JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 17 de novembro de 2013

RECEITA DA SEMANA

Receita de Dobradinha com Feijão Branco

Dobradinha com Feijão Branco

Ingredientes da Receita de Dobradinha com Feijão Branco

1 kg de dobradinha
1/2 kg de feijão branco
3 paios cortado em rodelas finas
3 limões
3 colheres (sopa) de óleo
1 cebola grande picada
4 dentes de alho amassados
5 tomates sem pele e sem sementes, picados
coentro e cebolinho picados
1 colher (sopa) rasa de colorau
1 colher (sobremesa) de cominho
Sal e pimenta do reino a gosto

Como Fazer Dobradinha com Feijão Branco

Modo de Preparo:
De véspera, ponha o feijão de molho na água.
No dia seguinte, lave a dobradinha e esfregue o limão.
Deixe de molho em água fria, por uma hora.
Escorra, lave e corte em cubinhos.
Escalde a dobradinha por 5 minutos, escorra e lave.
Leve ao fogo o feijão, a dobradinha e o paio, com bastante água.
Deixe cozinhar até amolecer um pouco. Junte água se necessário.
Refogue no óleo, a cebola e o alho. Junte os outros temperos e refogue mais um pouco. Misture à dobradinha e deixe cozinhar até amolecer. Coloque mais água., se necessário.
Deixe formar um caldo grosso.
Sirva com arroz, farinha de mandioca e limão. 

POETAS DA SEMANA

VERSOS COLHIDOS DO FACE, A MAIORIA, CEDIDOS PELO POETA ARY DA FARMÁCIA.

ESSA MINHA CABELEIRA
COM OS ANOS SE MALTRATA
FOI NEGRA COMO VELUDO
HOJE ESTÁ DA COR DE NATA
PARECE UM LENÇOL DE NEVE
NUMA MONTANHA DE PRATA
(CANHOTINHO)

JOÃO PARAIBANO DEIXOU PRA SEBASTIÃO DIAS:

"EM CIMA DO CORPO BAMBO
UM MATULÃO DE MOLAMBO
E UM CÃO XOTEANDO ATRÁS".

O LAMPIÃO NÃO TEM GÁS
E A PANELA NÃO TEM COENTRO
AONDE TEM SOLIDÃO
ELE VIAJA NO CENTRO
NO PÉ A BOLHA DE UM CALO
E OS FUROS DE UM SACO RALO
MOSTRANDO O QUE LEVA DENTRO.
(SEBASTIÃO DIAS)

NA CANTORIA DO ANIVERSÁRIO DOS 70 ANOS DO INESQUECÍVEL MANOEL FILÓ:

"MANOEL NESSE EDIFÍCIO
JÁ BRINCOU COM CARRAPETA
QUEIMOU A LÍNGUA COM MOLHO
DE PIMENTA MALAGUETA
CUROU FERIDA COM CASCA
DE PAU DE JUREMA PRETA"

"MANOEL É NOSSO ADÃO
SUA ESPOSA É SUA EVA
SEUS CABELOS COR DA PAZ
JÁ FORAM DA COR DA TREVA
QUE O PESO QUE O TEMPO BOTA
PESA MAIS DO QUEM LEVA"
(JOÃO PARAIBANO)

OS PÉS NO CHÃO POEIRENTO
JÁ SENTINDO-SE FERIR,
UM SACO COM O UM PRATO SECO
SEM TER PÃO PRA SE NUTRIR
CALÇA CHEIA DE CUPIRA
E UM CINTURÃO DE IMBIRA
PRENDENDO PRA NÃO CAIR
(JOÃO PARAIBANO)

SÓ FALTA POUCO CAIR
PELAS ESTRADAS COMPRIDAS
QUANDO A TARDE VAI MORRENDO
SENTE AS CANELAS DOÍDAS
SE ABRIGA NO PÉ DO MORRO
E SENTE A LÍNGUA DO CACHORRO
LAMBENDO AS SUAS FERIDAS
(SEBASTIÃO DIAS)

DEIXA DE SEBASTIÃO DIAS:

"EU FICO LHE PERGUNTANDO 
SE ATÉ DEUS FOI RETIRANTE"

LEVA COMO ACOMPANHANTE
UM CACHORRO LHE SEGUINDO
ENQUANTO ELE FALA SÓ
O CACHORRO ESTÁ LATINDO
MAS É TÃO ACOSTUMADO
QUE PERMANECE ACORDADO
ENQUANTO ELE ESTÁ DORMINDO
(JOÃO PARAIBANO)

“Quando a lança de roma abriu o peito 
E do alto da cruz, desceu o cristo 
Era o filho de deus passando um visto 
No contrato que o pai havia feito”.
(Lenelson Piancó)


MAIS UMA RELÍQUIA PRESENTEADA PELO POETA/GRAVADOR ARY DA FARMÁCIA.

A formiga de volta ao formigueiro
Prende a folha no gume da tesoura
Camponesa com ramos de vassoura
Faz desenhos na areia do terreiro
A fumaça da luz de um cadeeiro
Deixa um teto com marcas de carvão
A mãe pobre de milho faz o pão
Que não (pôde) comprar na padaria
DAS CARÍCIAS DA NOITE NASCE
AQUECENDO OS MOCAMBOS DO SERTÃO.
(JOÃO PARAIBANO)

A abelha pra Deus não paga nada
Por nutrisse do mel que a rosa bebe
Como um príncipe de ouro o sol recebe
Os afagos da mão da madrugada
A galinha se gruda na ninhada
Procurando esconder do gavião
Um peru dando voltas no oitão
Se soubesse falar também dizia
DAS CARÍCIAS DA NOITE NASCE
AQUECENDO OS MOCAMBOS DO SERTÃO.
(JOÃO PARAIBANO)

O menino brincando no baixio
Pinta o rosto com tinta de azeitona
As traíras viajam de carona
No remanso que água faz no rio
O Nambu do pé roxo solta um pio
Depois voa assustando o caçador
Faz barroca no chão quando vai por
São seis ovos pra o choco do casal
O INVERNO É QUE MUDA O VISUAL
DA PAISAGEM DO MEU INTERIOR!
(João Paraibano).


Mais um verso cedido por Ary da Farmácia.

Na guerra da Alemanha
Viam-se vários soldados
Dos grupos despatriados
Pelo Sopé da Montanha
Naquela infeliz campanha
Cinco, seis fora da tropa
Dos barrações da Europa
Só se avistava os pedaços
Corpos sem pernas, sem braços
Chapéu sem beira e sem copa.
(Manoel Pedro Clemente)


MOMENTO DO POEMA FILOSÓFICO

O poeta Bonedes Eduardo, cantando na Paraíba, foi sugerido a ele e ao parceiro o tema "Beijo". Confiram que sextilha filosófica arrebatadora, o jovem poeta construiu:

O beijo dado com gosto
Desperta paixões agudas
Tem muitos beijos que deixam
Olhos cegos, bocas mudas
Tem muitas bocas de santos
Que aplicam beijos de Judas!


3 Estrofes no MOTE de FELIZARDO MOURA

Tantas formas disformes no universo
Onde Deus fez o céu, como limite,
Painéis que Ele faz, não há quem imite
Feito um verso, sem paga de outro verso.
Ele une e separa o adverso
Finda o dia onde a noite principia,
Deixa o céu colorido em sintonia
Sem mudar sua forma transparente. 
A mistura de cores no poente
Deixa o céu mais bonito ao fim do dia.

Toda tarde Deus pinta a tez do acaso
Sem rascunho, fiel, aos tons do clima
E às seis horas entrega a obra prima
Sem cobrar pela obra e sem atraso.
Não repete uma tela, nem põe prazo
Põe na tinta um mistério que arrepia
Que Ele pinta e “despinta” com magia 
Não escorre e nem fica permanente.
A mistura de cores no poente
Deixa o céu mais bonito ao fim do dia.

Toda mágica do dia ao céu invade 
Quando o mesmo agoniza no horizonte,
Ante o luto da noite, eu vejo o monte
Em um tom bronzeado de saudade.
Com nuances de exclusividade
Não há cópia real do que Deus cria,
Se quem faz a mistura não copia
Quem copia não faz, por mais que tente.
A mistura de cores no poente
Deixa o céu mais bonito ao fim do dia.

Lima Júnior

Fiz este soneto hoje e faço questão de mostrar aos amigos e amigas do face.

CICLO DA VIDA!

Não concordo viver só de saudade
Cultuando com dor, tristeza e ânsia
Os bons tempos viris da mocidade
E cenários de nossa terna infância

Viver bem é manter sobriedade
Aceitando o seu ciclo em consonância
Cada dia que passa é na verdade
Um avanço real que traz distância

Importante é seguir tranquilamente
Ao notar que viver é ir em frente
Entendendo as mudanças da existência

Quem na vida fugir do inevitável
Vai sofrer, pois o tempo é implacável
E é feliz quem entende a sua essência!
(Nenen Patriota)


O amargo do NÃO embarga a voz
Na barreira do tempo e do orgulho
Mas a boca que cala faz barulho
Que o disfarce se quebra logo após
Tudo quanto existir dentro de nós
Jamais passa dum fosco e vil recorte
E não há nesse mundo quem suporte
Quando a mão do destino nos opera
"Para que cicatriz se a carne espera
Sobre o vão da ferida mais um corte."

Mariana Véras


FILME DA SEMANA

Um Amor para Recordar
Não posso velo mais posso senti-lo

É a comovente história de Landon, o rapaz mais popular da escola. Apesar de desajustado e agressivo, ele se apaixona perdidamente por Jamie. Jamie é uma menina que vive em outro mundo. Filha do pastor da cidadezinha, é estudiosa e compenetrada, cumpridora de seus deveres. É muito meiga, doce e gentil. Jamie é o oposto de Landon. Ela nunca imaginou se relacionar com Landon, muito menos se apaixonar perdidamente por ele.

A história se passa nos anos 90, Landon Carter (Shane West) é punido por ter feito uma brincadeira de mal gosto em sua escola. Como punição ele é obrigado a participar de uma peça teatral, que está sendo montada na escola. É quando ele conhece Jamie Sullivan (Mandy Moore), uma jovem estudante de uma escola pobre. Com o tempo Landon acaba se apaixonando por Jamie que, por razões pessoais, faz tudo ao seu alcance para escapar de seu assédio.

O filme dá uma lição dos verdadeiros valores que o homem deve perseguir para conquistar, a todo custo.

Mas o destino que os uniu, vai também separá-los. Ela tem uma doença fatal. O lindo romance entre Landon e Jamie será em breve, Um Amor para Recordar.

Um Amor para Recordar é romântico e inesquecível! Merece ser descoberto e receber prêmios pela boa atuação dos personagens, sua sintonia perfeita, direção, enredo, trilha sonora; excelente interpretação.

É uma história comovente que faz refletir sobre a valorização da vida e a maneira de viver. 


FRASE DA SEMANA

"O espelho pode mentir, não mostra como você é por dentro".
(Demi Lovato)

domingo, 10 de novembro de 2013

POETA DA SEMANA

POETA PEDRO FERNANDES

Na jangada da vida eu naveguei
Vela içada em busca do prazer,
Aos ventos agitados quis vencer
Minha âncora de paixão eu levantei,
pela bússola da razão não me guiei
e num porto de angústia fui parar,
se tiver nova chance, vou traçar
uma rota que desvie o desatino
Apanhei pra deixar de ser menino
Hoje eu apanho tentando não errar.

Paguei caro pela ingenuidade,
Foram horas de dor e sofrimento
Confundi desejo e sentimento
No fulgor da minha mocidade,
Sem querer, causei infelicidade
Meu amor tinha prazer em negar
O orgulho me impedia perdoar
Num machismo que agora recrimino
Apanhei pra deixar de ser menino
Hoje eu apanho tentando não errar.


Mote de: Maciel Melo
Glosa: Pedro Fernandes. 05/06/2011


Este ano o nordeste está chovido
Açudes e rios, todos cheios,
A Chuva dissolveu os aperreios
devolvendo ao campo o colorido,
O lombo do serrote está florido
E o baixio parece um tapetão,
No café de manhã tem requeijão
Pra matar a vontade de menino,
Se tiver por aqui um nordestino
Vai chorar com saudade do sertão.

O milho do roçado está maduro
O feijão e a fava em abundância
O asfalto reduziu muito a distância
O nordeste está rico e mais seguro
Luz elétrica espantou todo o escuro
E nos sítios tem até televisão
Que além de novela, há diversão:
São os versos de Rogério com Raulino
Se tiver por aqui um nordestino
Vai chorar com saudade do sertão.

Tem leite quentinho, manhã cedo
Pra se beber lá dentro do curral
A espuma quentinha e natural
Sobrando na caneca, mais de dedo
Acabou sofrimento e o degredo
Que as águas transpostas irrigarão
A esperança em cada coração
Abrindo as algemas do destino
Se tiver por aqui um nordestino
Vai chorar com saudade do sertão.

Conterrâneos que estão longe de casa
Tangidos pela inospitalidade
Da estiagem que varreu sem piedade
E deixou coração de mãe em brasa
Quando fala em voltar o olho vasa
Vive longe mais não é por opção
Pra voltar não dispõe de condição
Mas viaja na voz de Marcolino
Se tiver por aqui um nordestino
Vai chorar com saudade do sertão.

O mote( autoria desconhecida) foi dado a Ivanildo Vilanova, numa cantoria em SP, há anos atras.

Glosa: Pedro Fernandes - A pedido de Fátima Marcolino.

Da minha terra singela
posso admirar a lua
um vaga-lume que Deus
pois no espaço e flutua
tinge de prata o sertão
desperta no coração
minha saudade e a tua.

Hoje a festa continua
porém o dever me chama
tenho que ir embora
revivendo o mesmo drama
que na primeira partida
eu chorei na despedida
ao deixar Tuparetama.

No quadro do céu azul
lua é um disco de giz
o seu rastro é invisível
sem marca sem cicatriz
e eu aprendi com ela
sobreviver à procela
sem perder minha raiz.

Pedro Fernandes 04/07/2009.
Tantos planos desenhei
Sonhando de olho aberto
Achava que dava certo
Tudo quanto desejei
Intempéries enfrentei
Borrascas lúgubres de amor
me deformaram o pudor
congelando a esperança
sem pureza de criança
Deixei de ser sonhador.

No tosco circo da vida
Com as luzes me iludi
Sentimentos confundi
sob uma lona encardida
no trapézio da bebida
fiz vôo embriagador
e sem item protetor
aterrizei no fracasso
só quando escapei do laço
deixei de ser sonhador.

Acreditei em promessas
Que as Marias faziam
Todas elas descumpriam
Aquelas do jeito dessas
Para jurar tinham pressas
Pra cumprir tinham pavor
Juravam com esplendor
Negavam por brincadeira
De tanto levar rasteira
Deixei de ser sonhador.

Mote de Manoel Rodrigues
Glosa de; Pedro Fernandes
João Pessoa, 19/06/2010.

SER MÃE

Mãe que me deu luz e vida
Me abrigou nove meses
Se acordou muitas vezes
Pra fazer minha comida
Quando sentia a mordida
Que eu lhe dava nos seios
De água seus olhos cheios
A mamada não parava
aí é que me abraçava
saciando meus anseios.

Se eu dormisse de dia
Ficava a noite acordado
E ela ali do meu lado
Cochilava e não dormia
Se a noite estivesse fria
Me agasalhava na manta
A fé de mãe era tanta
Enquanto embalava o berço
Ia dedilhando um terço
Rezando pra outra santa.

Mãe, é fonte de candura
Roseira que exala amor
Seu sopro alivia a dor
O seio jorra doçura
Seu colo tem a fofura
Do capucho de algodão
Uma usina de perdão
Sinfonia que me embala
A voz da razão que fala
No palco do coração.

Pedro Fernandes. 

PONTO DE REFLEXÃO

EU QUERO O MEU SERTÃO DE VOLTA!
                                              

Nos últimos dez anos tenho viajado freqüentemente pelo sertão de Pernambuco, e assistido, não sem revolta, a um processo cruel de desconstrução da cultura sertaneja com a conivência da maioria das prefeituras e rádios do interior. Em todos os espaços de convivência, praças, bares, e na quase maioria dos shows, o que se escuta é música de péssima qualidade que, não raro, desqualifica e coisifica a mulher e embrutece o homem.
O que adianta as campanhas bem intencionadas do governo federal contra o alcoolismo e a prostituição infantil, quando a população canta “beber, cair e levantar”, ou “dinheiro na mão e calcinha no chão” ? O que adianta o governo estadual criar novas delegacias da mulher se elas próprias também cantam e rebolam ao som de letras que incitam à violência sexual? O que dizer de homens que se divertem cantando “vou soltar uma bomba no cabaré e vai ser pedaço de puta pra todo lado” ? Será que são esses trogloditas que chegam em casa, depois de beber, cair e levantar, e surram suas mulheres e abusam de suas filhas e enteadas? Por onde andam as mulheres que fizeram o movimento feminista, tão atuante nos anos 70 e 80, que não reagem contra essa onda musical grosseira e violenta? Se fazem alguma coisa, tem sido de forma muito discreta, pois leio os três jornais de maior circulação no estado todos os dias, e nada encontro que questione tamanha barbárie. E boa parte dos meios de comunicação são coniventes, pois existe muito dinheiro e interesses envolvidos na disseminação dessas músicas de baixa qualidade.
E não pensem que essa avalanche de mediocridade atinge apenas os menos favorecidos da base de nossa pirâmide social, e com menor grau de instrução escolar. Cansei de ver (e ouvir) jovens que estacionam onde bem entendem, escancaram a mala de seus carros exibindo, como pavões emplumados, seus moderníssimos equipamentos de som e vídeo na execução exageradamente alta dos cds e dvds dessas bandas que se dizem de forró eletrônico. O que fazem os promotores de justiça, juízes, delegados que não coíbem, dentro de suas áreas de atuação, esses abusos?
Quando Luiz Gonzaga e seus grandes parceiros, Humberto Teixeira e Zé Dantas criaram o forró, não imaginavam que depois de suas mortes essas bandas que hoje se multiplicam pelo Brasil praticassem um estelionato poético ao usarem o nome forró para a música que fazem. O que esses conjuntos musicais praticam não é forro! O forró é inspirado na matriz poética do sertanejo; eles se inspiram numa matriz sexual chula! O forró é uma dança alegre e sensual; eles exibem uma coreografia explicitamente sexual! O forró é um gênero musical que agrega vários ritmos como o xote, o baião, o xaxado; eles criaram uma única pancada musical que, em absoluto, não corresponde aos ritmos do forró! E se apresentam como bandas de “forró eletrônico”! Na verdade, Elba Ramalho e o próprio Gonzaga já faziam o verdadeiro forró eletrônico, de qualidade, nos anos 80.
Em contrapartida, o movimento do forró pé-de-serra deixa a desejar na produção de um forró de qualidade. Na maioria das vezes as letras são pouco criativas; tornaram-se reféns de uma mesma temática! Os arranjos executados são parecidos! Pouco se pesquisa no valioso e grande arquivo gonzaguiano. A qualidade técnica e visual da maioria dos cds e dvds também deixa a desejar, e falta uma produção mais cuidadosa para as apresentações em geral.
Da dança da garrafa de Carla Perez até os dias de hoje formou-se uma geração que se acostumou com o lixo musical! Não, meus amigos: não é conservadorismo, nem saudosismo! Mas não é possível o novo sem os alicerces do velho! Que o digam Chico Science e o Cordel do Fogo Encantado que, inspirados nas nossas matrizes musicais, criaram um novo som para o mundo! Não é possível qualidade de vida plena com mediocridade cultural, intolerância, incitamento à violência sexual e ao alcoolismo!
Mas, felizmente, há exemplos que podem ser seguidos. A Prefeitura do Recife tem conseguindo realizar um São João e outras festas de nosso calendário cultural com uma boa curadoria musical e retorno excelente de público. A Fundarpe tem demonstrado a mesma boa vontade ao priorizar projetos de qualidade e relevância cultural.
Escrevendo essas linhas, recordo minha infância em Serra Talhada, ouvindo o maestro Moacir Santos e meu querido tio Edésio em seus encontros musicais, cada um com o seu sax, em verdadeiros diálogos poéticos! Hoje são estrelas no céu do Pajeú das Flores! Eu quero o meu sertão de volta!

                            Anselmo Alves
                                                                                  j.anselmoalves@hotmail.com     

FILME DA SEMANA

O fazendeiro e Deus.


O FAZENDEIRO E DEUS

filme O fazendeiro e Deus  é um drama e sua classificação etária é de 16 anos contando com tempo de duração de 116 minutos, sendo que possui um incrível elenco entre eles Frank Rautenbach e Jeanne Nielson. Esse filme é baseado em fatos reais um dos fatores que acaba mais chamando atenção é a sua forma rústica e original na qual ele prega a fé em Cristo e não uma religião, sua fazenda acabou tornando-se um ministério onde emprega trabalhadores locais, também criou um orfanato que acolhe cerca de 200 crianças órfãs e vitimas da AIDS, recomendo assistirem este filme até mesmo para uma reflexão.

SINOPSE: 

Filme O Fazendeiro e Deus resumo

Capa do DVD do filme.O Fazendeiro e Deus conta a história de um fazendeiro chamado Angus Buchan de origem escocesa que acaba se mudando com toda sua família de sua fazenda em Zâmbia, por consequência do perigo que corriam na agitação política no momento, e com isso mudam-se para uma fazenda na África do Sul situada em KwaZulu-Natal.
Em resumo, Buchan e sua família começam a trabalhar em terras novas recomeçando assim do zero, eles moravam em um trailer e contavam com a ajuda de um Zulu chamado de Simeon Bhengu.
Com os vários desafios da família Buchan de se estabelecer em outro país, e a cada dia eles iam se confrontando com dificuldades ainda maiores, Angus rapidamente começou a ser consumido com o sentimento de raiva, medo, destruição e incredulidade. Vendo tudo isso sua mulher o convence de participar de uma igreja, assim sendo, ele foi influenciado a entregar sua vida a Jesus Cristo, e a partir disso a vida dele começa a mudar e acontecimentos sobrenaturais começam a acontecer quando Angus reza com fé, com os ocorridos ele dá vários testemunhos para fiéis em cidades vizinhas.
Mas algo iria mudar sua vida completamente, Buchan resolve plantar batata em uma época não propicia, mas pensando ser liderado por Deus, ele planta-as em terras secas e sem previsões de chuva, todos pensaram que a colheita seria um fracasso, mas quando chega a hora todos veem que a safra deu batatas gigantes.

FRASE DA SEMANA



"Quando o sorriso de um amigo lhe fizer feliz, você saberá que tornou-se amigo de verdade".
(Desconhecido)

RECEITA DA SEMANA

Receita de Charque com Banana-da-Terra

Charque com Banana-da-Terra

Ingredientes da Receita de Charque com Banana-da-Terra

500g de charque dessalgada
1 colher (sopa) de óleo
3/4 de xícara de toucinho fresco cortado em cubos pequenos
1 cebola grande cortada em rodelas
1 dente de alho amassado
1 1/2 xícara de água
4 bananas-da-terra médias descascadas e cortadas em rodelas
Sal e pimenta do reino a gosto
Coentro picado para polvilhar

Como Fazer Charque com Banana-da-Terra

Modo de Preparo:
Corte o charque em cubos de 2 cm e Reserve.
Aqueça óleo em uma panela em fogo médio, junte o toucinho, frite, mexendo até ficar dourado, retire com uma escumadeira escorrendo bem e reserve.
Coloque cebola, alho e charque na panela, refogue até a carne ficar bem dourada, acrescente água, misture, tampe a panela e deixe cozinhar em fogo baixo, por cerca de 1 hora ou até o charque ficar macio, juntando mais água se for necessário.
Acrescente a banana-da-terra, continue o cozimento por mais alguns minutos, tempere a gosto com sal e pimenta e tire do fogo.
Passe para um prato de servir, junte o toucinho reservado, polvilhe coentro e sirva.

domingo, 3 de novembro de 2013

POETA DA SEMANA

DEDÉ MONTEIRO

POESIA: Dedé Monteiro, um baú de poesias

Reações: 
José Rufino da Costa Neto, Dedé Monteiro, nasceu no sitio Barro Branco de Tabira/PE, no dia 13 de setembro de 1949. É filho de Antonio Rufino da Costa e de Olivia Pires da Costa.
Começou a escrever versos aos 15 anos de idade, influenciado pelo pai (que cantava cordéis, enquanto trabalhava na roça), pelos vencedores de folheto de feira e pelo violeiros nordestinos.
Publicou três livros de poesia: Retratos do Pajeú, em 1984; Mais um baú de retalhos, em 1995; e Fim de feira, em 2006.
Mestre da poética pajeuzeira, Dedé foi citado ou teve poemas seus publicados em: Na senda do lirismo – de Jô Patriota (1984); Tabira e sua gente – de Nevinha Pires (1995); Cantadores, prosas sertanejas e outras conversas – de Zé Marcolino (1987); Dicionário bibliográfico de poetas pernambucanos, de Lamartine Morais (1993); Tabira, histórias e estórias – de Nevinha Pires (1998); poetas encantadores – de Zé de Cazuza (2001); Pinto Velho do Monteiro, o maior repentista do século – de Ivo Mascena (2002); Lourival Batista Patriota – de Ivo Mascena (2004); As curvas do meu caminho – de Manoel Filó (2004); Pinto do Monteiro, um cantador sem parelha – de Joselito Nunes (2006); Amores perfeitos na beira do mar, coletânea de galopes à beira-mar que organizei (2007) e Palavras ao plenilúnio – de João Batista de Siqueira (Cancão) – organização de Lindoaldo Vieira Campos Júnior (2007).
Atualmente, Dedé, professor aposentado, escreve poesias e é, conforme diz, motorista de Teté (sua esposa), servente de pedreiro para o poeta Gonga (seu irmão) e serve de ‘macaco’ para seus netos Paulo Henrique e Maria Paula.



Soneto: 
Dupla Estiagem

Quando Deus manda, lá por seus motivos,
Dois anos secos para os sertanejos,
Se os mesmos anos são consecutivos,
Tombam por terra todos os desejos.

Pelas estradas, tristes, pensativos,
Vão-se arrastando, como caranguejos,
Milhares desses pobres semi-vivos,
Deixando a vida sobre seus rastejos.

A nossa terra, que com chuva é rica,
Faltando a mesma, desprezada fica,
Tombando a seca sobre os ombros nus.

O sol resseca todas as alfombras
E os bichos brutos vão procurar sombras
Nas sombras magras dos mandacarus.

( Dedé Monteiro - 1979)

UMA DÉCIMA

 É nesse tempo, também, 
Que faz seus primeiros versos,
Que estão por aí afora,
Extraviados, dispersos...
Versos simples e inocentes,
Que só mostrava aos parentes,
Gente de fora não via...
Mostrava aos de casa, sim,
Porque parente é assim:
Aplaude até porcaria.  [...]



FIM DE FEIRA

O lixo atapeta o chão
Um caminhão se balança
Quem vem de fora se lança
Em cima do caminhão
Um ébrio esmurra o balcão
No botequim da esquina
O gari faz a faxina
Um cego ensaca a sanfona
E um vendedor dobra a lona
Depois que a feira termina.

Miçanga, fruta, verdura,
Milho feijão e farinha,
Bode, suíno, galinha,
Miudeza, rapadura.
É esta a imagem pura
De uma feira nordestina
Que começa pequenina,
Dez horas não cabe o povo.
E só diminui de novo
Depois que a feira termina

Na matriz que nunca fecha
Muito apressado entra alguém
Mas sai vexado também
Se não o carro lhe deixa
O padre gordo se queixa
Do calor que lhe domina
E agita tanto a batina
Quem que vê fica com pena
Toca o sino pra novena
Depois que a feira termina.

A filhinha do mendigo
Sentada a seus pés, num beco,
Comendo um pão doce seco
Diz: papai, coma comigo.
E o velho pensa consigo
Meu deus, mudai sua sina
Pra que minha pequenina
Não sofra o que eu sofro agora
Ria a filha, o velho chora
Depois que a feira termina.

Um pedinte se levanta
Da beira de uma calçada
Chupando uma manga espada
Pra servir de almoço e janta
Um boi de carro se espanta
Se o motorista buzina
Um velho fecha a cantina
Um cachorro arrasta um osso
E o pobre “assa vessa” o bolso
Depois que a feira termina

Um camponês se engana
Chega atrasado na feira
Não compra mais macaxeira,
Nem batata, nem banana
Empurra a cara na cana
Pra esquecer a ruína,
Arroz, feijão, margarina,
Açúcar, óleo, salada,
Regressa e não leva nada
Depois que a feira termina

No açougue da cidade
Das cinco e meia em diante
Não tem um pé de marchante
Mas mosca tem com vontade
Um faxineiro abre a grade
Tira uma mangueira fina
Rodo, pano, creolina,
Deixa tudo uma beleza
Mas só começa a limpeza
Depois que a feira termina

E o dono da miudeza
Já tendo fechado a mala
Escuta o rapaz que fala
Do outro lado da mesa:
- Meu senhor, por gentileza,
O senhor tem brilhantina?
Ele diz com voz ferina:
- Aqui na mala ainda tem
Mas eu não vendo a ninguém
Depois que a feira termina

Um jumento estropiado,
Magro que só a desgraça,
Quando vê que a feira passa
Vai pra frente do mercado
O endereço ao danado
Eu não sei quem diabo ensina
Eu só sei que baixa a crina
Entre as cinco e as cinco e meia
Lancha, almoço, janta e ceia
Depois que a feira termina.


A PORCA PRETA PELADA



Dedé Monteiro

No dia em que eu me casei
Ganhei uma bacorinha.
Era preta e peladinha,
Com muito gosto a criei.
Cresceu tanto que eu nem sei
discriminar a cevada.
Assombrava a meninada
Com seu tipo de gigante!
Parecia um elefante
A porca preta pelada.


Todos tinham medo dela,
Mas ela era tão mansinha
Que eu fiz uma cangalhinha
Pra carregar coisa nela…
Depois comprei uma sela
E a bicha deu de tacada:
Aprendeu toda passada,
Sem ser preciso ensinar…
Todos queriam comprar
A porca preta pelada.

 
Mas eu não vendia não.
Podia vir ouro em pó
Que eu não dava um mocotó
Da bicha por um milhão!
Um dia um rico ancião
Chegou na minha morada
Com uma vaca raçada,
Me cantou pra fazer troca,
Mas eu disse: é de maroca
A porca preta pelada.


O tempo se foi passando,
A fama dela crescia:
Eu estava almoçando um dia
E, quando estava almoçando,
Ouvi um carro zuando,
Saí pra ver da calçada,
Vi o carrinho na estrada,
Dele o prefeito descer
Dizendo: ‘eu vim só pra ver
A porca preta pelada…’


Tudo ia correndo certo,
Mas um dia aconteceu:
Quando o dia amanheceu
Procurei-a e não vi perto…
E, vendo tudo deserto,
Disse: ‘a bicha foi roubada…’
Mas achei a condenada
Na roça de Pedro Mudo.
Estava acabando tudo
A porca preta pelada



Tudo que o Pedro cobrou
Paguei sem fazer questão:
Notei que tinha razão,
Pois quase nada ficou…
E ela não se conformou,
Foi lá outra madrugada;
Dessa vez não deixou nada,
Carregou tudo na pança…
Era um ‘esmeril de França’
A porca preta pelada.


De outra feita fez um oco
Na roça de Tia Zefa:
Comeu quase uma tarefa
De jerimum de ‘caboco’…
Derrubou dez pé de coco,
Cada um de uma dentada…
E titia aperreada
Com essa terrível arte,
Quis matar de bacamarte
A porca preta pelada.


Paguei todo o prejuízo,
Depois chamei um pedreiro,
Mandei fazer um chiqueiro
Do jeito que era preciso.
Gastei até ficar liso,
Mas ela ficou trancada,
Tia ficou sossegada,
Eu sossegado fiquei,
Porque nunca mais soltei
A porca preta pelada.


Já fazia um ano e meio
Que a suína estava presa,
Quando uma rude tristeza
Quase aniquilar-me veio.
Foi grande o meu aperreio:
Ela amanheceu deitada,
Sem comer, acabrunhada…
Fui ver o que tinha sido,
A cobra tinha mordido
A porca preta pelada.


Mandei logo um portador
Chamar Seu Zeca Toinho,
Ele foi num minutinho
E trouxe o tal curador.
Este me fez um favor
Que eu não pagarei com nada:
Deixou a bicha curada,
Nunca vi reza tão forte!
Tirou das garras da morte
A porca preta pelada.


Aí gastei mais dinheiro
Pra dar proteção a ela:
Comprei dez metros de tela,
Dessa de fazer viveiro.
Cobri de tela o chiqueiro,
Não deixei brecha pra nada.
A tela era tão fechada
Que não passava nem grilo.
Então fui cevar tranqüilo
A porca preta pelada.


E para recuperar
Todo aquele dinheirão
Adquiri um barrão
Para com ela cruzar.
E, para a estória encurtar.
Apareceu a ninhada!
Até que sei tabuada,
Mas quase que não contava…
Todo mundo admirava
A porca preta pelada.


Ao todo eram trinta e três,
De robusto a mais robusto!
Com um mês, causavam susto:
Já pareciam ter seis…
‘Enriqueci’ de uma vez
Na venda da bicharada:
Vendi a cem contos cada,
Enchi os bolsos contente
E fui cevar novamente
A porca preta pelada.


Inda deu mais sete crias,
Cada qual mais numerosa
Ficou mais do que famosa,
Me deu milhões de alegrias!
Mas também deu-me agonias:
Morreu de velha,  coitada…
Hoje só resta a ossada
Da rainha dos suínos,
Assombração dos meninos,
A porca preta pelada.


Tabira, 1970