JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 13 de maio de 2012

POETAS DA SEMANA

Cancão  (Defesa ardorosa)
I
Eu pequeno limitado
Limitroficadamente
Das letras quase ausente
Ele um rei eternizado
Eu um fã apaixonado
Ele toda altiveza
Expositor da beleza
Dessa natureza pura
Sendo um filho da natura
Falou da mãe com presteza
II
Descreveu a sertania
O sertanejo o sertão
Vaticínios do carão
Esperando a invernia
O verde da serrania
Do felino a ligeireza
O arrulho da burguesa
Da matuta, a formosura
Com toda magistratura
Defendeu a natureza
III
Pintou a tela bonita
Da moagem dum engenho
A braúna, o grande lenho
O doce da cana fita
O ébrio, sua desdita
Manhã de chuva em perfume
A ervança no verdume
Seu lugarejo, seus pais
Os frondosos taquarais
Os faróis do vaga-lume
IV
Decantou sabiamente
Cenas da seca, o sofrer
Matuto sem maldizer
O incêndio, o indigente
O fazendeiro contente
Em andanças na fazenda
Malassombro, credo, lenda
O sabiá em seu sonho
Liberto em sonho risonho
Preso em sua sorte horrenda
V
Da forma mais singular
Descreveu o abandono
O cão amigo do dono
Um pobre cego sem lar
O mendigo a mendigar
Uma tarde sertaneja
O crepúsculo que dardeja
O sol no sepultamento
Primeiro silvo do vento
Quando a noite o breu despeja
VI
A sorte dos dois coqueiros
Num lamento tumular
A noite o seu mortalhar
O dia em tempos finais
O sol palhetas reais
No seu suspirar vermelho
A lua, o lago o espelho
O ébrio junto ao balcão
Voou pra sempre Cancão
Sem asas, sem aparelho
VII
Ao Plenilúnio lunar
Plenamente embriagado
Pelo lume apaixonado
Pois deixou-se apaixonar
Decerto esse luninar
Despertou toda ternura
A alva na noite escura
Lembrança não vaporosa
Fez a defesa ardorosa
João Batista de Siqueira.

Autor: Aluisio Lopes
S. J. do Egito, 12 de maio de 2012  * Dia do Centenário do poeta


EU E TU E O SERTÃO

Coração se tu quiser
juntar os “trocim” mais eu
feito marido e “muié”
eu e tu e tu e eu
Eu vendo minhas cabrinha
tu vende tuas galinha
e “nois” compra “tudim” de troço
e vem morara no meu “ranchim” q
que é pequeno e “pobizim”
mas será todinho nosso

E se tua mãe disser não
e teu pai me “arrifugar”
não chore não coração
de noite eu vou te “robar”
Eu selo a besta “baixera”
nois parte em toda carreira
“Cuma” quem desembestado
e vou pra são José
quando teus pais derem fé
“nois” já “vamo” ta casado

E depois disso
só Deus empata o amor “dagete”
que eu tando nos braços teus
eu não quero outro presente
“vamo” combinar assim
tu vai cuidando de mim
eu vou cuidando de tu
e pra ser Feliz de vez
“vamo” viver nos três
tu eu e o pajeú

Mas se tu disser que não
que não sente amor por eu
possa saber coração
que o mundo pra mim morreu
Abandono minha lida
me desmantelo na vida
dano-me a beber cachaça
se tu não for o meu ganho
só Deus sabe o tamanho
que será minha desgraça

Por que sem tu minha flor
o resto é “tudim” insosso
é sem gosto sem sabor
“cuma” carne de pescoço
Ave Maria, Mercedes
se tu me deixar de vez
pra mim vai ser um horror
eu “mermo” me enterro vivo
na tumba escrevo o motivo
esse ai morreu de amor
Poeta: Brás Ivan

RESPOSTA
Eu caso com você
sem pensar uma vez
com você quero viver
pode ser “mermo” nos três
Num quero saber do contra
quero você minha vida
e se ninguém deixar
com você faço partida
e só depois de casada
eu volto pra despedida

Meu amor que invenção
de achar que não lhe quero
se já faz tanto tempo
que o pedido eu espero
Quero viver de amor
quero viver da flor
que do mandacaru brota
e que alegra o sertão
e que da inspiração
quando a chuva se “sorta”

Num vendo só as galinha
vendo ate as vaquinha
num quero nem saber
que pra viver de teu lado
esse “homi” apaixonado
sou capaz “inté” de morrer

“Vamo” logo meu amor
dizer a pai e a “mainha”
que pra eles deixar
construir nossa casinha
“vamo”logo contar tudo
que não vai viver no mundo
e dizer onde vai morar
onde vai viver eu e tu
e que o rio pajeú
esse passa por lá

Diga que agente se banha
sem choro sem manha
com água purificada
que traz o Don do poeta
e que não vai nos faltar nada
“Vamo simbora” Mané
viver como quiser
que “nois” já somo casado
e se tu pensasse algum dia
que eu não te queria
tu tava muito enganado!
Deus de quem sou sacerdote
Servo inútil e pecador
Não quero pedir por mim
E nem só por minha dor
Mas peço pelo nordeste
Onde a estiagem investe
Em cheio o povo sofrido
Que sem chuva, pão e água
Sabe só falar de mágoa
E soltar o seu gemido.

Eu sei Pai santo que tu
Não és, certo, a causa disto
Porque já criaste tudo
E nos salvaste em Cristo
Porém como os governantes
De agora como os de antes
Não querem fazer o bem
Não cumprindo o prometido
Ao menos tu Pai querido
Livra-nos do mal amém.

Padre e Poeta
Brás Ivan Costa Santos.
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