JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 28 de abril de 2013

POETAS DA SEMANA





Os jovens poetas cantadores Raimundo Nonato e Nonato Costa (Os Nonatos)


A dupla Raimundo Nonato e Nonato Costa trabalhando o mote


Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Você pode habitar em outro ninho
E visitar ambientes que eu não vou  
Trabalhar, viajar, assistir show  
Sem que eu seja uma sombra em seu caminho
Se negar a aceitar o meu carinho  
Não sentir mais saudade de me ver  
Só não pode é no intimo do meu ser
Passar uma borracha e apagar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Só restaram do amor que foi desfeito  
Os melhores momentos dessa história  
As lembranças do vídeo da memória
E as promessas no cofre do meu peito  
Aceitar que perdi, eu não aceito
Mas estou consciente de não ter  
Nunca mais o direito de poder  
Pelo menos na boca lhe beijar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Você tem o direito de exigir  
Que eu me afaste de vez da sua vida  
Que não sente mais falta na dormida
Que não tem mais lembrança de sair  
Mas você nem ninguém pode impedir  
Que eu escute isso tudo sem sofrer  
E se me ver gargalhando pode crer  
Que por dentro eu não paro de chorar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Porque sua beleza não é pouca  
Não existe uma réplica nem seu clone  
E sua voz de CD no telefone
Inda deixa minh’alma quase louca  
Se outro homem beijar a sua boca  
E num abraço apertado lhe prender  
Se eu chegar a ver isso e não morrer  
Pelo menos em coma eu vou ficar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Por mais vezes que eu lute e que ele tente  
Me recuso a ouvir certos boatos  
É inútil eu rasgar os seus retratos  
Se você tá inteira em minha mente  
Já liguei pro trabalho estava ausente  
E onde estava negaram a me dizer  
No de casa não quer mais me atender  
Mas eu tô rastreando o celular  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Fiz diversas consultas no INCOR  
Pra saber o que eu tinha de verdade  
O eletro acusou que era saudade  
E se você não voltar fica pior  
Vou mandar escrever num outdoor  
Uma declaração pra você ler  
Tenho tanta paixão que pra caber
Só se meu coração virasse um mar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.


Certamente adorá-la foi meu crime  
Nem por isso eu estou arrependido  
Você pode dizer que tem marido  
Que tem filho e não quer que eu me aproxime
Não existe outra pele mais sublime  
E outro cheiro melhor não pode haver  
Seu amor não é coisa de comer  
Mas eu fico sem fome se provar  
Você pode pedir preu me afastar
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.Inda tenho comigo seu cartão  

Telefone, endereço, carta e foto  
Lhe dei todo meu tempo e hoje noto  
Que não tenho um minuto de atenção
Mergulhado no cais da solidão  
Sem nenhuma noticia receber  
Prometi pra mim mesmo não querer  
Nunca mais por ninguém me apaixonar  
Você pode pedir preu me afastar  
Só não pode obrigar-me a lhe esquecer.

* * *


 
AS SECAS – Vinícius Gregório


É a seca matando nosso gado  
E o governo a achar tudo normal…  
Pois preferem falar em copa, em festa.
Isso aí dá mais voto, é mais legal.  
E essas secas se encaixam feito luva:  
Pois se vê no Sertão seca de chuva,  
Nos políticos a seca de moral.


Cada esfera que culpe a outra esfera  
O prefeito que diz que nada fez,
Pois o líder do estado é quem devia…  
Esse aí, pra fugir, por sua vez,  
Joga a culpa no líder da nação,
Entretanto nos tempos de eleição  
Vêm os três pedir votos para os três.


E o pior é o silêncio que faz eco,  
Maquiando a real situação.  
Quando a chuva voltar, vejo os discursos:  
“Pronto, gente, não há mais sequidão,
Nesta seca tomamos as medidas  
E por isso salvamos muitas vidas…”
Quem quiser que acredite, mas eu não.


Vamos, gente, se movam, falem, gritem,  
Cobrem mais dos políticos deste chão…  
Ou preferem ver cenas como esta  
Cada vez que vier novo verão?  
Não se curvem pra vil politicagem,  
Pois quem é deste chão, sem ter coragem,  
Não merece ser filho do Sertão!

* * *


A SECA E A MÁ VONTADE POLÍTICA – Henrique Brandão


O acalanto maior Pro coração sertanejo  
É ver riacho em enchente  
Da bica ouvir o gotejo  
Porém quando a chuva atrasa  
Deixa o sertão feito brasa  
Queimando a alma da gente   
Deixa a paisagem cinzenta
E a bicharada sedenta  
Deitada no solo quente.


Nossa terra infelizmente  
Sofre com a má vontade  
De uma corja que castiga
Sem dó e sem piedade  
Mas nosso povo com isso  
Que nunca foi submisso  
Segue de cabeça erguida  
Rezando e olhando pro céu  
Pois quem tem deus é fiel  
E nem seca atrasa sua vida.


Não é por causa da seca  
Que o povo sofre e lamenta  
No ano seco ele sofre  
Mas por ser forte ele aguenta  
O que deixa indignado  
É ver o povo cansado  
De mentira e de promessa  
Ser for pra ajudar, que venha  
Se não, bem longe mantenha
Pois que tem fome, tem pressa.


Enquanto gastam milhões  
Sem lembrar do sertanejo  
Metem a cara na tv  
Pra oferecer sobejos  
Isso não é arrogância  
Mas quem vive na abundância
Nosso sertão tudo tem  
Não se anima com conversa  
Pois nem queremos promessa  
Nem esmola de ninguém.


Se a seca é realidade  
Mude logo o pensamento  
Irrigue esse solo fértil  
Pra produzir alimento  
Não deixe um povo feliz  
Que construiu o país  
Sofrer neste desatino  
Pois mesmo com a estiagem  
Não tem mais linda paisagem  
Que a do solo nordestino.


João Paraibano glosando o mote:

Sinto a nossa esperança se queimando  
Nas fogueiras da seca nordestina.


Não escuto um trovão estremecer  
Uma nuvem no céu ninguém enxerga  
A lavoura sedenta se enverga  
Procurando o chão seco pra morrer  
Na pequena cacimba de beber  
Você cava uma veia ela não mina  
Você olha pra os seios da campina  
Só tem foco de incêndio levantando  
Sinto a nossa esperança se queimando  
Nas fogueiras da seca nordestina.


* * *

Léo Medeiros glosando o mote:

Quem quiser ter saudade do meu tanto  
Sofra e ame do tanto que eu amei.

Pra falar de saudade eu me proponho  
Relatar nesses versos o que eu sinto  
Vivo preso num grande labirinto  
A saída eu não acho nem em sonho;
E quem vê o meu rosto assim tristonho  
Facilmente já sabe o que eu penei  
No castelo do amor, eu fui um rei  
Que não soube enganar a dor do pranto  
Quem quiser ter saudade do meu tanto  
Sofra e ame do tanto que eu amei.


Dos seus braços eu vivo tão distante  
Encontrá-la, não tenho esperança  
Mas transporto tão viva na lembrança  
Não esqueço seu rosto um só instante;  
Pois a cruz que carrego é cruciante  
Pouca gente suporta o que eu passei  
Eu não sei se a outra eu amarei  
Mas arrisco amar, isso eu garanto  
Quem quiser ter saudade do meu tanto  
Sofra e ame do tanto que eu amei.

* * *

Zé Adalberto glosando o mote:

Pra que tanta riqueza se a pessoa
Nada leva daqui pra sepultura?


Muitas vezes, sozinho, eu me pergunto:  
Pra que tanta riqueza, se depois  
Que o caixão encostar e couber dois,  
O amigo melhor não quer ir junto?  
Pra que cara fragrância, se o defunto  
Não exige perfume da “natura”?  
Mesmo a alma é cheirosa quando é pura,  
Mas o cheiro do corpo ainda enjoa.  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Pra que casa cercada por muralha,  
Se a cova é cercada pelo pranto?  
Se pra Deus todos têm do mesmo tanto,  
Tanto faz a fortuna ou a migalha.  
Pra que roupa de marca se a mortalha  
Não requer estilista na costura,  
Se o cadáver que a veste não procura  
Nem saber se a costura ficou boa?  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Pra que eu me esconder detrás de um pão,  
Se a miséria não bate em minha porta?  
Pra que eu me cansar regando horta,  
Se amanhã ou depois já é verão?  
Pra que eu confiar no coração,  
Sem saber quanto tempo a vida dura?  
Se as feridas da alma não têm cura,  
Quando é a ganância que as magoa?
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Não sou dono de ônibus nem de trem,  
Mas enquanto eu puder me locomovo.  
Pra que eu invejar um carro novo,  
Se o transporte final nem rodas tem?  
Nem me avisa dizendo quando vem,  
Mas só anda na minha captura  
E bem abaixo da sua cobertura,  
Ele tem quatro asas, mas não voa.  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?


Pra que eu toda hora dar balanço  
No que eu tenho ou andar atrás de bingo?  
Pra que tanta hora extra no domingo,  
Se Deus fez esse dia pro descanso?  
Pra que eu trabalhar feito um boi manso,  
Se a chibata do dono me tortura?  
Pra que eu reclamar de minha altura,
Se o que a mão não alcança, Deus me doa?  
Pra que tanta riqueza, se a pessoa  
Nada leva daqui pra sepultura?

* * *

Zé Limeira glosando o mote:

Quando mais carinho eu faço,  
Mais recebo ingratidão!

Eu tinha uma cabra preta  
Que quando tava de azeite,  
Dava dez litros de leite,  
Se chamava borboleta…  
Soltei minha carrapeta  
De guarda-peito e gibão,  
O jegue de Damião  
Mordeu a porda de Inaço,  
Quando mais carinho eu faço,  
Mais recebo ingratidão!
 
* * *

Moacir Laurentino glosando o mote:

A escola da vida ensina mais  
Do que grupo, cursinho e faculdade.

Para o homem que tem inteligência  
Cada dia que passa é uma escola  
Pra mim que só uso essa viola  
Por sinal de improviso e competência  
Basta ler da Divina Providência  
A altura da grande imensidade  
As estrelas de branda claridade  
Por entre raios que são cor de cristais  
A escola da vida ensina mais  
Do que grupo, cursinho e faculdade.

* * *

Clecio Rimas glosando o mote:


Quem tem mulher ciumenta  
Tem o cão pra lhe atentar.


Mulher ciumenta é o cão  
Eu mesmo já tive uma  
Parece o cão que fuma  
Traga igualmente  um dragão  
Já passei situação  
Que não quero mais passar  
Dá medo só de pensar  
Pois isso ninguém aguenta  
Quem tem mulher ciumenta  
Tem o cão pra lhe atentar.

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