TODO DIA EU MEDITO COM SAUDADE
MINHA INFÂNCIA VIVIDA NO SERTÃO
Sebastião Dias
Hoje eu posso dizer que eu sou feliz,
todo dia eu me lembro, quando acordo,
do sertão que vivi e eu recordo,
o jumento, a cangalha e os barris,
uma canga, a correia e seus canzis,
quatro deles prendendo o barbatão,
o azeite oleando o meu cocão,
eis os números da minha identidade.
Todo dia eu medito com saudade
minha infância vivida no sertão.
Raimundo Caetano
Não me esqueço da árdua trajetória,
todo dia saindo pra o trabalho,
com a roupa molhada de orvalho,
com a mão estirada à palmatória,
esse é um pedaço da história,
que eu não posso prender na minha mão,
mas se eu for remexer meu coração,
inda dá pra salvar mais da metade
Todo dia eu medito com saudade
minha infância vivida no sertão.
* * *
Sebastião da Silva e Moacir Laurentino improvisando com o mote:
SINTO A ÚLTIMA ESPERANÇA SE QUEIMANDO
NA FOGUEIRA DA SECA NORDESTINA
Sebastião da Silva
Outro mote bonito aqui está,
vem falando de crise e sequidão
e nessa seca que há no meu sertão,
Piauí, Pernambuco, Ceará,
não se ouve o cantar do sabiá,
do canário de crista da campina,
e a cigarra também não faz buzina,
não tem ave do campo mais cantando.
Sinto a última esperança se queimando
na fogueira da seca nordestina.
Moacir Laurentino
Essa dura e cruel situação,
da maneira que muita gente está
Paraíba, Sergipe e Ceará,
Rio Grande, Alagoas, Maranhão,
tá despida toda vegetação,
não tem mais folha verde na campina,
essa seca cruel e assassina,
com sol quente que vêm lhe sapecando.
Sinto a última esperança se queimando
na fogueira da seca nordestina.
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