JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

sábado, 29 de agosto de 2015

POETA DA SEMANA





RAIMUNDO CAETANO



VOU NO TREM DA SAUDADE TODO DIA
VISITAR O LUGAR QUE FUI CRIADO






Me acomete a memória dos meus pais

Que parecem falar aos meus ouvidos


Minha vida caminha em dois sentidos


Uma parte pra frente, outra pra trás


Ao me ver estou ouvindo os madrigais


Sobre o colo materno amamentado


Não consigo dormir, sonho acordado


Afastando os lençóis da nostalgia


Vou no trem da saudade todo dia


Visitar o lugar que fui criado.


Fisicamente eu não vou, mas na lembrança


Eu não deixo que as cenas se desmontem


Sempre parto do hoje atrás do ontem


Que escondeu meus brinquedos de criança


Me imagino na mesma vizinhança


Muitos antes de tudo ter mudado


Remexendo as entranhas do passado


Remontando o lugar onde eu vivia


Vou no trem da saudade todo dia


Visitar o lugar que fui criado.



A saudade me obriga, eu obedeço


E retornar ao passado é bom pra mim


Mesmo eu fico mais longe do meu fim.


Toda vida que volto ao meu começo


Quando fico distante eu adoeço


E sinto meu coração despedaçado


Só deixei meu lugar por ser forçado


Que por pura vontade eu não saía


Vou no trem da saudade todo dia


Visitar o lugar que fui criado.


O te
rreiro coberto pelo mato


As paredes forradas pelo lodo


Ao ver essa imagem eu tremo todo


Como quem sente a mão do abstrato


Ver meus pais bem juntinhos num retrato


Que ainda com vida foi tirado


Dividindo o silêncio lado a lado


Um ao outro fazendo companhia


Vou no trem da saudade todo dia


Visitar o lugar que fui criado.

Raimundo Caetano

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