JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 20 de janeiro de 2013

FILME DA SEMANA



Sinopse e detalhes

Nashville, 1930. Vivien Thomas (Mos Def) é um hábil marceneiro, que tinha um nome feminino pois sua mãe achava que teria uma menina e, quando veio um garoto, não quis mudar o nome escolhido. Eleé demitido quando chega a Grande Depressão, pois estavam dando preferência para quem tinha uma família para sustentar. A Depressão o atinge duplamente, pois sumiram as economias de 7 anos, que ele guardou com sacrifício para fazer a faculdade de medicina, pois o banco faliu. Thomas consegue emprego de faxineiro, trabalhando para Alfred Blalock (Alan Rickman), um médico pesquisador que logo descobre que ele tem uma inteligência privilegiada e que poderia ser melhor aproveitado. Blalock acaba se tornando o cirurgião-chefe na Universidade Johns Hopkins, onde está pesquisando novas técnicas para a cirurgia do coração. Os dois acabam fazendo um parceria incomum e às vezes conflitante, pois Thomas nem sempre era lembrado quando conseguiam criar uma técnica, já que não era médico.

POETA DA SEMANA

Poeta popular Chico Pedrosa
* * *
O GUARDA ABILOLADO


Doutor, eu tenho razão,  
De ser abilolado,  
Venho do tempo marcado  
Por seca e revolução.
Quando eu tinha ano e meio,  
Escapei de um tiroteio,  
De meu pai, na bolandeira.  
Se meu pai ganhou, eu não sei  
E também nunca perguntei,  
Nem, sequer, por brincadeira.


Vim conhecer a cidade,  
Quando votei pra prefeito  
E, por sinal, ele foi eleito,  
E, para minha felicidade,
Ele me deu um emprego:  
Me entregou uma farda,  
Um capote, um coturno,  
Um capacete envernizado,  
Um apito enferrujado,  
Eu fui ser guarda noturno.


Passeava as noites inteiras,  
Apitando na cidade,  
Escola, igreja, cinema,  
Mercado e maternidade.  
Nas noites frias do inverno,  
Eu usava um velho terno,  
Umas meias de crochê,  
Bebia quatro cachaças,
Dava três voltas na praça  
E corria pro cabaré.


Lá existia de tudo:  
Discursão, briga, lorota,  
Um contava aventura,  
Outro pagava uma meiota;  
Quando um bêbado se zangava,  
Eu ia lá e ajeitava.  
O bêbado ficava manso,  
Pagava pra mim uma bebida  
Eu dava um apito e saía,  
Na velha ginga de ganso.


Até que um dia o prefeito,  
Fez uma reunião  
E nela perguntou aos guardas:
Querem aumento ou promoção?  
Antes de fechar a boca,  
Eu gritei com voz rouca:
Quero promoção seu Zé!  
Disse ele tá garantido,  
Aprovado e promovido,  
No maior posto que houver.


Me deu uma farda nova, florada,  
Quem nem chita enfeitada,  
De galão, estrela, medalha e fita,  
Broche, botão e alfinete;  
Trocou meu velho cacetete  
Por um novo profissional,  
E me disse: de hoje em diante,  
Você é comandante,  
De Guarda Municipal.



Pois três meses depois,  
Veio a guerra mundial  
E, nesse tempo, uma irmã minha  
Tava morando em Natal.  
Eu fui visitá-la;  
Botei a farda na mala,  
Passei o cargo a Raimundo  
Que era quase um irmão.  
Peguei o trem na estação,  
E me intupigaitei no mundo.


Que lugar longe da gota.  
Quase o trem não chegava mais;  
Tinha hora que pensava  
Que ele tava andando pra trás.  
Entre solavancos e berros,  
O velho embuá de ferro,  
Viajou a noite inteira,  
E de manhã cedo, chegou  
Deu um apito e parou  
Na estação da Ribeira.


Desembarquei e fiquei  
Perdido na multidão.
Quando eu puxava uma conversa  
Ninguém me dava atenção.  
Quando mais bom dia dava,  
Mais o povo se abusava,  
Talvez me achando chato.  
Era um povo diferente,  
Da qualidade da gente,  
Das cidadinhas do mato.


Perguntei a mais de mil,  
Se eles davam notícia  
De Carmelita de Sousa,  
Uma cabocla mestiça,  
Mulher do guarda Pompeu,  
Mais morena do que eu  
E de cabelo meio ruim,  
Que morava na Ari Parreira,  
Que fica perto da feira  
No bairro do Alecrim.


Depois de tanta pergunta,  
Depois de ouvir tanto não,  
Me apareceu Carmelita,  
No pátio da Estação,  
Toda cheia de finesses,  
Puxando nos Rs e Ss  
Que nem mulher de doutor,  
Nem parecia a matuta,  
Que lavrou a terra bruta,  
No Sertão do interior.


Mesmo assim me recebeu,  
Na sua casa modesta,  
Os primeiros cinco dias,  
Para nós foram de festa.  
Quando o sexto dia veio,  
Resolvi dar um passeio.  
Mandei engomar a farda,  
Me banhei, tirei o grude,  
Me preparei como pude,  
Para ter um dia de glória.


Passei o resto da tarde,  
Sentado num tamborete,  
Pregando estrelas, galões,  
Broche, alfinete, botões,  
Comprei mais uns acessórios,  
Enfeitei o suspensório,  
Feito de sola curtida.  
De manhã cedo me vesti,  
Tomei café e sai,  
Dando risada da vida.

Na praça Gentil Ferreira,  
Onde tinha um mercado,  
Eu parei para tomar fôlego,  
Quando passava um soldado  
E fez continência para mim.

Eu fiquei pensando assim:  
Que danado ele viu neu,  
Na certa ta me confundindo,  
Ou me achando parecido,  
Com algum colega seu.

E haja passar soldado,  
Fazendo assim com a mão.

Daqui a pouco era sargento,  
Coronel, capitão, cabo,  
Tenente, major  
E todo o estado maior,  
Dos quartéis da redondeza  
Cumprimentavam-me ali  
Até hoje nunca vi  
Tamanha delicadeza.


Desfilaram tanques de guerra,  
Aviões em vôo rasantes,  
Sirenes tocaram mais fortes,  
Canhões dispararam distantes.  
Um praça do Coronel,  
Puxou do bolso um papel,  
Onde tinha um letreiro  
Que dizia: – Nossa terra  
Tem um espião de guerra,  
Que chegou do estrangeiro.


Não quis falar com ninguém,  
Não pergunta e nem responde,  
Ninguém sabe de onde vem,  
Ninguém sabe onde se esconde.  
A sua farda é de cor de ameixa,  
A impressão que nos deixa,  
É que é um grande guerreiro,  
Filho de outra nação,  
Ou um perigoso espião,  
Das guerras do estrangeiro.


Vamos levá-lo ao quartel,  
Para uma averiguação,  
Pois precisamos saber,  
De onde veio esse espião.
Em seguida me levaram 
Ao quartel e me entregaram
Ao Comandante Geral  
Que, quando me viu fardado,  
Perguntou meio assustado:
Que tá fazendo em Natal?


Donde diabo é essa farda?  
Faça o favor de informar,  
E como se chama a nação  
Que usa uniforme diferente?  
E quem lhe deu tanta patente?
A troco não sei de que.
E porque Vossa Excelência  
Não responde as continências,  
Afinal, quem é você?


Coronel, eu sou Zé Carrapeta,  
Sou filho do Cariri.  
Não sei fazer continência,  
Pra gente que nunca vi.  
Porém, nunca fui intruso  
E, acredite, eu só uso  
Esse quepe de biriba,  
Essa farda e esse coturno,  
Porque sou Guarda Noturno,  
Em Sapé, na Paraíba.

 * * *

ASTÚCIA DE CABOCLO


Matuto briga com onça  
Pantera preta ferida  
Hiena, leoa choca
Cachorra doida parida  
Até mesmo candidato  
Falso mentiroso e chato  
Quando num palanque berra  
Ele é capaz de aguentar  
Mas quer ver ele afrouxar  
O convoque para a guerra


Ainda hoje tem veio  
Perdido dentro da serra  
Somente porque um dia  
Sonhou que ia pra guerra  
Ninguém conta as agressões  
Das automutilações  
Feitas propositalmente  
Até hoje no sertão  
Faltando dedo de mão  
Tem um punhado de gente


Enquanto houver mutilado
Lembrando o que encarou  
A segunda grande guerra  
Ainda não acabou  
Aquela coisa terrível  
Causou um estrago horrível  
No seio da humanidade  
Valentão com medo dela  
Perdeu pra não ir pra ela  
Muita preciosidade


O caboclo Zé Cangalha  
Lá da nossa freguesia  
Andava a cima e a baixo  
Arrotando valentia  
Certo dia recebeu  
Uma carta, e quando leu  
Mudou de cor e feição  
Tremeu, chorou, ficou mudo  
Quando viu que o conteúdo  
Era uma convocação


Tava escrito no papel  
Venha se apresentar  
No dia vinte as dez horas  
No comando militar  
Para ser examinado  
O senhor foi convocado  
Pra ser nosso companheiro  
Caso não esteja tísico  
Nem porte defeito físico  
Vai brigar no estrangeiro


O matuto desabou  
Depois que leu a mensagem  
Antes do dia marcado  
Fez uma grande bobagem  
Na quentura dum ferrolho  
Crestou a íris do olho
Que o cristalino azulou  
E depois do ato impensado  
Ficou tão aliviado  
Que até comemorou


Quando chegou o momento  
Dele se apresentar  
Vestiu-se da melhor roupa  
Que tinha pra passear  
Pôs no bolso o documento  
Selou o velho jumento  
Seu companheiro fiel  
E assim que a barra surgiu  
Montou no jegue e partiu  
Em procura do quartel


Crente na estupidez  
Que praticara outro dia  
Partiu levando a certeza  
Que para a guerra não ia  
O olho inutilizado  
Carimbava o atestado  
Da sua incapacidade
Entre mil divagações  
Entrava o nosso Camões  
Na sonolenta cidade


Na pracinha da matriz  
Zé Cangalha desmontou  
Na melhor sombra que tinha  
O seu jumento deixou  
E seguiu para o quartel  
Lá, entregou o papel  
Mandaram ele aguardar
 
E quando chegou sua vez  
Um guarda nada cortes  
Mandou o acompanhar
Até a sala, onde um médico
Assim que o avistou  
Ensaiando um ar de riso  
De onde estava falou  
Eu não sei porquê  
Você foi convocado

Porque pra ser soldado não dar  
O senhor tá dispensado  
Tá livre e desconvocado
Nem precisava vir cá

O nosso herói quando ouviu  
A sentença a seu favor  
Sentiu-se tão confiante  
Que perguntou, ô Doutor  
É porque me falta um olho  
Não sabia que caolho  
Não podia guerrear  
O doutor respondeu não  
Por favor, preste atenção  
Escute o que eu vou falar


Você tá muito enganado  
Pelo olho você ia  
O olho cego é que é bom
Pra se fazer pontaria  
E depois dum fogo cerrado  
Olhar se tá empenado  
O cano da escopeta  
Que parou de atirar  
Eu só vou lhe dispensar  
Porque você é zambeta

RECEITA DA SEMANA

Sangria espanhola





Ingredientes

  • 1 garrafa de vinho tinto seco
  • 1 lata de refrigerante de limão
  • 1 dose de licor de laranja
  • 1/2 copo de suco de laranja
  • 2 maçãs picadas
  • 1 abacaxi picado (sem o miolo)
  • 1 cacho grande de uvas (tipo itália) sem sementes
  • Cravodaíndia (uns 3)
  • Açúcar a gosto
  • Gelo picado à gosto



Modo de Preparo




  1. Ponha as frutas numa jarra grande de vidro ou uma tigela, com o açúcar
  2. Adicione o suco de laranja, o vinho, os cravos, o refrigerante, o licor e o gelo
  3. Enfeite a jarra com cascas de laranja e de limão

FRASE DA SEMANA

"Não deixamos de brincar porque envelhecemos. Envelhecemos porque deixamos de brincar".
(George Bernard Shaw)