JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

sábado, 11 de agosto de 2012

PALESTRA

HUMBERTO GUERRA FARÁ PALESTRA PARA JUVENTUDE EM TUPARETAMA (BLOG TÁRCIO VIU ASSIM 2)_


MATÉRIA DO BLOG DO TÁRCIO VIU ASSIM 2

TUPARETAMA APRESENTA SUA FACE VIOLENTA


Tuparetama amanheceu nesta sexta-feira, 10 de agosto de 2012, com uma manifestação contra a violência, pelas ruas da cidade, com alunos e professores da Escola Ernesto de Souza Leite.

Acho que poucas pessoas da comunidade sabiam dessa passeata, eu me incluo entre estas pessoas. Quando ouvi o tom quase fúnebre das mensagens lidas no carro de som que acompanhava o pessoal, saí curioso para ver do que se tratava. Na esquina da minha rua indaguei a uma jovem sobre aquela cena e ela, indecisa, respondeu:
“É alguma coisa da escola contra a violência na cidade...” e complementou: “Realmente Tuparetama está ficando um caso sério, não é? Mas acho que este tipo de movimento não resolve nada.” 

Não, não resolve. Pois este tipo de manifestação é utilizado não para resolver tais problemas, mas para “acordar” a comunidade para os problemas e “cobrar” ações. Sim, é preciso fazer algo contra a violência. É preciso fazer muito. E qualquer ação neste sentido, mesmo que aparentemente ineficaz e improvisada como a manifestação escolar, já é alguma coisa.

O complicado é porque a gente acorda, reclama, protesta e depois se aquieta. Até que venha outra tragédia nos chocar novamente com a realidade. 

Há pouco mais de um ano a cidade era abalada pelo crime violentíssimo cometido por nove jovens contra seu colega, Rogério, por causa de dívidas de drogas. A comunidade, conduzida pelas escolas, fez uma comovente passeata pedindo paz, justiça e segurança. Meses antes um neto do saudoso Zé Pretão, Tobe, fora assassinado também por questões envolvendo drogas. A repercussão foi bem menor, Tobe era negro e pobre. Mas de lá pra cá, mesclando comodismo e mobilização, apatia e comoção, Tuparetama só tem razões para lamentar. 

A recente onda de preocupação com o aumento da violência no município tem razões que não podem ser ignoradas. Em menos de um mês, entre o final de julho e este início de agosto, tivemos 04 mortes violentas. 

Enquanto o Governo comemora a queda do índice de violência no Estado. Tuparetama, que já foi por quase 10 anos a cidade com índice ‘0’ de violência, agora ostenta com o sangue de seus filhos o vergonhoso título de cidade mais violenta do Pajeú neste quarto trimestre de 2012. 

Tetê, vítima da violência
Das 04 mortes recentemente acontecidas em Tuparetama, uma delas, é preciso que se diga, está anotada como acidente. Deu-se à noite, na ponte sobre o Rio Pajeú, que liga a cidade à zona rural de São José do Egito. Segundo a única testemunha do acidente, sobre quem recaem as suspeitas, ele estava no bagageiro da moto, de carona, quando o motociclista a empinou, perdeu o equilíbrio e caiu, batendo com a cabeça numa das guias da ponte. A vítima e a testemunha são jovens e vinham de um bar próximo à ponte. O  que faleceu estava alcoolizado. 

Em seguida se deu a morte de 
Tetê (Odair Nunes da Silva), popular, casado, pai de família. Foi assassinado na tarde de um dia de feira, dentro de um bar na rua do Pátio de Eventos, com golpes dados com um das cadeiras de ferro do bar, por dois irmãos, desafetos seus. A briga foi tão violenta que destruiu quase por completo todos os equipamentos do local. Até o dono do bar ficou gravemente ferido. 

As duas mortes mais recentes aconteceram nesta semana: 

Na noite da segunda para a terça-feira o agricultor Gilberto Estevão do Nascimento foi assassinado com tijoladas ou pedradas na cabeça, no terreno da olaria comunitária, localizado entre o Bairro Bom Jesus e a cidade. Dois jovens cometeram o assassinato brutal para roubar a moto de Gilberto. 

Olaria Comunitária, onde foi encontrado o corpo de Gilberto
Ontem, depois de mais de 15 dias internada, a jovem estudante Izabela Campos faleceu vítima dos ferimentos de um tiro, quando saía com o namorado de um bar no Bairro São Jorge, a 4 km de Tuparetama. Não se sabe quem fez o disparo nem qual motivo, a pessoa estava escondida entre os arbustos que cercam a estrada onde fica o bar e fugiu de moto. 

É preciso refletir para entender o que está acontecendo e por que está acontecendo. Estes são os primeiros passos para se buscar um enfrentamento eficaz da questão. Quais as causas e motivações de tais mortes recentes? Esses casos demonstram realmente um crescimento da violência ou são pontuais e coincidentes? 

De algumas conclusões não temos como fugir: todos esses casos de violência tem o jovem como vítima ou como agente; quase todos os casos estão ligados à drogas ilícitas ou consumo de álcool; o uso da violência, da força bruta, como substituto da mediação na resolução de conflitos, reproduzindo o que “aprendemos” desde a infância nos filmes, na TV, nos desenhos animados, nos vídeo-games. 

Painel pintado por Izabela Campos.
Ela foi minha aluna de artes no Projeto Estação Culturama
Ações e propostas para enfrentar o crescimento da violência são apresentadas aos montes: aumento do contingente policial, repressão, justiça efetiva e ágil, aparelhamento da segurança pública com viaturas e armas, mais guardas municipais... são, com certeza, medidas que trarão algum impacto positivo. Esse é o tipo de "pedido de socorro" mais imediato e mais recorrente, apelar para reações pontuais dos governantes. É o que fez o blogueiro, comunicador e poeta Josemar Rabêlo:

"COMO PODE A VIOLÊNCIA
DIZIMAR FILHOS E PAIS???
EU PEÇO ÀS AUTORIDADES
Hajam depressa demais!
Defendam Tuparetama,
Seu nome já teve Fama
Era a cidade da paz.

Não se pode andar mais...
Andar por nossa cidade,
Bater papo nas calçadas,
Compartilhar amizade...
Olhar para o céu azul
A PRINCESA DO PAJEÚ
PEDE PAZ, TRANQUILADE.

Hoje o índice da MALDADE
Dá no BOM de dez a zero.
Por favor Governador
Com seu requinte e ESMERO,
Decida imediatamente:
E AUMENTE O CONTINGENTE
DE POLÍCIA, É O QUE QUERO.

Meu pedido não é um MERO
Pedido de um CIDADÃO.
É de quem nasceu aqui,
Um DEFENSOR desse CHÃO.
Eu lhe peço por CLEMÊNCIA,
DETENHA A VIOLÊNCIA,
Q'ASSOLA NOSSO TORRÃO"
(Versos de Josa Rabêlo)


Entretanto não bastam versos de sensibilização das autoridades nem manifestações de protesto, o tipo de violência que cresce entre nós só pode ser realmente combatido com melhoria da qualidade de vida e diminuição da desigualdade social.

E isso só acontece com Educação e Cultura.

Tárcio Oliveira