JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

terça-feira, 1 de março de 2011

SEMANA DA POESIA COM ALDO NEVES

No teu beijo, Deus bota uma mistura
Que imitá-lo eu acho tão custoso
O teu beijo pra mim, é mais gostoso,
Que uma manga depois que está madura.
Porque que ele pra mim tem mais doçura
Que o miolo da própria melancia
Eu beijei o teu rosto e, não sabia,
Que o teu cheiro ficava em minha face
Se o teu beijo matasse quem beijasse
Eu beijava sabendo que morria
(Aldo Neves)

Mote: ESCUTEI A ROQUEIRA DO TROVÃO
AVISANDO O SERTÃO ESTÁ MOLHADO
(Joaquim Filó)


O sertão quando a terra está molhada
A enchente no rio faz rumores
As abelhas brincando com as flores
Sertanejo se acorda à madrugada
Meia noite uma serra é aguada
Com um chuveiro depois de destrancado
Carro pipa de tanque enferrujado
E a cigarra esquecida do verão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado

Uma nuvem se forma no nascente

Com a força do vento se balança
Jitirana nas cercas fazem trança
Canta os sapos felizes na enchente
Para a terra Deus manda esse presente
Tantas vezes e nada tem cobrado
E as formigas trabalham no roçado
Igual gente fazendo procissão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado

Quando sobra fartura o pobre enrica

E recupera de novo a esperança
E um moleque com fome encosta a pança
Na panela melada de canjica
Vai embora o verão, o carão fica
Pra cantar quando o rio está de nado
E o nordeste só cheira a milho assado
Nas fogueiras de noite de São João
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado

O cenário enfeitando a capoeira

Só o tempo querendo ele desmancha
E um enxame de abelhas se arrancha
Num buraco de um pau de aroeira
Na segunda o matuto vai à feira
Contar o que fez no seu roçado
E o fantasma da seca encarcerado
Sem querer Deus botou-lhe na prisão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
(Aldo Neves)

Nenhum comentário:

Postar um comentário