JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 18 de abril de 2010

SEXTILHAS DE JOÃO PARAIBANO & RAIMUNDO NONATO NO TEMA: A CHEGADA DO INVERNO


JOÃO PARAIBANO & RAIMUNDO NONATO


J.P

O nordeste está mais lindo

No final da estiagem

O gado dormindo em cima

Do sobejo da pastagem

E um pincel de tinta verde

Mudando a cor da paisagem

R.N

O sertão tem outra imagem

Depois que ficou chovido

Deus escolheu o modelo

E a chuva fez o vestido

Pra por no corpo do campo

Que a seca deixou despido

J.P

Em cada cravo despido

Tem quatro patas de abelhas

A grama está mastigada

Em dentadura de ovelhas

A bica enchendo a lata

E o lodo cobrindo as telhas

R. N

A chuva caiu nas telhas

E as matas estão viventes

O rio engordou as margens

Para acoplar as enchentes

E as roças ficaram grávidas

Para dá luz de sementes

J.P

O rio aumenta as enchentes

Formiga sai da panela

Se avista a borboleta

Beijando a flor amarela

Pedindo licença a pétala

Pra se deitar dentro dela

R.N

A terra ficou mais bela

E o campo tá moderno

A Kodak do relâmpago

Com flash interno e externo

Gastou um ano de filme

Em quatro meses de inverno







J.P

Como é lindo no inverno

Se avistar filhos e pais

Assoviando na frente

E os filhos cantando atrás

Quebrando o pendão do milho

Pra “boneca” engrossar mais

R.N

Que era um inferno a mais

De seca se anunciou

Nas BR afundou ponte

No sitio açude arrobou

Os cientistas erraram

Mas o carão acertou

J.P

É linda a fogo-pagô

E abelha na primavera

Uma goteira na lata

Na bica de uma tapera

Como a voz de Deus dizendo

A fome daqui já era

R.N

Tem pasto em toda cratera

Pra bode, cavalo e rês

O esparadrapo verde

Cobriu o nordeste um mês

Pra melhorar as feridas

Que a faca da seca fez

J.P

Fruto maduro e de vez

Tem na galha da umburana

A cabra pasta no campo

Sete dias da semana

Com os dois beiços cheirando

A flores de gitirana

R.N

A chuva chegando sana

Até problemas sem cura

O funeral da miséria

Foi feito sem sepultura

E a chuva botou tempero

No cardápio da fartura





J.P

A bunda da tanajura

Era pequena e cresceu

Como é lindo o cururu

No muro aonde choveu

Mostrando o olhoEstufado

Bem maior do que o meu

R.N

Com a chuva que desceu

O sertão tem outro brilho

Quem ver de longe a “boneca”

Nos braços de um pé de milho

Pensa que é uma mãe

Dando de mamar um filho

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