Minha
Região Poética, O Pajeú, nos presenteia com verdadeiras obras da poesia e a
companhia destes gênios, os vates, Aldo Neves e Dió de Santo Izidro, no Sítio
Várzea de Cima, no dia 03 de dezembro de 2011, quando nos proporcionaram versos
como estes:
SEXTILHAS
E SEPTILHAS SOLTAS
TEMA: DEPOIS DA MORTE DO DIA
Dió
Dió
Depois
que a tarde começa
Logo
o crepúsculo inicia
O
sol coloca em seus raios
A
mais bela fantasia
Enfeitando
o horizonte
Na
sepultura do dia
Aldo
Depois
da morte do dia
O
vento dá um açoite
O
violão da saudade
Me
ajuda a fazer pernoite
E a
saudade marca o ponto
No
prontuário da noite
Aldo
Depois
da morte do dia
Hora,
minuto e segundo
A
ponte serve de abrigo
E de
lençol pra um vagabundo
E
meu pensamento poético
Dá
uma volta no mundo
Aldo
Vejo
que o sol vai embora
E um
colibri faz manobra
Se
arrastando na areia
Deus
deixa o rastro da cobra
E um
Colibri mata a sede
Num
resto d’água que sobra
Aldo
Depois
que o sol vai embora
No
curral a vaca berra
A
água passa no chão
Fofando
o corpo da terra
E o
vento toca uma música
No espinhaço
da serra
Dió
Nosso
assunto não se encerra
Eu
acho que está errado
O
palco onde o passarinho
Cantava
tão animado
Hoje
ao invés de cantar
Chora
num toco cortado
Aldo
O
céu, um acochoado
O
mundo, um canto restrito
No
vácuo da serrania
Um
Nambu dá um apito
E a
lua desfila acessa
Na
praia do infinito
Dió
Onde
o pássaro dava um grito
Hoje
não tem condição
Ao
invés da árvore florida
Se
quer cantar... É no chão
Devido
ao homem malvado
Com
tanta devastação
Aldo
Um
lençol preto no chão
Pra
mim... Um segredo
O
pássaro se deita à tarde
Mas
levanta muito cedo
Deus
só não volta pra terra
Mas
“catuca” com um dedo
Aldo
A
serra faz alarido
Vento
sacode a montanha
O
vento não quebra as pedras
Mas
subindo, somente arranha
E
o vento rasga o tecido
Pra
fazer raiva a aranha
Dió
Eu
sei que ninguém estranha
Mas
isto nos desconforta
Tantas
madeiras cortadas
Pra
ripa, caibro e pra porta
E
a boca da natureza
Tá
escarada e morta
Aldo
O
vento bate na porta
D’um
casebre abandonado
A
baba corre na boca
D’um
cabrito enchiqueirado
O
bucho faltando leite
Vendo
a mãe do outro lado
Dió
Tá
tudo desmantelado
Posso
dizer logo após
Que’de
o galho? que’de a rama?
Que’de
o pau? Que’de os cipós
E
a Natureza sofrendo
E
a culpa é de todos nós
Dió
Eu
sou igualmente a queixa
Guando
a espingarda dispara
Sou
igualmente um preá
Que
sai dentro da coivara
Igual
um SINTO, d’aquele
Que
tem vergonha na cara
Dió
Sou
o perfume da flor
Sou
a cor branca da paz
Sou
equilíbrio ecológico
E
tudo eu serei capaz
Sou
o que Deus faz querendo
E
o homem quer e não faz
Aldo
Eu
sou a luz reluzente
Que
no espaço passeia
Pássaro
que acorda a Aurora
De
quatro pra quatro e meia
E
onda que desmancha a praia
Num
branco frio de areia
Dió
Eu
sou igualmente a cheia
Sou
alguém que não reclama
Sou
sequidão no nordeste
Também
sou água e sou lama
Sou
um pingo de orvalho
Que
a madrugada derrama
Aldo
Eu
sou a ponta de rama
Sou
lua da cor de prata
Pássaro
que não cruza o mundo
Até
que o vento lhe empata
Sou
água que tira o cisco
Do
bojo da catarata
Dió
Eu
sou as árvores da mata
Que
se aquece no sol quente
A
fruta que amadure
De
forma tão excelente
Que
Deus dá pra Natureza
Sem
cobrar nada d’agente
Aldo
Eu
sou o sol reluzente
Sou
canto de serafina
E
um Sagüi que se alimenta
À
procura de resina
E
um riacho de saudade
Depois
que o dia termina
Dió
Eu
sou igual a resina
Que
apresenta à qualquer hora
Eu
sou igualmente ao som
Que
transmite uma sonora
Sou
um pedaço de bolo
Sou
bico d’um consolo
De
um inocente que chora
Aldo
Sou
o vaqueiro sem espora
Sou
luz e sou e sou Aladin
Enchente
cobre o mundo
Sou
vazante de capim
E
um violão de saudade
Tocando
dentro de mim
Dió
Eu
sou a flor do jardim
Que
a natureza propôs
Sou
um pedaço de pão
Sou
feijão e sou arroz
Eu
sou vontade não pouca
Sou
alimento na boca
Que
ela deu pra todos dois
Aldo
Sou
o antes e depois
E
coqueiro que bota cacho
Sou
ninhanda de gambá
Sem
saber qual feme ou macho
E
bacurau que faz o ninho
Na
barreira do riacho
Homenagem ao Inesquecível Joaquim Filó
Homenagem ao Inesquecível Joaquim Filó
Dió
Lá
no céu Joaquim Filó
É
recebido com palma
Resta
pra sua família
Que
Deus dê conforto e calma
A
cova guarda o seu corpo
Pra
Deus guardar sua alma
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