JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 18 de agosto de 2013

POETA DA SEMANA

Poeta popular Chico Pedrosa
* * *
O GUARDA ABILOLADO

Doutor, eu tenho razão, De ser abilolado, Venho do tempo marcado Por seca e revolução. Quando eu tinha ano e meio, Escapei de um tiroteio, De meu pai, na bolandeira. Se meu pai ganhou, eu não sei E também nunca perguntei, Nem, sequer, por brincadeira.

Vim conhecer a cidade, Quando votei pra prefeito E, por sinal, ele foi eleito, E, para minha felicidade, Ele me deu um emprego: Me entregou uma farda, Um capote, um coturno, Um capacete envernizado, Um apito enferrujado, Eu fui ser guarda noturno.

Passeava as noites inteiras, Apitando na cidade, Escola, igreja, cinema, Mercado e maternidade. Nas noites frias do inverno, Eu usava um velho terno, Umas meias de crochê, Bebia quatro cachaças, Dava três voltas na praça E corria pro cabaré.

Lá existia de tudo: Discursão, briga, lorota, Um contava aventura, Outro pagava uma meiota; Quando um bêbado se zangava, Eu ia lá e ajeitava. O bêbado ficava manso, Pagava pra mim uma bebida Eu dava um apito e saía, Na velha ginga de ganso.

Até que um dia o prefeito, Fez uma reunião E nela perguntou aos guardas: - Querem aumento ou promoção? Antes de fechar a boca, Eu gritei com voz rouca: - Quero promoção seu Zé! Disse ele tá garantido, Aprovado e promovido, No maior posto que houver.

Me deu uma farda nova, florada, Quem nem chita enfeitada, De galão, estrela, medalha e fita, Broche, botão e alfinete; Trocou meu velho cacetete Por um novo profissional, E me disse: de hoje em diante, Você é comandante, De Guarda Municipal.

Pois três meses depois, Veio a guerra mundial E, nesse tempo, uma irmã minha Tava morando em Natal. Eu fui visitá-la; Botei a farda na mala, Passei o cargo a Raimundo Que era quase um irmão. Peguei o trem na estação, E me intupigaitei no mundo.

Que lugar longe da gota. Quase o trem não chegava mais; Tinha hora que pensava Que ele tava andando pra trás. Entre solavancos e berros, O velho embuá de ferro, Viajou a noite inteira, E de manhã cedo, chegou Deu um apito e parou Na estação da Ribeira.

Desembarquei e fiquei Perdido na multidão. Quando eu puxava uma conversa Ninguém me dava atenção. Quando mais bom dia dava, Mais o povo se abusava, Talvez me achando chato. Era um povo diferente, Da qualidade da gente, Das cidadinhas do mato.

Perguntei a mais de mil, Se eles davam notícia De Carmelita de Sousa, Uma cabocla mestiça, Mulher do guarda Pompeu, Mais morena do que eu E de cabelo meio ruim, Que morava na Ari Parreira, Que fica perto da feira No bairro do Alecrim.

Depois de tanta pergunta, Depois de ouvir tanto não, Me apareceu Carmelita, No pátio da Estação, Toda cheia de finesses, Puxando nos Rs e Ss Que nem mulher de doutor, Nem parecia a matuta, Que lavrou a terra bruta, No Sertão do interior.

Mesmo assim me recebeu, Na sua casa modesta, Os primeiros cinco dias, Para nós foram de festa. Quando o sexto dia veio, Resolvi dar um passeio. Mandei engomar a farda, Me banhei, tirei o grude, Me preparei como pude, Para ter um dia de glória.

Passei o resto da tarde, Sentado num tamborete, Pregando estrelas, galões, Broche, alfinete, botões, Comprei mais uns acessórios, Enfeitei o suspensório, Feito de sola curtida. De manhã cedo me vesti, Tomei café e sai, Dando risada da vida.

Na praça Gentil Ferreira, Onde tinha um mercado, Eu parei para tomar fôlego, Quando passava um soldado E fez continência para mim. Eu fiquei pensando assim: Que danado ele viu neu, Na certa ta me confundindo, Ou me achando parecido, Com algum colega seu.

E haja passar soldado, Fazendo assim com a mão. Daqui a pouco era sargento, Coronel, capitão, cabo, Tenente, major E todo o estado maior, Dos quartéis da redondeza Cumprimentavam-me ali Até hoje nunca vi Tamanha delicadeza.

Desfilaram tanques de guerra, Aviões em vôo rasantes, Sirenes tocaram mais fortes, Canhões dispararam distantes. Um praça do Coronel, Puxou do bolso um papel, Onde tinha um letreiro Que dizia: – Nossa terra Tem um espião de guerra, Que chegou do estrangeiro.

Não quis falar com ninguém, Não pergunta e nem responde, Ninguém sabe de onde vem, Ninguém sabe onde se esconde. A sua farda é de cor de ameixa, A impressão que nos deixa, É que é um grande guerreiro, Filho de outra nação, Ou um perigoso espião, Das guerras do estrangeiro.

Vamos levá-lo ao quartel, Para uma averiguação, Pois precisamos saber, De onde veio esse espião. Em seguida me levaram Ao quartel e me entregaram Ao Comandante Geral Que, quando me viu fardado, Perguntou meio assustado: - Que tá fazendo em Natal?

Donde diabo é essa farda? Faça o favor de informar, E como se chama a nação Que usa uniforme diferente? E quem lhe deu tanta patente? A troco não sei de que. E porque Vossa Excelência Não responde as continências, Afinal, quem é você?

Coronel, eu sou Zé Carrapeta, Sou filho do Cariri. Não sei fazer continência, Pra gente que nunca vi. Porém, nunca fui intruso E, acredite, eu só uso Esse quepe de biriba, Essa farda e esse coturno, Porque sou Guarda Noturno, Em Sapé, na Paraíba.
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ASTÚCIA DE CABOCLO

Matuto briga com onça Pantera preta ferida Hiena, leoa choca Cachorra doida parida Até mesmo candidato Falso mentiroso e chato Quando num palanque berra Ele é capaz de aguentar Mas quer ver ele afrouxar O convoque para a guerra

Ainda hoje tem veio Perdido dentro da serra Somente porque um dia Sonhou que ia pra guerra Ninguém conta as agressões Das automutilações Feitas propositalmente Até hoje no sertão Faltando dedo de mão Tem um punhado de gente

Enquanto houver mutilado Lembrando o que encarou A segunda grande guerra Ainda não acabou Aquela coisa terrível Causou um estrago horrível No seio da humanidade Valentão com medo dela Perdeu pra não ir pra ela Muita preciosidade

O caboclo Zé Cangalha Lá da nossa freguesia Andava a cima e a baixo Arrotando valentia Certo dia recebeu Uma carta, e quando leu Mudou de cor e feição Tremeu, chorou, ficou mudo Quando viu que o conteúdo Era uma convocação

Tava escrito no papel Venha se apresentar No dia vinte as dez horas No comando militar Para ser examinado O senhor foi convocado Pra ser nosso companheiro Caso não esteja tísico Nem porte defeito físico Vai brigar no estrangeiro

O matuto desabou Depois que leu a mensagem Antes do dia marcado Fez uma grande bobagem Na quentura dum ferrolho Crestou a íris do olho Que o cristalino azulou E depois do ato impensado Ficou tão aliviado Que até comemorou

Quando chegou o momento Dele se apresentar Vestiu-se da melhor roupa Que tinha pra passear Pôs no bolso o documento Selou o velho jumento Seu companheiro fiel E assim que a barra surgiu Montou no jegue e partiu Em procura do quartel

Crente na estupidez Que praticara outro dia Partiu levando a certeza Que para a guerra não ia O olho inutilizado Carimbava o atestado Da sua incapacidade Entre mil divagações Entrava o nosso Camões Na sonolenta cidade

Na pracinha da matriz Zé Cangalha desmontou Na melhor sombra que tinha O seu jumento deixou E seguiu para o quartel Lá, entregou o papel Mandaram ele aguardar E quando chegou sua vez Um guarda nada cortes Mandou o acompanhar

Até a sala, onde um médico   
Assim que o avistou Ensaiando um ar de riso De onde estava falou Eu não sei porquê Você foi convocado
  Porque pra ser soldado não dar O senhor tá dispensado Tá livre e desconvocado Nem precisava vir cá
O nosso herói quando ouviu A sentença a seu favor   
Sentiu-se tão confiante Que perguntou, ô Doutor É porque me falta um olho Não sabia que caolho Não podia guerrear O doutor respondeu não Por favor, preste atenção Escute o que eu vou falar
Você tá muito enganado   

Pelo olho você ia O olho cego é que é bom Pra se fazer pontaria E depois dum fogo cerrado Olhar se tá empenado O cano da escopeta Que parou de atirar Eu só vou lhe dispensar Porque você é zambeta

FONTE: BLOG DA BESTA FUBANA

FRASE DA SEMANA

Carregue dentro si apenas o bem. O amor, a bondade e a paz são sempre boas companhias. (Autor Desconhecido)

RECEITA DA SEMANA

Receita de Bisteca de Porco com Maçã

Bisteca de Porco com Maçã
Tempo de preparo: 30 minutos
Rendimento: 4 porções
Dificuldade: fácil

Ingredientes da Receita de Bisteca de Porco com Maçã

4 bistecas de porco com 2,5 cm de espessura
1/2 colher (chá) de sal
4 dentes de alho amassados
Alecrim e pimenta-do-reino a gosto
1 colher sopa de azeite
2 maçãs verdes sem casca e sem sementes, cortadas em gomos
1/2 xícara (chá) de água

Como Fazer Bisteca de Porco com Maçã

Modo de Preparo:
Tempere as bistecas com o sal, o alho e a pimenta. Deixe descansar por uma hora. Polvilhe o alecrim.
Aqueça o azeite na panela de pressão, ao fogo médio e frite as bistecas por cinco minutos de cada lado ou até dourarem.
Junte as maçãs e doure por dois minutos.
Acrescente a água, tampe e abaixe o fogo.
Deixe ferver e cozinhe por dez minutos.
Apague o fogo e deixe sair toda pressão.
Abra a panela e verifique se a carne está macia.
Se precisar cozinhe mais um pouco.