JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

terça-feira, 20 de abril de 2010

RIO PAJEÚ


RIO PAJEÚ




Nosso pajeú querido

Rio dos mais respeitados

Que quando cheio espelhava

O rosto de afogados

Quem foste tu? Quem tu és?

Foste um dos fortes pajés

Impondo enorme respeito

E és hoje um índio cansado

Tendo um sentimento ilhado

Na solidão do teu leito



Não conto as vezes que eu vi

Tua garganta bradando

E a tua água barrenta

Descer nos desafiando

Espumas amareladas

Brutalmente carregadas

Pela braveza da enchente

E os remansos como potros

Dando empurrões uns nos outros

Querendo chegar na frente



Quantas barreiras quebrastes

Ao longo dos anos teus

Quando acolhias as águas

Vindas das “latas” de Deus

Quanta vazante dormia

Sob o liquido que descia

Pulsando na tua veia

Em busca do oceano

E a gente passava um ano

Pra ver de novo a areia



Lembro Pajeú querido

O teu passado exemplar

Quando um poeta cantou

Teu trajeto rumo ao mar

Inspirastes cantadores

E aos olhos dos pescadores

Assombração e ciúme

A tua enchente causava

E o Chico se encarregava

De transportar teu volume



Quantas crianças nadavam

Nas margens das águas tuas

Quantas vezes revoltado

Invadiste algumas ruas

Logo depois que invadias

Arrependido tu ias

Recuando de mansinho

Assumindo as próprias culpas

Como quem pede desculpas

Por ter errado o caminho





E hoje velho cacique

Estais muito diferente

Como um guerreiro ferido

Pela tua própria gente

Por onde a água correu

A baronesa cresceu

A fedentina aumentou

Com isto a poluição

Por ter te pego à traição

Veio pra luta e ganhou



E hoje acumulam lixo

Como mato, arame e fio

Estão vomitando esgotos

Na boca do pobre rio

Que se encontra transformado

Tanto entulho acumulado

Por onde o líquido correu

Vamos salvar nosso irmão

Que está de vela na mão

Mas ainda não morreu



Já é hora de fazermos

Uma limpeza em geral

Pra devolvermos ao rio

A beleza natural

Conservá-lo por inteiro

Torná-lo velho guerreiro

Que atualmente não é

Cartão postal de Afogados

E nós orgulhosos curvados

Ao pés do nosso Pajé. (bis)



(Diomedes Mariano)

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