JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

POETA ALDO NEVES

Mote: Verediano da Serrinha
Glosas: Aldo Neves

O desgosto foi tanto que chorei
Vendo as plantas na roça se acabando
O feijão da vazante está muchando
As batatas também não arranquei
Cinco quilos de milho que eu plantei
Não chegou a soltar nem o pendão
E muito pouco mostrou o esporão
Entre as brechas do risco do arado
Seca a palha do milho bonecado
Na quentura do fogo do verão

Hora triste que eu sei é pra o vaqueiro
Vendo a vaca com fome já caída
Um bezerro berrando na bebida
Um restante de lama com mal cheiro
Sem ter água no fundo d'um barreiro 
A parede Marcada com um rachão
A boiada berrando sem ração
E o fantasma da seca do seu lado
Seca a palha do milho bonecado
Na quentura da fogo do verão

Sertanejo faz vez de andarilho
Sente o vento da seca lhe empurrando
Numa chuva de pranto se molhando
Vendo o sol apagando o último brilho
Lá curva ele acena pra o seu filho
Que ficou lhe olhando do portão
A saudade preenche o matulão
E pelo homem sem sorte é carregado
Seca apalha do milho bonecado
Na quentura da fogo do verão