JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O SILÊNCIO DA NOITE É QUEM TEM SIDO/TESTEMUNHA DAS MINHAS AMARGURAS

Num barraco sem porta e sem janela
Sem um bico de luz no corredor
Eu procuro esconder a minha dor
Em um cofre que o peito fez pra ela
O fantasma noturno é quem me vela
Na ausência de outras criaturas
Como o vento não acha as fechaduras
Vem direto falar ao meu ouvido
O SILÊNCIO DA NOITE É QUEM TEM SIDO
TESTEMUNHA DAS MINHAS AMARGURAS

Fui coberta de sonho e vaidade
Sem pensar do meu quadro reverter
Fiz o louco por sexo e por prazer
Divertir-se com minha virgindade
Hoje em dia recuso a liberdade
Preferindo o silêncio das clausuras
Prá viver mastigando desventuras
Era muito melhor nem Ter nascido

O SILÊNCIO DA NOITE É QUEM TEM SIDO
TESTEMUNHA DAS MINHAS AMARGURAS

Tatuei minha alma de pecados
Afoguei-me na taça dos desejos
Perdi noites de sono, vendi beijos,
Na tarimba cruel dos viciados.
Zombei muito da dor dos condenados
Estampei meu inferno em mil molduras
Me droguei, abortei, fiz mil loucuras
A poder de bebida e comprimido

O SILÊNCIO DA NOITE É QUEM TEM SIDO
TESTEMUNHA DAS MINHAS AMARGURAS

Radiola de braço, bebedeira,
Foram minhas primeiras testemunhas
Um esmalte cheguei, cobrindo as unhas
Um relógio Ernavim, uma pulseira,
Nos malditos salões da salgadeira
Vivi minhas primeiras aventuras
No embalo das noites mais escuras
Tive um sonho de jovem, destruído

O SILÊNCIO DA NOITE É QUEM TEM SIDO
TESTEMUNHA DAS MINHAS AMARGURAS

Tendo sempre um cigarro preso à mão
Abusei da beleza em toda praça
Me troquei por bicada de cachaça
Revendi minha honra a prestação
Fui a dama de ouro do salão
Abalei corações e estruturas
Foram tão miseráveis minhas juras
Que nem mesmo o destino deu-me ouvido

O SILÊNCIO DA NOITE É QUEM TEM SIDO
TESTEMUNHA DAS MINHAS AMARGURAS

(Mote: Severina Branca, de Mundio Novo)
Afogados da Ingazeira, 18 de fev. de 2002).
Diomedes Mariano








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