JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

COM A PALAVRA O POETA ISMAEL GAYÃO:

Música, cachaça e poesia - Ismael Gaião

Passeando pelo sertão do Pajeú, dessa vez acompanhado dos poetas Felipe Júnior, Kerlle de Magalhães e Raphael Moura, tive o prazer de conhecer Tuparetama e Itapetim, mais duas cidades da região da poesia do repente.

Cantor e violonista Hércules Nunes (São José do Egito)

Além das cachaçadas, ao som do violão de Hércules Nunes (irmão de Felipe Júnior), com sua voz empolgante e das vozes do poeta Jânio Leite (especialista em xotes) e de Fred Jucá (seresteiro afinadíssimo), tivemos declamações de poesias da melhor qualidade, tanto de poemas de bancada, quanto de improviso.

Poetas Josa Rabelo e Jânio Leite, e o garganta de ouro, Fred Jucá

Do mundo do improviso, tive o prazer de conhecer o poeta Aldo Neves, repentista de Tuparetama, grande poeta. Cantador que não deixa nada a desejar, se comparado aos melhores da profissão na atualidade. Gente da melhor qualidade. Um cabra humilde, conhecedor das coisas do sertão e de um coração maior do que ele, que deve ter perto de dois metros.


Felipe Júnior, Aldo Neves, Cici Guimarães, Josa Rabelo e o caminhão descarregando duas geladeiras (já que o freezer não aguentou o tranco).


Também tive a satisfação de conhecer o poeta e radialista Josa Rabelo, apresentador do programa Show Matinal da Tupã, na Rádio Tupã FM, da cidade de Tuparetama. Além de sua simpatia, Josa nos deu uma grande felicidade ao dizer que, todos os dias, toca uma faixa do nosso CD “Causos e Cordéis” em seu programa.

Pra completar o clima poético, tivemos a oportunidade de conhecer o poeta Vanja Rodrigues, que chegou a nossa mesa, a convite dos amigos, e, como quem não quer querendo, foi mostrando seus maravilhosos poemas, além de declamar excelentes poesias de outros poetas.

Durante esta semana, publicarei algumas das poesias recitadas por essas feras, mas pra início de conversa poética, vejamos umas glosas do repentista Aldo Neves com o mote:

NO EMBALO DO TEMPO A GENTE SENTE
QUANDO O CARRO DA VIDA QUER PARAR

No meu tempo de moço eu já fui boy
E hoje em dia só sinto os pesadelos,
Que a velhice pintou os meus cabelos,
Pois o tempo não diz quando destrói.
A saudade por dentro ainda dói,
Pouca coisa não vai cicatrizar.
Tenho medo que possa arrebentar
A ferida que fiz antigamente…
No embalo do tempo a gente sente
Quando o carro da vida quer parar.

Minha vista já está ficando escura
A cabeça já está um pouco louca,
Eu não posso botar na minha boca
Carne assada, feijão, nem rapadura.
Sinto falta de minha dentadura
E outra igual, eu jamais vou encontrar.
Hoje eu quero e não posso mastigar,
Que a boca já está sem nenhum dente…
No embalo do tempo a gente sente
Quando o carro da vida quer parar.

Minha vista já está pela metade,
Quando eu ando demais as pernas cansam.
Os meus dias finais já se avançam
E eu recordo da minha mocidade.
Me conformo com dor ou com saudade,
Outra coisa não posso imaginar.
Quando eu penso que vou me libertar
Há a morte esperando lá na frente…
No embalo do tempo a gente sente
Quando o carro da vida quer parar.

“Inda” lembro da minha meninice.
Fiquei velho já estou perdendo os planos.
Onde estão os meus sete e oito anos?
Perguntei, o presente não me disse.
Estou preso na grade da velhice
Sem querer a sentença vou tirar…
Já tentei, mas não posso me livrar
Desse monstro infeliz que assombra a gente…
No embalo do tempo a gente sente
Quando o carro da vida quer parar.

Apesar de estar novo, tenho cansaço
E a velhice com nada se renova.
Cada hora que passa, eu vejo a cova,
Cada dia que passa é um fracasso.
Minha vida já está igual um laço
De cordão que tá perto de torar.
Se torando é difícil de emendar,
Que a emenda de Deus é diferente…
No embalo do tempo a gente sente
Quando o carro da vida quer parar.
DO BLOG DE FELIPE JR.

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