO FIZ GUARIDA
DE SEU NOME, O SEMELHANTE
E MEU OLHAR MAIS CONFIANTE
PRAS CAMINHADAS DA VIDA.

DESDE OS MEUS PRIMEIROS PASSOS
AO MEU PRIMEIRO TROPEÇO
DA PROTEÇÃO DO TEU BERÇO
AO CALOR DE TEUS ABRAÇOS
ENTRE NÓS FORMAM-SE LAÇOS
DE AMIZADE E CONFIANÇA
DESDE O TEMPO DE CRIANÇA
A AGORA, JÁ MAIS CRESCIDO
DEUS ME FEZ TER MERECIDO
SER DE TUA SEMELHANÇA.

HOJE VI UM AMIGO TRISTE
COM SAUDADE DO SEU PAI
QUE QUASE A LÁGRIMA CAI
E MEU PEITO NÃO RESISTE.
SEI QUE A TRISTEZA EXISTE
PORQUE JÁ PROVEI UM DIA
MAS, O DIA É DE ALEGRIA
MESMO LONGE EU ME DESPEÇO
E PRA COMPLETAR LHE PEÇO
SUA BÊNÇÃO EM POESIA.

PEDRO TORRES FILHO
DEDICO A MEU PAI, PEDRO TORRES TUNÚ.


FILME DA SEMANA

O FAZENDEIRO DE DEUS
O fazendeiro e Deus.

filme O fazendeiro e Deus  é umdrama e sua classificação etária é de 16 anos contando com tempo de duração de 116 minutos, sendo que possui um incrível elenco entre eles Frank Rautenbach e Jeanne Nielson. Esse filme é baseado em fatos reais um dos fatores que acaba mais chamando atenção é a sua forma rústica e original na qual ele prega a fé em Cristo e não uma religião, sua fazenda acabou tornando-se um ministério onde emprega trabalhadores locais, também criou um orfanato que acolhe cerca de 200 crianças órfãs e vitimas da AIDS, recomendo assistirem este filme até mesmo para uma reflexão.

FRASE DA SEMANA

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
Machado de Assis