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Rogaciano
Leite,nasceu em Itapetim no sítio Cacimba Nova em 1 de Julho de 1920 e
faleceu no Rio de Janeiro em 7 de Outubro de 1969,Filho dos agricultores
Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite, iniciou a
carreira de poeta-violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na
cidade paraibana de Patos, o cantador Amaro Bernadino.
Em
seguida, Rogaciano Leite foi para o Rio Grande do Norte, onde conheceu e
iniciou amizade com o renomado poeta recifence Manoel Bandeira. Aos 23
anos de idade mudou-se para Caruaru, no agreste pernambucano, onde
apresentou um programa diário de rádio. De Caruaru, seguiu para
Fortaleza, onde tornou-se bancário .
Entre
1950 e 1955, Rogaciano residiu nas cidades de São Paulo e Rio de
Janeiro. No Rio casou-se com Maria José Ramos Cavalcante, com quem teve
os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena
Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner.
Em
1968 deixou o Brasil para uma temporada na França e outros países da
Europa . Na Rússia deixou gravado, em monumento na Praça de Moscou, o
poema Os Trabalhadores.
Alguns
dos poemas mais conhecidos de Rogaciano Leite são Acorda Castro Alves,
Dois de Dezembro, Poemas escolhidos, Carne e Alma, Os Trabalhadores e
“Eulália. Rogaciano faleceu, de enfarte miocárdio , no Hospital Souza
Aguiar, no Rio de Janeiro. O corpo do poeta está sepultado no cemitério
São João Batista, em Fortaleza, Ceará.
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Rogaciano Leite foi, ainda, jornalista e era formado em Direito e Letras.
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Em
dezembro de 2007 foi lançado em pernambuco na cidade de Itapetim pela
jornalista Tacianna Lopes o documentário “Reminiscência em Prosa e
Versos”,o vídeo conta um pouco da história de Rogaciano Leite. Um
trabalho inédito, um curta-metragem de aproximadamente 23 minutos e que
conta com a particpação de familiares, admiradores e amigos
contemporãneos do Poeta,entre eles está o escritor Ariano Suassuna, que
junto com Rogaciano na década de 40 foi responsável pela realização do I
Congresso de Cantadores Repentistas do Brasil.
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Soneto de Rogaciano Leite.
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Sorrir e Cantar
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Quando falas porque vivo rindo
Também falas por viver cantando
Se a vida é bela e este mundo é lindo
Não há razão para viver chorando
Também falas por viver cantando
Se a vida é bela e este mundo é lindo
Não há razão para viver chorando
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Cantar é sempre o que a fazer eu andoSorrir é sempre meu prazer infíndo
Se canto e rio,é porque vivo amando
Se amo e canto,é por que vivo rindo.
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Se o pranto morre quando nasce o cantoEu canto e rio pra matar o pranto
E gosto muito de quem canta e rí
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Logo bem vês por estes dotes meusQue quando canto estou pensando em Deus
E quando rio estou pensando em tí.
O amor não é racista... ela dizia,
Quando em beijos ardentes me abrasava,
Ao seu peito nervoso me apertava,
Ao meu peito nervoso eu lhe prendia.
Quando em beijos ardentes me abrasava,
Ao seu peito nervoso me apertava,
Ao meu peito nervoso eu lhe prendia.
Era noite na praia, ninguém via
Aquele par que se beijando estava...
Nos braços do cristão ela sonhava!
E eu sonhava nos braços da judia!
Aquele par que se beijando estava...
Nos braços do cristão ela sonhava!
E eu sonhava nos braços da judia!
No templo azul daquela noite calma,
Eu lhe dei uma pátria na minh’alma
E ela me deu em sua alma a Canaã...
Eu lhe dei uma pátria na minh’alma
E ela me deu em sua alma a Canaã...
Desde então o racismo se inverteu!
Vivo pensando que fiquei judeu,
E ela pensando que ficou cristã...
Vivo pensando que fiquei judeu,
E ela pensando que ficou cristã...
(Soneto de Rogaciano datado de 01/08/1950)
Aqui por estas areias
Já correram muitos pés…
Estalaram muitos arcos,
Vibraram muitos borés…
Estes garbosos coqueiros
São fantasmas de guerreiros
Que o tempo não quis matar!
Estas palmeiras delgadas
São índias apaixonadas
Por homens brancos do mar!
Oh! Iracema formosa,
Deusa da raça praiana,
Teu colo emprestou perfume
Às águas de Mecejana!
Meruoca ainda delira…
Maranguape ainda respira
Fragrâncias do teu calor!
Teu pé trigueiro e pequeno
Sobre o rastro de Moreno
Deixou um cheiro de flor!
Oh! Quantos sonhos de virgem
Na tua alma caboca!
Quanto sabor de mangaba
Na concha da tua boca!
Teus braços eram roliços
Como os viçosos caniços
À margem fresca do rio…
Teus olhos eram brilhantes
Como os olhos faiscantes
De algum veado bravio.
Tua fileira de dentes
Exprimia tanta alvura
Como um rosário de estrelas
No colo da noite escura!
Tuas mãos eram pequenas,
Bonitas, quentes, morenas,
Macias como os arminhos,
E no vale dos teus seios
O luar tonto de enleios
Se desfazia em carinhos.
Os campos guardam segredos
Do teu corpo casto e nu,
Banhado na linfa clara
Da linda bica do Ipu!
Teu porte inda vive oculto
Na sombra meiga do vulto
Do coqueiro-catolé…
E a areia branca da praia
Ao cair do sol desmaia
Com saudade do teu pé!
(ROGACIANO LEITE)
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