JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 16 de outubro de 2011

ARTE SERTANEJA

SANDÁLIA DE LAMPIÃO

 

Artesão cearense leva couro do cangaço à passarela da SPFW

Em 1938, Lampião pediu uma sandália ao pai de Espedito Seleiro. Muitos anos depois, ele transformou o molde em tendência fashion

Daniel Aderaldo, iG Ceará | 09/10/2011 07:00 (http://www.ig.com.br/)

Quando Virgulino Ferreira, de alcunha Lampião – o mais famoso e temido cangaceiro do sertão nordestino –, desenhou o molde de uma sandália com sola retangular, para confundir os rastros deixados pelo caminho, ele não sabia, mas estava criando um estilo. Hoje, “a sandália do Lampião” é a marca do artesão cearense Espedito Veloso de Carvalho, de 72 anos, conhecido apenas como Espedito Seleiro. Ele parou de vestir vaqueiros e agora se dedica à arte de trabalhar em couro, fazendo calçados e assessórios.


Foto: Divulgação/Secretaria de Cultura do Ceará
Espedito Veloso de Carvalho, de 72 anos: molde direto de Lampião



Os “croquis” de Lampião, guardados pelo pai de Espedito Seleiro, ainda hoje são inspiração para o trabalho do artesão cearense. O rei do cangaço gostava de ornamentar as vestimentas usadas por ele e por seu bando. Um dia, teve a ideia de fazer um calçado com um solado com as partes da frente e de trás idênticas. Servia para confundir e despistar a polícia que sempre estava no seu encalço. Em 1938, quando o grupo de cangaceiros liderado por Lampião esteve, como tantas vezes, na região do Cariri, pediu para um de seus "cabras" encomendar a um conhecido artesão local novas peças. Mandou o desenho de como deveriam ser os calçados.
Sandálias de Maria Bonita
“Meu pai, o Raimundo Seleiro, estava fazendo uma sela no alpendre de casa, aí chegou um homem e perguntou se ele poderia fazer umas alpargatas de couro com o mesmo material da sela para cavalo. Ele explicou que não era bom nisso, que trabalhava fazendo gibão, chicote, chapéu e sela para vaqueiro, mas aceitou. Depois, quando descobriu que era para o coronel Virgulino, ficou todo se tremendo e nem quis cobrar”, conta, rindo, o mestre no ofício.

Mais tarde, Espedito Seleiro, o quarto da geração de mestres em couro, ainda aos oito anos aprendeu com o pai o ofício. “Cada lapada era uma lição. Foi a melhor coisa do mundo pra mim, porque eu aprendi ligeiro”, relembra. A quarta geração de seleiros vive na pequena Nova Olinda, no Cariri cearense, a 552 quilômetros de Fortaleza, mas seu trabalho já compôs coleção de grife internacional, foi apresentado em desfile na São Paulo Fashion Week e exportado para vários países ao redor do mundo.

A sandália do Lampião foi só o começo na guinada que Espedito deu na carreira, forçado pela necessidade. “Meu pai falava que a dor ensina o cabra a gemer. Quando estava acabando, diminuindo o trabalho para os vaqueiros, eu fui pensando 'puxa vida, a família grande, crescendo, pai faleceu...' Eu tinha que arrumar o feijão para dar a esse povo todo. Perdi muita noite de sono desenhando peça. Deus me deu uma estrela e comecei a fazer bolsa e sandália”, conta ele. “Quando o dia amanhecia eu ia fazer. No comércio ia vendo o que o povo gostava mais, o que se admirava mais. Ia prestando atenção. Quando fiz a sandália do Lampião e ela ficou famosa, imediatamente fiz a da Maria Bonita”.

O POETA DA SEMANA Pe. BRÁS IVAN


GÊNESIS

Quando Deus inflamado de improviso
Pois o Tudo no nada que era caos
Reuniu todo ser no paraiso
Sò os "bons"!! não havia ainda os maus!

Mas, os "bons" quase nunca têm juizo
São sem leme e sem vela suas naus
Cometeram de modo impreciso
Um pecado de cento e oitenta graus.

Deus irou-se banindo-os do Eden
Mas, os "bons" por clemência nunca pedem
Orgulhosos não mudam de conduta.

Jà os "maus" que têm medo de cobiça
Todo dia que podem vâo à missa
E os "bons" todo dia vão à luta.
(Padre Brás Ivan)


Ques Casar Cum Eu?

Coração si tu quiser
Juntar os trocim mais eu
Cuma marido e muié
Eu e tu e tu e eu
Eu vendo as minha cabrinha
Tu vende as tua galinha
Nòis compra tudim de troço
E tu vem pro meu ranchim
Que è piqueno e pobrizim,
Mas serà todinho nosso.

Si tua mâe disser não
E teu pai me rifugar
Num chore não coração
Di noite eu vou te robar
Eu selo a besta baxêra
Nois parte in toda carrera
Cuma quem disimbestado
E vamu pra São Josè
Quandu os teus pai derem fè
Nois ja vamo ta casado

E depois disso sò Deus
Impata o amor da gente
Eu tano nos braçus teus
Num quero oto presente
Vamu combinar assim?
Tu vai cuidandu di mim
E eu cuidando de tu
E pra ser feliz di vez
Vamu viver sò nois tres
Tu, eu e o Pajeù.
 
Mas si tu disser qui não
Qui num sente amor pureu
Possa saber coraçâo
Qui o mundo pra mim morreu
Abandonu minha lida
Me dismantelo na vida
Dano-me a beber cachaça
Si tu num for o meu ganho
Sò Deus qui sabe o tamanho
Qui vai ser minha disgraça

Pruquê sem tu meu amor
O resto è tudim inçosso
È sem graça e sem sabor
Cuma carne de pescoço
Ave Maria três vez
Se tu me deixar di vez
Pra mim vai ser um horror
Eu mermu mim interro vivo
Na tumba iscrevo o motivo:
Essi aì morreu di amor


Mãe Centenària
9 de março, Centenario de São José)

Oh! Espartacus de poetas guerreiros
Oh! Atlantida de vates submersos
Salve! Meca de incrédulos violeiros
Salve! Jerusalém a mâe dos versos.

Protegei! musa-mor, nòs, teus herdeiros
Exilados, saudosos e dispersos
Abênçoas! teus filhos extrangeiros
Que te amam de modos controversos

Oh! augusta senhora solidària
Fonte de poesia centenària
Guardiã dos umbrais da inspiração.

Soberana dos versos arquiteta
Protetora de quem nasceu poeta
Fiz pra ti este verso em Oração



FRASE DA SEMANA

Não é digno de saborear o mel, aquele que se afasta da colméia com medo das picadas das abelhas 
(W. Shakespeare)