JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

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O BRASIL EXPLICADO EM GALINHAS


       Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro
e o levaram para a delegacia.

       D - Delegado
       L - Ladrão

       D - Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter
o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!

       L - Não era para mim não. Era para vender.

       D - Pior, venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o
comércio estabelecido. Sem-vergonha!

       L - Mas eu vendia mais caro.

       D - Mais caro?


      L - Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e
as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos
enquanto as minhas botavam ovos marrons.

       D - Mas eram as mesmas galinhas, safado.

       L - Os ovos das minhas eu pintava.

       D - Que grande pilantra... (mas já havia um certo respeito no
tom do delegado...)

       D - Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...


      L - Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não
espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a
aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus.
Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema.
Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio..

       D - E o que você faz com o lucro do seu negócio?


      L - Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas.
Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui
exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de
alimentação do governo e superfaturo os preços.

       O delegado
mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava
confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:

       D - Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não
está milionário?

       L - Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda
e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.

       D - E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?

       L - Às vezes. Sabe como é.

       D - Não sei não, excelência. Me explique.


      L - É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma
coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo
uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me
sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora fui preso,
finalmente vou para a cadeia. É uma experiência nova.

       D - O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.

       L - Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!

       D - Sim. Mas primário, e com esses antecedentes...




   Luis Fernando Veríssimo.

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