JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 17 de junho de 2012

POETAS DAS SEMANA


ALDO NEVES

SEXTILHAS SOLTAS

Sem ter chuva no sertão
Coqueiro não bota cacho
Um boi cava com a unha
A barreira de um riacho
Jogando terra pra cima
Pra ver se tem água embaixo

Pra quem ama poesia
Todo esforço vale a pena
Eu deixei o Pajeú
Vim aqui entrar em cena
E vender repente em retalhos
Na Feira da Madalena 

O pássaro sacode a pena
Aos raios do sol nascente
Aqui o mar vira onda
Quando se encontra valente
E lá uma onda de versos
Vira a cabeça da gente

O cantador de repente
Tanta canta como cria
Até a brisa que solta
Tem cheiro de poesia
E onde se planta cultura
Nascem versos todo dia



O teu rosto expressa a arrogância
Desprezas com sorriso, este poeta
Teu orgulho penetrante como a seta
Que fere a humildade e tolerância
És roseira comum e sem fragrância
Querendo ser orquídea que impera
Toda vez que se vai a primavera
Vê-se a face dessa flor despetalada
A beleza é uma carga confiscada
Que alfândega do tempo não libera.

A seca arrasa o sertão
Mas sua gente é feliz.

(Mote de Manoel Dantas/RN)

O sertanejo é um forte
Dizia Euclides da Cunha
Combate e não se acabrunha
Mesmo ferido de morte
Eu acho que tenho sorte
Por ser daquela raiz
E ter o mesmo matiz
De Silvino e Lampião
A seca arrasa o sertão
Mas sua gente é feliz.

A região que resiste
A tantas variações
Mudanças das estações
Por tantos anos persiste
Mas seu povo não desiste
De escutar “Seu” Luiz
Cantando igual um concriz
As marchinhas do São João
A seca arrasa o sertão
Mas sua gente é feliz.

Todo sertanejo canta
Para espantar a tristeza
E a própria Natureza
Com o seu canto se encanta
Satisfeita já levanta
A tampa do chafariz
E O Sagrado Juiz
Diz à chuva: - Molhe o chão!
A seca arrasa o sertão
Mas sua gente é feliz.

Glosas: Wellington Vicente
Porto Velho, 11 de junho de 2012.
 

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