JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

sexta-feira, 3 de maio de 2013

MEU QUERIDO PAJEÚ!!!


Esse chôro de saudade....
nos alivia e acalma....
é a agua da lembrança......
lavando o rosto da alma
                                      (Fátima Marcolino)


...Poeta  e compadre Vanja Rodrigues fez:


MOTRE: RICARDO MOURA
GLOSAS: VANJA RODRIGUES


Encontrei minha espora enferrujada
Meu primeiro peão de goiabeira
Uma mão de pilão de aroeira
Pelo tempo bastante maltratada
Minha calça coringa desbotada
Retratando o desprezo que lhe dei
E uma cama batente que deitei
O cupim já comeu mais da metade
Encontrei uns pedaços de saudade
No monturo da casa que morei

Vi também uma velha carrapeta
E uns pedaços de um caco de assar bolo
Uma fita vermelha num consolo
E uma mesa pequena de gaveta
Vi a copa do meu chapéu baeta
E recordo das vezes que usei
Cabisbaixo ao passado perguntei:
Porque foi que me fez tanta maldade?
Encontrei uns pedaços de saudade
No monturo da casa que morei

Lá eu vi um cambito de pereiro
Um facão, um serrote e um machado
E um par de burrinca enterrado
La de baixo de um pé de juazeiro
O meu nome numa galha de umbuzeiro
Que eu mesmo escrevi, mas não datei
Duas bandas de um prato que quebrei
Quando tinha seis anos de idade
Encontrei uns pedaços de saudade
No monturo da casa que morei 



O poeta Aldo Neves disse:

O sol se esconde por trás da Serra
A água faz cócegas lavando a cascata
Os pássaros se acordam pra cantar na mata
No curral, sofrido um cabrito berra
Sou a mão da paz impedindo a guera
Travando um gatilho que quer disparar
Sou um repentista à luz do luar
Resgantando estrelas que a noite escondeu
E no palco das rimas quem brilha sou
Nos dez de galope da beira do mar


"O lago do olho abreja
Depois que o pranto invade
Na cadeia do destino
A ferrugem estraga a grade
Eu nunca encontrei doutor
Que cura a dor da saudade"


A BAFAGEM DO TEMPO ANUNCIOU
A CHEGADO DO INVERNO NO SERTÃO

MOTE: Josa Rabêlo
GLOSAS: ALDO NEVES E DIÓ DE SANTO IZIDRO

ALDO NEVES

Quando a seca castiga lentamente
No oitão de uma casa uma vaca berra
Uma nuvem sem chuva cobre a terra
Um relãmpago não brilha no nascente
Um cachorro bem magro range o dente
Se coçando do lado do oitão
E no baixio, um restante de cambão
Que a pancada do vento derrubou
A bafagem do tempo anunciou
A chegado do inverno sertão

DIÓ

O inverno aproxima até demais
Observo o fenômeno demonstrado
É por isso que eu tenho observado
Tudo aquilo que a natureza faz
Na cantiga dos próprios animais
Que a gente escuta essa canção
O profeta d'agente é o Carão
Não precisa de orquestra mas faz show
A bafagem do tempo anunciou
A chegado do inverno sertão

ALDO NEVES

Falta pasto pra os velhos animais
Não tem milho, batata, nem boneca
O açude com água logo seca
E a coruja cantando nos frechais
Sertanejo dá adeus pra nunca mais
Vai-se embora pra outra região
E entre as fendas de um velho cacimbão
uma jia chorando faz um show
A bafagem do tempo anunciou
A chegado do inverno sertão

DIÓ

É bonito demais observar
A cantiga dos pássaros que contente
Canta mais de uma música realmente
Quem entende não cansa de olhar
Animais não precisa estudar
Pra natura faz advinhação
Mãe retira uma cinza do fogão
E a galinha deitada se espojou
A bafagem do tempo anunciou
A chegado do inverno sertão

ALDO NEVES

Canta um sapo na lama de um barreiro
E um sereno não molha um pé de planta
Um vaqueiro contente se levanta
E vê-se um porco chiando no chiqueiro
Fica triste o semblante do vaqueiro 
Sem motivos não veste o seu gibão
Deus calou a corneta do carão
E hoje em dia a cigarra é quem dá show
A bafagem do tempo anunciou
A chegado do inverno sertão

ALDO NEVES

O coqueiro não vejo botar cacho
Canta um pássaro na triste madrugada
E a gambá não faz mais sua morada
Na barreira tristonha de um riacho
Vejo a crise levando mundo àbaixo
Tudo bom dessa nossa região
E nosso verde diante à seguidão
Com a crise dos anos já murchou
A bafagem do tempo anunciou
A chegado do inverno sertão

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