JANSEN FILHO
Miguel
JANSEN FILHO: Nasceu no dia 1º de maio de 1925, na cidade de Monteiro,
Estado da Paraíba e faleceu em São Paulo, no dia 18 de julho de 1994;
filho de Miguel Jansen de Paiva Pinto e D. Maria Virgem de Paiva Pinto.
Iniciou o curso primário em Monteiro, no Grupo Escolar Miguel Santa
Cruz, concluindo no Colégio Olegário Barros, em Taubaté, São Paulo,
cursando, também, aí, no secundário, formando-se em Ciências Jurídicas e
Sociais pela Faculdade de Direito das Faculdades Metropolitanas Unidas
de São Paulo. Jansen Filho começou a fazer versos, ainda criança, em
Monteiro, influenciado pela presença dos violeiros e repentistas que
freqüentavam as feiras livres do interior.
Deixando o sertão, estabeleceu-se no Rio de Janeiro e, lá, qual um trovador medieval, era convidado a declamar as suas poesias nas mais nobres residências da Cidade Maravilhosa, sendo aplaudido e admirado por todos. Recebeu o título de Cidadão Honorário da Cidade de São José dos Campos; Membro Benemérito da Academia de Letras da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, de São Paulo; Troféu da Academia Paraibana de Poesia, de João Pessoa; homenageado com a criação do Grêmio Literário Jansen Filho, do Lyceu Paraibano; Membro da Academia Joseense de Letras de São José dos Campos, entre outros títulos e honrarias.
Deixando o sertão, estabeleceu-se no Rio de Janeiro e, lá, qual um trovador medieval, era convidado a declamar as suas poesias nas mais nobres residências da Cidade Maravilhosa, sendo aplaudido e admirado por todos. Recebeu o título de Cidadão Honorário da Cidade de São José dos Campos; Membro Benemérito da Academia de Letras da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, de São Paulo; Troféu da Academia Paraibana de Poesia, de João Pessoa; homenageado com a criação do Grêmio Literário Jansen Filho, do Lyceu Paraibano; Membro da Academia Joseense de Letras de São José dos Campos, entre outros títulos e honrarias.
De quando eu era menino
E saia sem destino
À procura de brinquedo?...
Papai ficava escrevendo
E toda vez que eu saia
Você sempre me dizia:
"Não demore! Volte cedo!"
E quando eu deixava a mesa,
Ia em direção à sala,
Escutava a sua fala:
"Meu relógio nunca atrasa!"
E para mim se voltando
Dizia, depois da ceia:
"O mais tardar: sete e meia
Você tem que estar em casa!"
Eu saia como o vento,
Correndo pelas calçadas,
Brincando com os camaradas
Sem passado e sem porvir!
Faltando cinco minutos
A brincadeira acabava
E às sete e meia eu voltava
Para rezar e dormir...
À beira da minha cama
Você, mamãe, se sentava
E tranqüila me ensinava
Padre Nosso... Ave Maria...
Depois lhe pedia a benção,
Pedia a papai também,
Sem falar mais com ninguém
Fechava os olhos e dormia...
Fui crescendo! Fui crescendo!
E quando mudei de idade
Morreu a tranqüilidade
Do menino inexperiente!
Com a carta de A. B. C.
Um lápis, uma sacola,
Você me pôs numa escola
- Outro mundo diferente!
Mas um dia, a Professora
Me bateu!... Não sei porque!
Minha carta de A. B. C.
Lhe atirei de encontro ao rosto!
E você sabendo disso
Caiu prostrada num canto!
Seu sofrimento foi tanto,
Quase morreu de desgosto!
Lá me fui para outra escola!
Aquela não me aceitava!...
- Dona Faninha me odiava!
Pobre velha sofredora!
Hoje dou graças a Deus
Por algo ter aprendido
E viver arrependido
Do que fiz com a Professora!
Um dia, Você, Mamãe,
Me mandou comprar o pão.
Depois que cuspiu no chão
Disse: "Volte num segundo!"
"E se esse cuspo secar
E eu perceber sua ausência,
Fique certo - a penitência
Será a maior do mundo!"
Sai sem nenhum temor,
Não fiz caso da ameaça,
Fiquei correndo na praça,
Esquecendo o meu dever...
Mas quando cheguei em casa
Você me bateu à bessa...
Se papai não vem depressa,
Não parava de bater!...
Então corri como um louco,
Saltei a porta da frente!
Chovia torrencialmente
E ante o temporal fechado
Sai numa disparada,
Blasfemei enquanto pude
Gritando: vou para o açude
Para morrer afogado!
Nossos bondosos vizinhos
Entraram na noite escura,
Todos à minha procura
Sem saber onde eu estava!
Mas depois que me encontraram
Foi aquela romaria:
O povo todo sorria!
Só Você, Mamãe, chorava!...
Me bateu!... Não sei porque!
Minha carta de A. B. C.
Lhe atirei de encontro ao rosto!
E você sabendo disso
Caiu prostrada num canto!
Seu sofrimento foi tanto,
Quase morreu de desgosto!
Lá me fui para outra escola!
Aquela não me aceitava!...
- Dona Faninha me odiava!
Pobre velha sofredora!
Hoje dou graças a Deus
Por algo ter aprendido
E viver arrependido
Do que fiz com a Professora!
Um dia, Você, Mamãe,
Me mandou comprar o pão.
Depois que cuspiu no chão
Disse: "Volte num segundo!"
"E se esse cuspo secar
E eu perceber sua ausência,
Fique certo - a penitência
Será a maior do mundo!"
Sai sem nenhum temor,
Não fiz caso da ameaça,
Fiquei correndo na praça,
Esquecendo o meu dever...
Mas quando cheguei em casa
Você me bateu à bessa...
Se papai não vem depressa,
Não parava de bater!...
Então corri como um louco,
Saltei a porta da frente!
Chovia torrencialmente
E ante o temporal fechado
Sai numa disparada,
Blasfemei enquanto pude
Gritando: vou para o açude
Para morrer afogado!
Nossos bondosos vizinhos
Entraram na noite escura,
Todos à minha procura
Sem saber onde eu estava!
Mas depois que me encontraram
Foi aquela romaria:
O povo todo sorria!
Só Você, Mamãe, chorava!...
Hoje que o tempo passou
E eu acordei para a vida,
É que sei, mamãe querida
Os erros que pratiquei!...
Você bem sabe, Mamãe,
Que eu fui um menino horrível
Pela série indescritível
Dos desgostos que lhe dei!
Ajoelho-me ante a distância
Para lhe pedir perdão
E dizer de coração:
SEU FILHO SE ARREPENDEU!
Arrependi-me mamãe
De tudo ter praticado.
Porisso odeio o passado
Só porque você sofreu!...
Mas a mamãe carinhosa,
amiga, fraterna e boa,
Ama, castiga, perdoa,
Faz o que você me fez!
Se eu voltasse à minha infância
Seria feliz porque
Estou certo que você
Me perdoaria outra vez!
Jansen Filho
Do livro: "Poemas de Jansen Filho", Irmãos Pongetti Editores, 1959, RJ
E eu acordei para a vida,
É que sei, mamãe querida
Os erros que pratiquei!...
Você bem sabe, Mamãe,
Que eu fui um menino horrível
Pela série indescritível
Dos desgostos que lhe dei!
Ajoelho-me ante a distância
Para lhe pedir perdão
E dizer de coração:
SEU FILHO SE ARREPENDEU!
Arrependi-me mamãe
De tudo ter praticado.
Porisso odeio o passado
Só porque você sofreu!...
Mas a mamãe carinhosa,
amiga, fraterna e boa,
Ama, castiga, perdoa,
Faz o que você me fez!
Se eu voltasse à minha infância
Seria feliz porque
Estou certo que você
Me perdoaria outra vez!
Jansen Filho
Do livro: "Poemas de Jansen Filho", Irmãos Pongetti Editores, 1959, RJ