JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 8 de julho de 2012

POETA DA SEMANA

A POESIA PERDEU ESTA SEMANA UM DOS MAIORES POETAS DA HISTÓRIA, RONALDO CUNHA LIMA, POETA QUE DESCREVIA AS AVENTURAS E DESVENTURAS DO CORAÇÃO, ASSIM COMO, O COMPORTAMENTO HUMANO EM DIVERSAS NUANCES COMO ESTAS:


HABAES PINHO

O instrumento do crime que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver, nem pistola
É simplesmente, doutor, um violão.

Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu o cidadão
Feriu, sim a sensibilidade
De quem o ouvir cantar na solidão.

O violão é sempre ternura
Instrumento de amor e de saudade.
O crime a ele não se mistura
Inexiste entre os dois afinidade.

O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas que povoam a vida
E sufocam suas próprias dores.

O violão é música é canção
É sentimento, é amor, é alegria.
É pureza, é néctar que extasia
é adorno espiritual do coração
Seu viver como o nosso é transitório
Mas seu destino não se perpetua
Ele nasceu para cantar na rua
Não para ser arquivo de cartório.

Mande soltá-lo pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a ouvir o terno açoite
Das suas cordas leves e sonoras.


Liberte o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito
É crime, pôr ventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores
Perambular nas ruas um desgraçado
derramando na praça as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo da Cunha Lima


(Despacho do Juiz Dr. Artur Moura:)

Para que eu não carregue
Remorso no coração
Determino que se entregue
ao seu dono o violão.



Foi breve, muito breve, a nossa história. 

Foi breve, muito breve, a nossa história,
Mas o bastante para ser lembrada. 
Como história de amor que foi marcada 
Por sua posição contraditória.

Foi curta, muito curta, a trajetória, 
Mas bela, muito bela, a caminhada. 
É uma pena que ninguém fez nada 
Para impedir que fosse transitória.

O tempo foi detalhe nos instantes 
E os instantes, moldura dos amantes, 
Parecendo real, mas ilusória.

E o tempo na lembrança nos escreve: 
Nossa história de amor foi muito breve, 
Mas o bastante pra fazer história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário