JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 2 de dezembro de 2012

POETA DA SEMANA

SER(TÃO) SERTANEJO

Terra amada torrão onde meus pés
Se aprumaram pra meus primeiros passos
Testemunha de glórias e fracassos
Vitimada por mil secas cruéis.
Mas, pra nós sertanejos, inda és
Dos rincões, o mais belo e mais lembrado
Por seus filhos poetas, decantado
Para todos és chão, terra e auxílio
E pr’aqueles que vivem no “exìlio”
És lembrança chorosa do passado

Como posso esquecer as madrugadas
Nas moagens de cana nos engenhos
Tantas lutas, fadigas e empenhos
Das debulhas de milho nas latadas
Das bonitas manhãs ensolaradas
Adjuntos nas limpas de algodão
Buscas d’água num poço com galão
Almoçar feijão-verde com torresmo
Quem viveu essas coisas? Fui eu mesmo!
Nos meus anos de ouro no Sertão.

Quem não cala nas tardes sertanejas
Para ouvir o lamento do carão
Alternado no canto do cancão
Como fossem poetas em pelejas
Os badalos dos sinos nas igrejas
Convidando o caboclo a se benzer
O vermelho do sol no entardecer
Ir morrendo pras bandas do poente
Num teatro que Deus fez para a gente
Assistir esperando anoitecer.

Quando a noite, qual manto de viúva
Vem pintar o Sertão de negras cores
Aparecem os noturnos atores
Sapo, briba, guará, peba e saúva
Um matuto deitado, escuta a chuva
Que cai mansa nas telhas da palhoça
Quando o vento enfraquece, a chuva engrossa
Pensa então o caboclo emocionado:
Se eu pudesse ia agora pru roçado
Começar preparar a minha roça.

Meu Sertão, minha terra, meu regaço
O meu verso não é suficiente
Pra cantar o teu solo, a tua gente
Que trabalha e resiste sem cansaço
Não se assombra com seca nem mormaço.
Um cenário que Deus arquitetou
Eu aqui do lugar aonde estou
Apesar do progresso e do barulho
Mando um verso falando do orgulho
De Ser Tão sertanejo quanto sou.

Bràs Ivan

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