JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

segunda-feira, 29 de abril de 2013

POETA BRÁS IVAN

  • Caro Josa, Que Deus te encha de força e fè neste momento de dor. Eu daqui te acompanho com minhas oraçoes. Paz pra ti e tua familia.
  • 29 de janeiro
  • Brás Ivan Costa Santos
    Foi um talho profundo em reta linha
    Uma dor forte assim talvez não haja
    O remédio alivia mas não saja
    A ferida que tem na alma minha
    Com Danilo entre nós a vida tinha
    Os tons vivos de tela colorida
    Mas, agora só tem essa ferida
    E a dor da saudade do menino.
    "A NAVALHA AFIADA DO DESTINO
    DEU UM CORTE CRUEL NA MINHA VIDA."

    NOTE: JOSA RABELO
    GLOSA: Brás.
  • 31 de janeiro
  •  
    Brás Ivan Costa Santos
    E Deus se compadecendo
    Vendo seu povo sofrer
    Manda seu sol se esconder
    Vê-se o céu escurecendo
    Vem uma nuvem chovendo
    Da comporta da usina
    Deus manda abrir a turbina
    Que a seca tinha fechado
    Pro sertão ficar molhado
     

    DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
    Do sertão para o agreste
    Dum tecido colorido
    A chuva tece um vestido
    E o corpo da terra veste
    No céu um arco celeste
    Fica enfeitando a cortina
    Feita de véu e neblina
    Que Deus quis dá de presente
    Pra janela do poente
     

    DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
    A água tange o basculho
    No manso leito do rio
    Que se encontrava vazio
    Desde meiados de julho
    Da mata vem o barulho
    Do canto da sururina
    Que não canta a trsite sina
    De uma ave viúva
    Mas, canta louvando a chuva
     

    DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
    A telha deixa que molhe
    A linha, o caibro e a ripa
    O "empresário" do pipa
    Os carros pipas recolhe
    O gado faminto escolhe
    O que comer na campina
    Nem sequer olha pra tina
    Onde só comia palma
    O sertão muda de alma
    DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
     

    A água corre barrenta
    Pelos cantos do terreiro
    E a copa do marmeleiro
    Um verde brilhante ostenta
    No nascente se apresenta
    Uma torre pequenina
    A chuva começa fina
    Mas, aos pouquinhos engrossa
    Começa a festa na roça
    DEPOIS QUE A SECA TERMINA.
    Brás.
  • Domingo
  • Brás Ivan Costa Santos
    Eita meu bom Pajeu
    Este teu poeta ingrato
    Ta com saudade do mato
    Onde correu seminu
    Ta lembrado do angu
    De milho novo e canela
    Do rangido da cancela
    Do tempo da mocidade.
    Ja sentiu tanta saudade
    Que se acostumou com ela.

    Brás

domingo, 28 de abril de 2013

POETAS DA SEMANA





Os jovens poetas cantadores Raimundo Nonato e Nonato Costa (Os Nonatos)


A dupla Raimundo Nonato e Nonato Costa trabalhando o mote


Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Você pode habitar em outro ninho
E visitar ambientes que eu não vou  
Trabalhar, viajar, assistir show  
Sem que eu seja uma sombra em seu caminho
Se negar a aceitar o meu carinho  
Não sentir mais saudade de me ver  
Só não pode é no intimo do meu ser
Passar uma borracha e apagar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Só restaram do amor que foi desfeito  
Os melhores momentos dessa história  
As lembranças do vídeo da memória
E as promessas no cofre do meu peito  
Aceitar que perdi, eu não aceito
Mas estou consciente de não ter  
Nunca mais o direito de poder  
Pelo menos na boca lhe beijar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Você tem o direito de exigir  
Que eu me afaste de vez da sua vida  
Que não sente mais falta na dormida
Que não tem mais lembrança de sair  
Mas você nem ninguém pode impedir  
Que eu escute isso tudo sem sofrer  
E se me ver gargalhando pode crer  
Que por dentro eu não paro de chorar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Porque sua beleza não é pouca  
Não existe uma réplica nem seu clone  
E sua voz de CD no telefone
Inda deixa minh’alma quase louca  
Se outro homem beijar a sua boca  
E num abraço apertado lhe prender  
Se eu chegar a ver isso e não morrer  
Pelo menos em coma eu vou ficar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Por mais vezes que eu lute e que ele tente  
Me recuso a ouvir certos boatos  
É inútil eu rasgar os seus retratos  
Se você tá inteira em minha mente  
Já liguei pro trabalho estava ausente  
E onde estava negaram a me dizer  
No de casa não quer mais me atender  
Mas eu tô rastreando o celular  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Fiz diversas consultas no INCOR  
Pra saber o que eu tinha de verdade  
O eletro acusou que era saudade  
E se você não voltar fica pior  
Vou mandar escrever num outdoor  
Uma declaração pra você ler  
Tenho tanta paixão que pra caber
Só se meu coração virasse um mar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Certamente adorá-la foi meu crime  
Nem por isso eu estou arrependido  
Você pode dizer que tem marido  
Que tem filho e não quer que eu me aproxime
Não existe outra pele mais sublime  
E outro cheiro melhor não pode haver  
Seu amor não é coisa de comer  
Mas eu fico sem fome se provar  
Você pode pedir preu me afastar
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.Inda tenho comigo seu cartão  

Telefone, endereço, carta e foto  
Lhe dei todo meu tempo e hoje noto  
Que não tenho um minuto de atenção
Mergulhado no cais da solidão  
Sem nenhuma noticia receber  
Prometi pra mim mesmo não querer  
Nunca mais por ninguém me apaixonar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.

* * *


 
AS SECAS – Vinícius Gregório


É a seca matando nosso gado  
E o governo a achar tudo normal…  
Pois preferem falar em copa, em festa.
Isso aí dá mais voto, é mais legal.  
E essas secas se encaixam feito luva:  
Pois se vê no Sertão seca de chuva,  
Nos políticos a seca de moral.


Cada esfera que culpe a outra esfera  
O prefeito que diz que nada fez,
Pois o líder do estado é quem devia…  
Esse aí, pra fugir, por sua vez,  
Joga a culpa no líder da nação,
Entretanto nos tempos de eleição  
Vêm os três pedir votos para os três.


E o pior é o silêncio que faz eco,  
Maquiando a real situação.  
Quando a chuva voltar, vejo os discursos:  
“Pronto, gente, não há mais sequidão,
Nesta seca tomamos as medidas  
E por isso salvamos muitas vidas…”
Quem quiser que acredite, mas eu não.


Vamos, gente, se movam, falem, gritem,  
Cobrem mais dos políticos deste chão…  
Ou preferem ver cenas como esta  
Cada vez que vier novo verão?  
Não se curvem pra vil politicagem,  
Pois quem é deste chão, sem ter coragem,  
Não merece ser filho do Sertão!

* * *


A SECA E A MÁ VONTADE POLÍTICA – Henrique Brandão


O acalanto maior Pro coração sertanejo  
É ver riacho em enchente  
Da bica ouvir o gotejo  
Porém quando a chuva atrasa  
Deixa o sertão feito brasa  
Queimando a alma da gente   
Deixa a paisagem cinzenta
E a bicharada sedenta  
Deitada no solo quente.


Nossa terra infelizmente  
Sofre com a má vontade  
De uma corja que castiga
Sem dó e sem piedade  
Mas nosso povo com isso  
Que nunca foi submisso  
Segue de cabeça erguida  
Rezando e olhando pro céu  
Pois quem tem deus é fiel  
E nem seca atrasa sua vida.


Não é por causa da seca  
Que o povo sofre e lamenta  
No ano seco ele sofre  
Mas por ser forte ele aguenta  
O que deixa indignado  
É ver o povo cansado  
De mentira e de promessa  
Ser for pra ajudar, que venha  
Se não, bem longe mantenha
Pois que tem fome, tem pressa.


Enquanto gastam milhões  
Sem lembrar do sertanejo  
Metem a cara na tv  
Pra oferecer sobejos  
Isso não é arrogância  
Mas quem vive na abundância
Nosso sertão tudo tem  
Não se anima com conversa  
Pois nem queremos promessa  
Nem esmola de ninguém.


Se a seca é realidade  
Mude logo o pensamento  
Irrigue esse solo fértil  
Pra produzir alimento  
Não deixe um povo feliz  
Que construiu o país  
Sofrer neste desatino  
Pois mesmo com a estiagem  
Não tem mais linda paisagem  
Que a do solo nordestino.


João Paraibano glosando o mote:

Sinto a nossa esperança se queimando  
Nas fogueiras da seca nordestina.


Não escuto um trovão estremecer  
Uma nuvem no céu ninguém enxerga  
A lavoura sedenta se enverga  
Procurando o chão seco pra morrer  
Na pequena cacimba de beber  
Você cava uma veia ela não mina  
Você olha pra os seios da campina  
Só tem foco de incêndio levantando  
Sinto a nossa esperança se queimando  
Nas fogueiras da seca nordestina.


* * *

Léo Medeiros glosando o mote:

Quem quiser ter saudade do meu tanto  
Sofra e ame do tanto que eu amei.

Pra falar de saudade eu me proponho  
Relatar nesses versos o que eu sinto  
Vivo preso num grande labirinto  
A saída eu não acho nem em sonho;
E quem vê o meu rosto assim tristonho  
Facilmente já sabe o que eu penei  
No castelo do amor, eu fui um rei  
Que não soube enganar a dor do pranto  
Quem quiser ter saudade do meu tanto  
Sofra e ame do tanto que eu amei.


Dos seus braços eu vivo tão distante  
Encontrá-la, não tenho esperança  
Mas transporto tão viva na lembrança  
Não esqueço seu rosto um só instante;  
Pois a cruz que carrego é cruciante  
Pouca gente suporta o que eu passei  
Eu não sei se a outra eu amarei  
Mas arrisco amar, isso eu garanto  
Quem quiser ter saudade do meu tanto  
Sofra e ame do tanto que eu amei.

* * *

Zé Adalberto glosando o mote:

Pra que tanta riqueza se a pessoa
Nada leva daqui pra sepultura?


Muitas vezes, sozinho, eu me pergunto:  
Pra que tanta riqueza, se depois  
Que o caixão encostar e couber dois,  
O amigo melhor não quer ir junto?  
Pra que cara fragrância, se o defunto  
Não exige perfume da “natura”?  
Mesmo a alma é cheirosa quando é pura,  
Mas o cheiro do corpo ainda enjoa.  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Pra que casa cercada por muralha,  
Se a cova é cercada pelo pranto?  
Se pra Deus todos têm do mesmo tanto,  
Tanto faz a fortuna ou a migalha.  
Pra que roupa de marca se a mortalha  
Não requer estilista na costura,  
Se o cadáver que a veste não procura  
Nem saber se a costura ficou boa?  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Pra que eu me esconder detrás de um pão,  
Se a miséria não bate em minha porta?  
Pra que eu me cansar regando horta,  
Se amanhã ou depois já é verão?  
Pra que eu confiar no coração,  
Sem saber quanto tempo a vida dura?  
Se as feridas da alma não têm cura,  
Quando é a ganância que as magoa?
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Não sou dono de ônibus nem de trem,  
Mas enquanto eu puder me locomovo.  
Pra que eu invejar um carro novo,  
Se o transporte final nem rodas tem?  
Nem me avisa dizendo quando vem,  
Mas só anda na minha captura  
E bem abaixo da sua cobertura,  
Ele tem quatro asas, mas não voa.  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Pra que eu toda hora dar balanço  
No que eu tenho ou andar atrás de bingo?  
Pra que tanta hora extra no domingo,  
Se Deus fez esse dia pro descanso?  
Pra que eu trabalhar feito um boi manso,  
Se a chibata do dono me tortura?  
Pra que eu reclamar de minha altura,
Se o que a mão não alcança, Deus me doa?  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?

* * *

Zé Limeira glosando o mote:

Quando mais carinho eu faço,  
Mais recebo ingratidão!

Eu tinha uma cabra preta  
Que quando tava de azeite,  
Dava dez litros de leite,  
Se chamava borboleta…  
Soltei minha carrapeta  
De guarda-peito e gibão,  
O jegue de Damião  
Mordeu a porda de Inaço,  
Quando mais carinho eu faço,  
Mais recebo ingratidão!
 
* * *

Moacir Laurentino glosando o mote:

A escola da vida ensina mais  
Do que grupo, cursinho e faculdade.

Para o homem que tem inteligência  
Cada dia que passa é uma escola  
Pra mim que só uso essa viola  
Por sinal de improviso e competência  
Basta ler da Divina Providência  
A altura da grande imensidade  
As estrelas de branda claridade  
Por entre raios que são cor de cristais  
A escola da vida ensina mais  
Do que grupo, cursinho e faculdade.

* * *

Clecio Rimas glosando o mote:


Quem tem mulher ciumenta  
Tem o cão pra lhe atentar.


Mulher ciumenta é o cão  
Eu mesmo já tive uma  
Parece o cão que fuma  
Traga igualmente  um dragão  
Já passei situação  
Que não quero mais passar  
Dá medo só de pensar  
Pois isso ninguém aguenta  
Quem tem mulher ciumenta  
Tem o cão pra lhe atentar.

FILME DA SEMANA

DESAFIANDO GIGANTES

  • Sinopse
    Nunca Desista, nunca volte atrás, nunca perca a fé O PODER DA CRENÇA PROPORCIONA A HABILIDADE DE VENCER. Nos seus seis anos como técnico de futebol americano de uma escola, Grant Taylor nunca conseguiu levar seu time Shiloh Eagles a uma temporada vitoriosa. E ao ter que enfrentar crises profissionais e pessoais aparentemente insuperáveis, a idéia de desistir nunca lhe pareceu tão atraente. É apenas depois que um visitante inesperado o desafia a acreditar no poder da fé que ele descobre a força da perseverança para vencer.

FRASE DA SEMANA

"Na juventude deve-se acumular o saber. Na velhice fazer uso dele."
(Rousseau)

RECEITA DA SEMANA

Charque acebolado
 

Ingredientes:
500g de charque
2 cebolas graúdas fatiadas
100 g de bacon
1 colher (sopa) de vinagre balsâmico
pimenta-do-reino a gosto

 Modo de Preparo:
Lave a carne e deixe de molho em água fria por 12 horas. Escorra, corte em cubos grandes e cozinhe em uma panela de pressão para que fique macia, cerca de 40 minutos. Deixe esfriar, escorra e desfie grosseiramente. Corte o bacon em cubos e coloque em uma frigideira juntamente com o azeite. Doure os pedaços de bacon e escorra-os, reservando para outra finalidade. Na gordura que ficou na frigideira frite bem as cebolas. Adicione a carne desfiada e frite por mais alguns minutos. Tempere com pimenta-do-reino e regue com o vinagre. Misture e sirva salpicando com salsinha picada.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

COMPROMISSO E RESPEITO AOS CIDADÃOS


A Rua Julieta Martins Cordeiro foi agraciada hoje com a colocação de uma iluminaria no poste em frente a casa deste blogueiro, numa iniciativa louvável do Secretário de Obras Edmundo Barros e do Vereador Aristóteles Monteiro.   









Os moradores da Rua Julieta Martins Cordeiro sofriam muito com a escuridão causando transtornos e medo de trafegar pela mesma. Depois, modéstia à parte, de minha iniciativa pegando os números dos 04 postes da rua, encaminhei-os os números ao vereador Aristóteles que os repassou ao secretário Edmundo e hoje um destes postes já está com a iluminação atendendo aos anseios dos moradores da rua, sendo que os demais postes receberão em breve suas iluminarias.
Começamos o ano com a retirada de entulhos que obstruíam a rua desde outubro de 20l2, já temos iluminaria e esperamos ansiosos pela pavimentação da mesma.
Em nome dos moradores da Rua Julieta Martins Cordeiro o nosso muito obrigado ao Secretário Edmundo Barros e ao Vereador Aristóteles Monteiro pala iniciativa e o Compromisso, cumprido, e pelo respeito à Cidadania.

A coruja cochila na biqueira Do alpendre da casa abandonada

UM POETA POETADOZIM QUE SÓ A GOTA




foto-0111
Felipe Júnior, Aldo Neves, Cicinho Guimarães e Josa Rabelo (e um caminhão descarregando 2 geladeiras, visto que o frezer não aguentou o tranco)
Iluminado Papa Berto e estimados amigos do alto e do baixo clero, como eu, da ICAS.

Nessas minhas andanças pelo Pajeú das Flores, como dizia Rogaciano Leite, conheci um poeta de mão cheia… desses poetas que a gente enche um caminhão só com ele, refiro-me a Aldo Neves de Tuparetama.
O homem é um poço de humildade e gigante como os grandes mestres da viola. Conhecedor das coisas do sertão, viajante dos causos de beiradeiro, sertanejador dos mais finos e merecedor de comentários.

Aqui segue uma jóia preciosa que esse mulestoso féla da mãe fez…
Ela hoje ta muito diferente
Rodeada de mato e de tristeza
Não tem mais um talher na sua mesa
Nem um dono sentado em seu batente
Não parece que ali já morou gente
Está suja quem antes foi zelada
O capim tomou conta da calçada
Veio um vento e torou a cumieira
A coruja cochila na biqueira
Do alpendre da casa abandonada

O passado serviu de moradia
Entregou-se pra mera solidão
Quem for lá visitar o casarão
Vai passar muitas horas de agonia
Na dispensa só tem uma bacia
E uma mala de couro empoeirada
E uma porta que resta é desbotada
Que nem dar pra pensar que é de madeira
A coruja cochila na biqueira
Do alpendre da casa abandonada

Ainda resta nas brechas de um bueiro
Maribondo caboclo pendurado
Os morcegos voando no telhado
E as raposas rondando no terreiro
Num cambito de pau de marmeleiro
Uma corda de couro pendurada
Uma espora já toda enferrujada
E uma manta coberta de poeira
A coruja cochila na biqueira
Do alpendre da casa abandonada

Ainda tem duas bandas de um pilão
E as borrachas de um resto de ancoreta
Uma mesa quebrada sem gaveta
E os pedaços jogados pelo chão
Encostado a parede do oitão
Quatro paus segurando uma latada
Uma maquina mimoso desprezada
E duas alças de um resto de peneira
A coruja cochila na biqueira
Do alpendre da casa abandonada

Ainda tem nos recantos da cozinha
Uns pedaços de um resto de consolo
A caqueira pequena de assar bolo
E uma cuia quebrada sem farinha
Lá na sala ainda tem uma quartinha
Que seu dono deixou mais ta quebrada
Uma lata de zinco já furada
Com um pedaço de pau de goiabeira
A coruja cochila na biqueira
Do alpendre da casa abandonada

Ainda achei as guardapas de uma sela
Penduradas no torno da parede
E os pedaços de pano de uma rede
Que seu dono com sono dormiu nela
Lá no quarto ainda tinha uma janela
Que com sol e com chuva foi rachada
E uma calça de mescla remendada
Que seu dono usou pra ir a feira
A coruja cochila na biqueira
Do alpendre da casa abandonada
Aldo Neves

terça-feira, 23 de abril de 2013

LIÇÃO DE VIDA, DE DIGNIDADE E RESPEITO!!

O Último Discurso- O Grande Ditador

Charles Chaplin, um gênio em muitos sentidos. Através da arte de fazer rir, toda a sua genialidade transcende.

Em “O grande Ditador”, primeiro filme com som atuado e dirigido por Charles Chaplin, há ênfase na questão da guerra, do nazismo, do fascismo já evidenciada há tempos. A história se desenvolve aludindo, satiricamente, à Hitler e Mussolini; e se encerra com um discurso sincero de liberdade.

O que mais chama a atenção é a atualidade do discurso. Ainda hoje, tudo o que foi levantado é reiterado por todos aqueles que buscam e/ ou acreditam em um mundo mais pacífico, equilibrado, justo e igualitário.

Segue o Discurso:


“Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível - judeus, o gentio ... negros ... brancos.


Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.


O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem ... levantou no mundo as muralhas do ódio ... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.


A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá.


Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.


Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.


É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.


Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!”

domingo, 21 de abril de 2013

POETA LIMA JR

Sob inspiração Divina,
O dom que o poeta tem
Traz a essência mais fina
Dos céus distantes, além...
A poesia em cascata
Ao som das cordas de prata
Chega até os repentistas,
E no salão da garganta
Ganha força, canta e encanta
Poetas e apologistas.

Já a viola tão bela
Traz nas curvas, como quer...
A magia que revela
O corpo de uma mulher.
E a sincronia é perfeita,
Quando ela no peito deita
Dando suspiros de amor.
E o céu transforma em magia
A noite de cantoria
Do reino do Cantador!
Sob inspiração Divina,
O dom que o poeta tem
Traz a essência mais fina
Dos céus distantes, além...
A poesia em cascata
Ao som das cordas de prata
Chega até os repentistas,
E no salão da garganta
Ganha força, canta e encanta
Poetas e apologistas.

Já a viola tão bela
Traz nas curvas, como quer...
A magia que revela
O corpo de uma mulher.
E a sincronia é perfeita,
Quando ela no peito deita
Dando suspiros de amor.
E o céu transforma em magia
A noite de cantoria
Do reino do Cantador!

POETA DA SEMANA

ZÉ DA LUZ



Brasi Caboco

O qui é Brasí Caboco?
É um Brasi diferente
do Brasí das capitá.
É um Brasi brasilêro,
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná!


É o Brasi qui não veste
liforme de gazimira,
camisa de peito duro,
com butuadura de ouro...
Brasi caboco só veste,
camisa grossa de lista,
carça de brim da “polista”
gibão e chapéu de coro!


Brasi caboco num come
assentado nos banquete,
misturado cum os home
de casaca e anelão...
Brasi caboco só come
o bode seco, o feijão,
e as veiz uma panelada,
um pirão de carne verde,
nos dias da inleição
quando vai servi de iscada
prus home de posição.


Brasi caboco num sabe
falá ingrês nem francês,
munto meno o português
qui os outros fala imprestado...
Brasi caboco num inscreve;
munto má assina o nome
pra votar pru mode os home
Sê gunverno e diputado


Mas porém. Brasi caboco,
é um Brasi brasileiro,
sem mistura de instrangero
Um Brasi nacioná!


É o Brasi sertanejo
dos coco, das imbolada,
dos samba, dos vialejo,
zabumba e caracaxá!


É o Brasi das vaquejada,
do aboio dos vaquero,
do arranco das boiada
nos fechado ou tabulero!


É o Brasi das caboca
qui tem os óio feiticero,
qui tem a boca incarnada,
como fruta de cardoro
quando ela nasce alejada!


É o Brasi das promessa
nas noite de São João!
dos carro de boi cantano
pela boca dos cocão.


É o Brasi das caboca
qui cum sabença gunverna,
vinte e cinco pá-de-birro
cum a munfada entre as perna!


Brasi das briga de galo!
do jogo de “sôco-tôco”!
É o Brasi dos caboco
amansadô de cavalo!
É o Brasi dos cantadô,
desses caboco afamado,
qui nos verso improvisado,
sirrindo, cantáro o amô;
cantando choraro as mágua:
Brasi de Pelino Guedes,
de Inácio da Catingueira,
de Umbelino do Texera
e Romano de Mãe-d’água!


É o Brasi das caboca,
qui de noite se dibruça,
machucando o peito virge
no batente das jinela...
Vendo, os caboco pachola
qui geme, chora e soluça
nas cordas de uma viola,
ruendo paxão pru ela!


É esse o Brasi caboco.
Um Brasi bem brasilero,
sem mistura de instrangêro
Um Brasía nacioná!


Brasi, qui foi, eu tô certo
argum dia discuberto,
pru Pêdo Arves Cabrá.

A cacimba

Tá vendo aquela cacimba
lá na bêra do riacho,
im riba da ribanceira,
qui fica, assim, pru dibáxo
de um pé de tamarinêra.


Pois, um magóte de môça
quage toda manhanzinha,
foima, assim, aquela tuia,
na bêra da cacimbinha
prá tumar banho de cuia.


Eu não sei pru quê razão,
as águas dessa nacente,
as águas que ali se vê,
tem um gosto diferente
das cacimbas de bêbê...


As águas da cacimbinha
tem um gôsto mais mió.
Nem sargada, nem insôça...
Tem um gostim do suó
do suvaco déssas môça...


Quando eu vejo éssa cacimba,
qui inspio a minha cara
e a cara torno a inspiá,
naquelas águas quiláras,
Pego logo a desejá...


... Desejo, prá quê negá?
Desejo ser um caçote,
cum dois óio dêsse tamanho

Prá ver aquele magóte


de môça tumando banho!

Ai! Se sêsse!...

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
A terra caiu no chão

Visitando o meu sertão
que tanta grandeza encerra,
trouxe um punhado de terra
com a maior satisfação.


Fiz isso na intenção,
Como fez Pedro Segundo,
de quando eu deixasse o mundo
levá-lo no meu caixão.


Chegando ao Rio, pensei
guardá-lo só para mim
e num saquinho de brim
essa relíquia encerrei!


Com carinho e com cuidado
numa ripa do telhado,
o saquinho pendurei...


Uma doença apanhei
e vendo bem próxima a morte
lembrando as terras do norte
do saquinho me lembrei.


Que cruel desilusão!
As traças, sem coração
meterem os dentes no saco,
fizeram um grande buraco
e a terra caiu no chão.