A saudade
Cansado de sofrer do mal de amor,
Decidi proteger meu coração
E dei início a grande construção,
Da minha fortaleza interior.
Fiz vigas de concreto contra a dor,
Revesti as paredes de razão,
Portas, janelas, piso e elevador,
Tudo impermeável à emoção.
Como não tem no mundo quem não falhe,
Esqueci, entretanto, de um detalhe
E o meu trabalho não ficou completo.
Meu coração em paz e adormecido,
Acordou, de repente, com um ruído:
Era a saudade entrando pelo teto.
( Ronaldo Cunha Lima)