JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 17 de novembro de 2013

POETAS DA SEMANA

VERSOS COLHIDOS DO FACE, A MAIORIA, CEDIDOS PELO POETA ARY DA FARMÁCIA.

ESSA MINHA CABELEIRA
COM OS ANOS SE MALTRATA
FOI NEGRA COMO VELUDO
HOJE ESTÁ DA COR DE NATA
PARECE UM LENÇOL DE NEVE
NUMA MONTANHA DE PRATA
(CANHOTINHO)

JOÃO PARAIBANO DEIXOU PRA SEBASTIÃO DIAS:

"EM CIMA DO CORPO BAMBO
UM MATULÃO DE MOLAMBO
E UM CÃO XOTEANDO ATRÁS".

O LAMPIÃO NÃO TEM GÁS
E A PANELA NÃO TEM COENTRO
AONDE TEM SOLIDÃO
ELE VIAJA NO CENTRO
NO PÉ A BOLHA DE UM CALO
E OS FUROS DE UM SACO RALO
MOSTRANDO O QUE LEVA DENTRO.
(SEBASTIÃO DIAS)

NA CANTORIA DO ANIVERSÁRIO DOS 70 ANOS DO INESQUECÍVEL MANOEL FILÓ:

"MANOEL NESSE EDIFÍCIO
JÁ BRINCOU COM CARRAPETA
QUEIMOU A LÍNGUA COM MOLHO
DE PIMENTA MALAGUETA
CUROU FERIDA COM CASCA
DE PAU DE JUREMA PRETA"

"MANOEL É NOSSO ADÃO
SUA ESPOSA É SUA EVA
SEUS CABELOS COR DA PAZ
JÁ FORAM DA COR DA TREVA
QUE O PESO QUE O TEMPO BOTA
PESA MAIS DO QUEM LEVA"
(JOÃO PARAIBANO)

OS PÉS NO CHÃO POEIRENTO
JÁ SENTINDO-SE FERIR,
UM SACO COM O UM PRATO SECO
SEM TER PÃO PRA SE NUTRIR
CALÇA CHEIA DE CUPIRA
E UM CINTURÃO DE IMBIRA
PRENDENDO PRA NÃO CAIR
(JOÃO PARAIBANO)

SÓ FALTA POUCO CAIR
PELAS ESTRADAS COMPRIDAS
QUANDO A TARDE VAI MORRENDO
SENTE AS CANELAS DOÍDAS
SE ABRIGA NO PÉ DO MORRO
E SENTE A LÍNGUA DO CACHORRO
LAMBENDO AS SUAS FERIDAS
(SEBASTIÃO DIAS)

DEIXA DE SEBASTIÃO DIAS:

"EU FICO LHE PERGUNTANDO 
SE ATÉ DEUS FOI RETIRANTE"

LEVA COMO ACOMPANHANTE
UM CACHORRO LHE SEGUINDO
ENQUANTO ELE FALA SÓ
O CACHORRO ESTÁ LATINDO
MAS É TÃO ACOSTUMADO
QUE PERMANECE ACORDADO
ENQUANTO ELE ESTÁ DORMINDO
(JOÃO PARAIBANO)

“Quando a lança de roma abriu o peito 
E do alto da cruz, desceu o cristo 
Era o filho de deus passando um visto 
No contrato que o pai havia feito”.
(Lenelson Piancó)


MAIS UMA RELÍQUIA PRESENTEADA PELO POETA/GRAVADOR ARY DA FARMÁCIA.

A formiga de volta ao formigueiro
Prende a folha no gume da tesoura
Camponesa com ramos de vassoura
Faz desenhos na areia do terreiro
A fumaça da luz de um cadeeiro
Deixa um teto com marcas de carvão
A mãe pobre de milho faz o pão
Que não (pôde) comprar na padaria
DAS CARÍCIAS DA NOITE NASCE
AQUECENDO OS MOCAMBOS DO SERTÃO.
(JOÃO PARAIBANO)

A abelha pra Deus não paga nada
Por nutrisse do mel que a rosa bebe
Como um príncipe de ouro o sol recebe
Os afagos da mão da madrugada
A galinha se gruda na ninhada
Procurando esconder do gavião
Um peru dando voltas no oitão
Se soubesse falar também dizia
DAS CARÍCIAS DA NOITE NASCE
AQUECENDO OS MOCAMBOS DO SERTÃO.
(JOÃO PARAIBANO)

O menino brincando no baixio
Pinta o rosto com tinta de azeitona
As traíras viajam de carona
No remanso que água faz no rio
O Nambu do pé roxo solta um pio
Depois voa assustando o caçador
Faz barroca no chão quando vai por
São seis ovos pra o choco do casal
O INVERNO É QUE MUDA O VISUAL
DA PAISAGEM DO MEU INTERIOR!
(João Paraibano).


Mais um verso cedido por Ary da Farmácia.

Na guerra da Alemanha
Viam-se vários soldados
Dos grupos despatriados
Pelo Sopé da Montanha
Naquela infeliz campanha
Cinco, seis fora da tropa
Dos barrações da Europa
Só se avistava os pedaços
Corpos sem pernas, sem braços
Chapéu sem beira e sem copa.
(Manoel Pedro Clemente)


MOMENTO DO POEMA FILOSÓFICO

O poeta Bonedes Eduardo, cantando na Paraíba, foi sugerido a ele e ao parceiro o tema "Beijo". Confiram que sextilha filosófica arrebatadora, o jovem poeta construiu:

O beijo dado com gosto
Desperta paixões agudas
Tem muitos beijos que deixam
Olhos cegos, bocas mudas
Tem muitas bocas de santos
Que aplicam beijos de Judas!


3 Estrofes no MOTE de FELIZARDO MOURA

Tantas formas disformes no universo
Onde Deus fez o céu, como limite,
Painéis que Ele faz, não há quem imite
Feito um verso, sem paga de outro verso.
Ele une e separa o adverso
Finda o dia onde a noite principia,
Deixa o céu colorido em sintonia
Sem mudar sua forma transparente. 
A mistura de cores no poente
Deixa o céu mais bonito ao fim do dia.

Toda tarde Deus pinta a tez do acaso
Sem rascunho, fiel, aos tons do clima
E às seis horas entrega a obra prima
Sem cobrar pela obra e sem atraso.
Não repete uma tela, nem põe prazo
Põe na tinta um mistério que arrepia
Que Ele pinta e “despinta” com magia 
Não escorre e nem fica permanente.
A mistura de cores no poente
Deixa o céu mais bonito ao fim do dia.

Toda mágica do dia ao céu invade 
Quando o mesmo agoniza no horizonte,
Ante o luto da noite, eu vejo o monte
Em um tom bronzeado de saudade.
Com nuances de exclusividade
Não há cópia real do que Deus cria,
Se quem faz a mistura não copia
Quem copia não faz, por mais que tente.
A mistura de cores no poente
Deixa o céu mais bonito ao fim do dia.

Lima Júnior

Fiz este soneto hoje e faço questão de mostrar aos amigos e amigas do face.

CICLO DA VIDA!

Não concordo viver só de saudade
Cultuando com dor, tristeza e ânsia
Os bons tempos viris da mocidade
E cenários de nossa terna infância

Viver bem é manter sobriedade
Aceitando o seu ciclo em consonância
Cada dia que passa é na verdade
Um avanço real que traz distância

Importante é seguir tranquilamente
Ao notar que viver é ir em frente
Entendendo as mudanças da existência

Quem na vida fugir do inevitável
Vai sofrer, pois o tempo é implacável
E é feliz quem entende a sua essência!
(Nenen Patriota)


O amargo do NÃO embarga a voz
Na barreira do tempo e do orgulho
Mas a boca que cala faz barulho
Que o disfarce se quebra logo após
Tudo quanto existir dentro de nós
Jamais passa dum fosco e vil recorte
E não há nesse mundo quem suporte
Quando a mão do destino nos opera
"Para que cicatriz se a carne espera
Sobre o vão da ferida mais um corte."

Mariana Véras


Nenhum comentário:

Postar um comentário