JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 24 de junho de 2012

POETAS DA SEMANA


Minha Região Poética, O Pajeú, nos presenteia com verdadeiras obras da poesia e a companhia destes gênios, os vates, Aldo Neves e Dió de Santo Izidro, no Sítio Várzea de Cima, no dia 03 de dezembro de 2011, quando nos proporcionaram versos como estes:

SEXTILHAS E SEPTILHAS SOLTAS

TEMA: DEPOIS DA MORTE DO DIA

Dió
Depois que a tarde começa
Logo o crepúsculo inicia
O sol coloca em seus raios
A mais bela fantasia
Enfeitando o horizonte
Na sepultura do dia

Aldo
Depois da morte do dia
O vento dá um açoite
O violão da saudade
Me ajuda a fazer pernoite
E a saudade marca o ponto
No prontuário da noite

Aldo
Depois da morte do dia
Hora, minuto e segundo
A ponte serve de abrigo
E de lençol pra um vagabundo
E meu pensamento poético
Dá uma volta no mundo

Aldo
Vejo que o sol vai embora
E um colibri faz manobra
Se arrastando na areia
Deus deixa o rastro da cobra
E um Colibri mata a sede
Num resto d’água que sobra

Aldo
Depois que o sol vai embora
No curral a vaca berra
A água passa no chão
Fofando o corpo da terra
E o vento toca uma música
No espinhaço da serra

Dió
Nosso assunto não se encerra
Eu acho que está errado
O palco onde o passarinho
Cantava tão animado
Hoje ao invés de cantar
Chora num toco cortado

Aldo
O céu, um acochoado
O mundo, um canto restrito
No vácuo da serrania
Um Nambu dá um apito
E a lua desfila acessa
Na praia do infinito     

Dió
Onde o pássaro dava um grito
Hoje não tem condição
Ao invés da árvore florida
Se quer cantar... É no chão
Devido ao homem malvado
Com tanta devastação

Aldo
Um lençol preto no chão
Pra mim... Um segredo
O pássaro se deita à tarde
Mas levanta muito cedo
Deus só não volta pra terra
Mas “catuca” com um dedo

Aldo
A serra faz alarido
Vento sacode a montanha
O vento não quebra as pedras
Mas subindo, somente arranha
E o vento rasga o tecido
Pra fazer raiva a aranha

Dió
Eu sei que ninguém estranha
Mas isto nos desconforta
Tantas madeiras cortadas
Pra ripa, caibro e pra porta
E a boca da natureza
Tá escarada e morta

Aldo
O vento bate na porta
D’um casebre abandonado
A baba corre na boca
D’um cabrito enchiqueirado
O bucho faltando leite
Vendo a mãe do outro lado

Dió
Tá tudo desmantelado
Posso dizer logo após
Que’de o galho? que’de a rama?
Que’de o pau? Que’de os cipós
E a Natureza sofrendo
E a culpa é de todos nós

Dió
Eu sou igualmente a queixa
Guando a espingarda dispara
Sou igualmente um preá
Que sai dentro da coivara
Igual um SINTO,  d’aquele
Que tem vergonha na cara

Dió
Sou o perfume da flor
Sou a cor branca da paz
Sou equilíbrio ecológico
E tudo eu serei capaz
Sou o que Deus faz querendo
E o homem quer e não faz

Aldo
Eu sou a luz reluzente
Que no espaço passeia
Pássaro que acorda a Aurora
De quatro pra quatro e meia
E onda que desmancha a praia
Num branco frio de areia

Dió
Eu sou igualmente a cheia
Sou alguém que não reclama
Sou sequidão no nordeste
Também sou água e sou lama
Sou um pingo de orvalho
Que a madrugada derrama

Aldo
Eu sou a ponta de rama
Sou lua da cor de prata
Pássaro que não cruza o mundo
Até que o vento lhe empata
Sou água que tira o cisco
Do bojo da catarata

Dió
Eu sou as árvores da mata
Que se aquece no sol quente
A fruta que amadure
De forma tão excelente
Que Deus dá pra Natureza
Sem cobrar nada d’agente

Aldo
Eu sou o sol reluzente
Sou canto de serafina
E um Sagüi que se alimenta
À procura de resina
E um riacho de saudade
Depois que o dia termina

Dió
Eu sou igual a resina
Que apresenta à qualquer hora
Eu sou igualmente ao som
Que transmite uma sonora
Sou um pedaço de bolo
Sou bico d’um consolo
De um inocente que chora

Aldo
Sou o vaqueiro sem espora
Sou luz e sou e sou Aladin
Enchente cobre o mundo
Sou vazante de capim
E um violão de saudade
Tocando dentro de mim

Dió
Eu sou a flor do jardim
Que a natureza propôs
Sou um pedaço de pão
Sou feijão e sou arroz
Eu sou vontade não pouca
Sou alimento na boca
Que ela deu pra todos dois

Aldo
Sou o antes e depois
E coqueiro que bota cacho
Sou ninhanda de gambá
Sem saber qual feme ou macho
E bacurau que faz o ninho
Na barreira do riacho

Homenagem ao Inesquecível Joaquim Filó

Dió
Lá no céu Joaquim Filó
É recebido com palma
Resta pra sua família
Que Deus dê conforto e calma
A cova guarda o seu corpo
Pra Deus guardar sua alma


Nenhum comentário:

Postar um comentário