JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 11 de setembro de 2011

POETAS DA SEMANA


HOMENAGEM AO INESQUECÍVEL MANOEL FILÓ

MANOEL ATINGIU A PERFEIÇÃO
EM CONDUTA, BONDADE E POESIA
(Felizardo Moura – Luis Homero)

Um espírito de luz incandescente
De um saber muito mais que literário
Todo dia rasgava o calendário
Com a força imortal de seu repente
Se bebesse cem doses de aguardente
Não tombava pra trás e nem pendia
Quase tudo na vida ele sabia
Tinha o censo de um “adivinhão”
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia.

Se glosasse na mesa ou desse um tema
Retratava o mundo em duas linhas
A dureza do bico das galinhas
E a tristeza do sono da jurema
Colocava doçura em seu poema
Ninguém sabe de onde minaria
Abstrato do mel na ventania
Que carrega da pinha do oitão
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia

Se alguém perguntasse como vai?
Vou prestando resposta imediata!
Pra chegar não marcava nunca a data
Nem dizia o momento quando sai
Um herdeiro legitimo do seu pai
Zé Filó doador da teoria
Se quisesse viver da cantoria
Tinha sido do mundo assombração
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia.

Em conduta foi mais do que perfeito
Na bondade ninguém lhe imitou
Na poesia chegou e ultrapassou
Os limites da linha do seu peito
Se qualquer ser humano tem defeito
Eu discordo, em Filó não existia
Foi exemplo do mundo onde vivia
E hoje é mestre em outra encarnação
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia

O carão assustado não dormiu
Nos espinhos da velha quixabeira
O canário amarelo de aroeira
Avistou o palanque e não subiu
Foi embora o poeta que o Brasil
Por ser grande demais não conhecia
Ta de luto o baião da cantoria
Multiplica a saudade de Cancão
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia.

O semblante da paz foi estampado
No seu rosto coberto de verdade
Sempre quis demonstrar felicidade
Tudo quanto era bom queria mais
O carisma dos tempos de rapaz
Com um gesto bondoso transmitia
Fez travar o portão da ventania
E botou teto no vão da amplidão
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia

Decantou os segredos naturais
Com grandeza e total conhecimento
A feiúra que tem o papa vento
Na faxina da cerca dos currais
Vaga-lume que pisca nos quintais
Na neblina testando a bateria
A zabumba do canto de uma jia
Quando a noite escorresse o cacimbão
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia.

Não gostava de ocupar ninguém
Disfarçava da raiva absoluta
Nunca quis medir força sem disputa
Era simples, vivei só pelo bem
Sua fonte vertia do além
Extraída da vã filosofia
Quase não recitava o que fazia
Tinha medo de sua imensidão
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia

Comparou o balanço da morena
Com o leque sutil da carnaúba
E o seu corpo macio igual a fuba
Revestido da pele que serena
Sutileza do faro da Hiena
E da onça que sai da gruta fria
Deita em cima das mãos quando anuncia
Que a pressa já vem na direção
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia.

Se um amigo ele fosse visitar
Com certeza levava algum presente
Possuía afeição pelo parente
Do ausente vivia a se lembrar
Tinha um jeito modesto de tratar
Quem chegasse na sua companhia
Se uma frase ferisse não dizia
Para não magoar um coração
Manoel atingiu a perfeição
Em conduta, bondade e poesia

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