JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 2 de outubro de 2011

POETA DA SEMANA


Êita! Saudade danada
Das festas de São João.

Do forró ainda puro,
Sem sintomas de lambada,
Da espiga retirada
Do milharal do monturo,
Do bacamarte pé-duro
Ribombando no grotão,
Chamando a população
Para a dança na latada.
Êita! Saudade danada
Das festas de São João.

Daquele aroma brejeiro
Das moças da minha terra,
Do povo do pé da serra
Que chamava o sanfoneiro.
A cota vinha primeiro
E tal contribuição
Garantia que o baião
Fosse até de madrugada.
Êita! Saudade danada
Das festas de São João.

Das promessas de amor
Regadas à aguardente,
Da morena sorridente
Paquerando o tocador,
Do matutinho cantor,
(Parecendo o Azulão),
Imitando o Gonzagão
Entoando uma toada.
Êita! Saudade danada
Das festas de São João.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 19 de junho de 2008.

A ARTE DE REPENTISTA,
ALÉM DE SER TÃO SINGELA.
NÃO É DEUSA MAS É SANTA,
NÃO É MULHER MAS É BELA.
NÃO DAR BEIJO, NEM FAZ SEXO,
MAS EU ME CASEI COM ELA.

Autor: Vicente Reinaldo.

Pois pinte a sua aquarela
Com as tintas do Repente
Seja andarilho do verso
Faça improviso pra gente
Para ficar parecido
Com o que foi Zé Vicente.

Autor: Wellington Vicente.

Acenda a sua fogueira
Com a brasa da saudade!

(Mote da amiga Fátima Marcolino)

Nossa Fátima Marcolino
Deu um mote sugestivo
E achei mais um motivo
Pra dizer que o nordestino
Longe do chão agrestino
Enfrenta a disparidade
Ninguém calcula a metade
Da lembrança da ribeira.
Acenda a sua fogueira
Com a brasa da saudade!

Só quem passou ou está
Passando por esta fase
Pode calcular a base
Das recordações de lá.
Quem saiu de Quixadá,
Caruaru, Soledade,
Altinho, Sumé, Trindade,
Afogados da Ingazeira.
Acenda a sua fogueira
Com a brasa da saudade!

Aproveite este São João,
Enfeite bem o terreiro,
Ouça Jackson do Pandeiro,
Jacinto Silva, Azulão,
Marinês e Gonzagão,
A mais alta sumidade,
Espalhe pela cidade
O som da música brejeira.
Acenda a sua fogueira
Com a brasa da saudade!

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 23 de junho de 2008.

Está com o fundo rasgado
O saco do querer mais.

(Final de sextilha de João Paraibano enviada por Josa Rabêlo)

O cruel Capitalismo
Com suas garras potentes
Transforma os bons ambientes
Em arenas de egoísmo
Enterra todo o civismo
E raízes culturais
Rasga todos os anais
Que retrataram o passado.
Está com o fundo rasgado
O saco do querer mais.

Nossos jovens brasileiros
Grande massa alienada
Esquecem a cultura herdada
E copiam os estrangeiros
Até mesmo os forrozeiros
Presentes nos arraiais
Perderam as credenciais
Do Baião e do Xaxado.
Está com o fundo rasgado
O saco do querer mais.

Na política, nem se fala
O poder do vil metal
Troca o antigo ideal
Pelo “miolo” da mala
Nas reuniões da sala
As câmeras mostram demais
Que os políticos rivais
Comem do mesmo bocado.
Está com o fundo rasgado
O saco do querer mais.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 30.06.08.

HAJA SAUDADE NA GENTE!

Ao Poeta Zé Marcolino.

Desceu do Serrote Agudo
Labaredas de saudade
E Zé na eternidade
Vive acompanhando tudo
O fole de Zé Bicudo
Toca aquele xote quente
E o cantador de repente
Num martelo agalopado
Canta bastante inspirado:
-Haja saudade na gente!

A lacuna que deixou
Ninguém preencheu ainda
A saudade nunca finda
E a dor nunca passou
Hoje a Fátima lembrou
Do seu amado parente
Eu liguei pra Zé Vicente
Narrando o acontecido
Ele falou, comovido:
-Haja saudade na gente!

Autor: Wellington Vicente, Porto Velho, 28/06/2007.

Dorme a cinza da fogueira
Esperando o Carnaval.

(Mote do amigo Junior do Bode, de Olinda-PE).

No derradeiro floreio
Da sanfona pé-de-bode
A morena se sacode
E naquele balanceio
O meu olhar fica cheio
De emoção sem igual
Como sou sentimental
Digo a minha companheira:
- Dorme a cinza da fogueira
Esperando o Carnaval!

Quando a sanfona se cala
Parece que a Natureza
Sopra um sopro de tristeza
Pelos recantos da sala
O forrozeiro se abala
Pelo fim do arraial
Aí vem um vendaval
De saudade matadeira.
Dorme a cinza da fogueira
Esperando o Carnaval.

E os adornos juninos
Já vão sendo retirados
Muitos deles disputados
Por dezenas de meninos
Nossos irmãos nordestinos
Que vieram ao festival
Lamentam pelo final
Mas voltam à terra estrangeira.
Dorme a cinza da fogueira
Esperando o Carnaval.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 03/07/08.


Vou conduzindo a canoa
Com o remo que possuo.

(Mote enviado pela amiga Clóris, a quem dedico estas glosas).

Imitando os beiradeiros
Vou abrindo os meus caminhos
Por entre os redemoinhos,
Barrancos e aguaceiros,
Sei evitar atoleiros,
Piso maneiro onde atuo,
Se a tromba é forte, recuo
E me sustento na proa.
Vou conduzindo a canoa
Com o remo que possuo.

Até os botos conhecem
O meu jeito de remar
E só de me acompanhar
Parece que se envaidecem.
Aos humanos que merecem
Eu sempre ajudo e influo
Mas evito e não incluo
Idéia de má pessoa.
Vou conduzindo a canoa
Com o remo que possuo.

Carrego em minha boroca,
Desde o dia do batismo,
Uma cuia de otimismo
Para qualquer pororoca.
Se um sentimento me toca
Sendo bom, eu acentuo,
Se for tristeza, diluo
Com poesia da boa.
Vou conduzindo a canoa
Com o remo que possuo.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 08/07/2008.


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