DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Quando
liguei a TV, nesta manhã de 8 de março, me deparei com colegas de
profissão cumprindo suas pautas sobre o Dia Internacional da Mulher. Deu
aquele desgosto ver uma importante data de reflexão e de luta novamente
reduzida à distribuição de flores, promoções em salões de beleza,
presentes na forma de jóias e vestidos e até equipamentos de limpeza do
lar. Como se isso fosse o fundamental para garantir a dignidade das
mulheres.
Por conta disso, elenquei, abaixo, algumas coisas
que gostaria de ver noticiadas nesta data. Creio que, em algum momento,
isso vai ser verdade. Depende de nós para mostrar quando. E a que custo:
1) A partir de agora, o sobrenome do marido não deverá ser
imposto à sua companheira contra vontade dela, como uma marca de ferro
em brasa delimitando a propriedade.
2) O currículo escolar será
aprimorado para que, nas aulas de língua portuguesa, os meninos e
rapazes possam compreender o real, objetivo, profundo e simples
significado da palavra “não”.
3) As frases “Onde você acha que
vai vestida assim?”, “A culpa não é minha, olha como você tá vestida!”,
“Se saiu de casa assim, é porque está pedindo” a partir de agora serão
banidas da boca de maridos, pais, irmãos, filhos, netos, namorados,
amigos e outros barbados.
4) Está terminantemente proibido
empregar apenas atrizes em comerciais de detergentes, desinfetantes,
saches de privada, sabão em pó, rodos, vassouras, esponjas de aço,
palhas de aço, aspiradores de pó, cera para chão e afins. A associação
direta de mulheres e produtos de limpeza em comerciais de TV está
extinta.
5) Empresas estão proibidas de distribuir flores no
dia de hoje como prova de seu afeto às mulheres. Em vez disso,
implantarão políticas para: 1) impedir que elas ganhem menos pela mesma
função; 2) não sejam preteridas em promoções para cargos de chefia pelo
fato de serem mulheres; 3) não precisem temer que a maternidade roube
seu direito a ter uma carreira profissional; 4) seja punido com demissão
o assédio de gênero como crime à dignidade de suas funcionárias.
6) Cuidar da casa e criar os filhos passa a ser visto também como coisa
de homem. E prazer e orgasmo também como coisa de mulher.
7)
Os editoriais dos veículos de comunicação não serão escritos por equipes
eminentemente masculinas. Da mesma forma, as agências se comprometem a
derrubar a hegemonia XY em suas equipes de criação, contribuindo para
diminuir o machismo na publicidade.
8) O direito da mulher a
ter autonomia sobre o próprio corpo e o direito de interromper uma
gravidez indesejada não precisarão ser questionados. Nem devem requerer
explicação.
9) Os partidos políticos não apenas garantirão
cotas para a participação das mulheres nas eleições, mas investirão
pesado em suas candidaturas a fim de contribuir para que os parlamentos
representem, realmente, a sociedade brasileira. Da mesma forma, nomear
mulheres como secretárias de governo, ministras e em cargos de
confiança, na mesma proporção que homens, será ato corriqueiro.
10) Homens entenderão que “um tapinha não dói” é uma idiotice sem tamanho.
11) Por fim, feminismo será considerado sim assunto de homem. E meninos
e rapazes, mas também meninas e moças, deverão ser devidamente educados
desde cedo para que não sejam os monstrinhos formados em ambientes que
fomentam o machismo, como a família, colégios e universidades.
Em tempo: aproveito para agradecer novamente às mulheres que passaram
pela minha vida e foram fundamentais para que fosse um homem menos
idiota.
No Dia da Mulher, desejo uma sociedade menos idiota
blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br
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