JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 11 de dezembro de 2011

POETA DA SEMANA


Saudade não é peixeira
Mas corta o peito da gente.

(Mote enviado pelo amigo Adevaldo)

Tem corte sem sangramento
Por ter seu fio invisível
Mas já sei que é terrível
O dano do ferimento.
Uns dizem que é sentimento
Que só quem sabe é quem sente,
Uns sentem, só brevemente,
Outros, pela vida inteira.
Saudade não é peixeira
Mas corta o peito da gente.

A ferida provocada,
Dependendo do motivo,
Não encontra curativo
Para deixá-la sanada.
Quando está quase sarada
Tem recaída freqüente,
Não há doutor que oriente
Uma cura verdadeira.
Saudade não é peixeira
Mas corta o peito da gente.

Não serve a Penicilina,
Mercúrio ou Merthiolathe,
Nem Bezetacil que trate
A infecção ferina.
A danada contamina
Quando entra na corrente
É auto-suficiente
Pra produzir choradeira.
Saudade não é peixeira
Mas corta o peito da gente.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 16/07/2008.


A minha saudade é tanta
Que eu nem sei dizer o tanto.

(Mote de Asa Branca do Ceará)

Sete letras importantes,
Mas que só traduzem ais,
Contendo quatro vogais
E também três consoantes.
É o terror dos amantes
E produtora de pranto.
O seu poder causa espanto
Que só pneu de jamanta.
A minha saudade é tanta
Que eu nem sei dizer o tanto.

Até achava bonita
Esta palavra saudade
Por não sentir de verdade
A sua força esquisita.
Hoje a minha mente aflita
Vive acuada num canto
Sentindo o peso do manto
Que de noite se agiganta.
A minha saudade é tanta
Que eu nem sei dizer o tanto.

Como dizia o poeta:
- Saudade por ser mulher
Conhece todo o mister
Daquilo que nos afeta.
A sua invisível seta
Tem a magia do encanto,
Só quem sente sabe o quanto
Dói o peito e a garganta.
A minha saudade é tanta
Que eu nem sei dizer o tanto.

Autor; Wellington Vicente.
Porto Velho, 05/12/2008.

CENAS NOTURNAS

*Inspirado nos versos de Damião Metamorfose: “Isso tudo aconteceu enquanto você dormia”.

Uma coruja agourava
Na galhada de um jambeiro,
No boteco um seresteiro
Seu violão dedilhava,
A prostituta passava
Em busca da freguesia,
Um velho marujo ouvia
Uma canção do Alceu.
Isso tudo aconteceu
Enquanto você dormia.

A “campana” era montada
Na entrada da favela,
Um rádio tocava aquela
Canção do Noite Ilustrada,
Uma luzinha acanhada
Vinda da borracharia
Denunciava o vigia
Dormindo sobre um pneu.
Isso tudo aconteceu
Enquanto você dormia.

Um choro lá no berçário
Anunciava um vivente,
Outro virava cliente
Do agente funerário,
A velha no seu rosário
Agradecia à Maria
E o diário trazia
O que de fato ocorreu.
Isso tudo aconteceu
Enquanto você dormia.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 10/12/2008.

MENSAGEM DE ANO NOVO.

Quem quer vencer faz assim.

(Mote do poeta Matias Neto)

Exerça a fraternidade,
Pratique a filantropia,
Ignore a covardia,
Cultive sempre a verdade,
Dê desprezo à falsidade,
Ore ao Senhor do Bonfim,
Regue sempre o seu jardim
Com as gotas da bonança,
Conserve sua esperança.
Quem quer vencer faz assim.

Distribua mais abraços,
Relembre os momentos bons,
Viva alimentando os dons,
Dê rumo certo aos seus passos,
Tire exemplos dos fracassos,
Não cultue o que é ruim,
Seja reto até o fim,
Tenha bondade em seus atos,
Nunca alimente boatos.
Quem quer vencer faz assim.

Não inveje quem trabalha
(Trabalhe do mesmo tanto!)
Não blasfeme contra santo,
Se falhar, corrija a falha,
Seja leal na batalha,
Amigo em qualquer festim,
Um conselheiro em motim,
Justo em toda decisão,
Exemplo pra cada irmão.
Quem quer vencer faz assim.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 24/12/2008

A alma tem que pagar
O crime que a carne fez.

(Mote do poeta Bira Marcolino)

Quando Adão comeu o fruto
Que Jeová proibiu,
No mesmo instante surgiu
Nosso primeiro estatuto.
Satanás, de gênio bruto,
Com terrível sordidez,
Fez de Eva o seu indez
Só para o homem pecar.
A alma tem que pagar
O crime que a carne fez.

Do Éden foi excluído
Nosso casal pioneiro
Por ter quebrado o primeiro
Mandamento recebido.
Apesar de comovido,
Deus falou só uma vez:
- Agora, meu camponês,
Tu vais ter que trabalhar!
A alma tem que pagar
O crime que a carne fez.

Até hoje os nossos atos
Determinam as nossas penas,
Nossas preces são apenas
As remissões nos contratos,
Lenitivos para os fatos
Contrários à honradez,
Cada hora, dia e mês
Deus não pára de contar.
A alma tem que pagar
O crime que a carne fez.

Autor: Wellington Vicente.
Porto Velho, 09/01/2009.

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