JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 27 de janeiro de 2013

POETA DA SEMANA

 


Foto: Paulo Carvalho

Para os leitores do Recife: JOÃO FURIBA estará se apresentando no PALCO DA EXPOIDEA  lançando um inédito do livro autobiográfico na estande do poeta FILIPE JÚNIOR, no andar superior do PAÇO ALFÂNDEGA sábado dia 12 /05 às 19 horas

Poeta popular, violeiro repentista, João Batista Bernardo, o João Furiba nasceu em 04/07/1931, em Taquaritinga do Norte–PE.

É considerado um dos grandes repentistas nordestinos, tendo iniciado a carreira ainda na adolescência. Já arrebatou inúmeros troféus, em competições entre violeiros, tendo ficado em primeiro lugar em diversas ocasiões. O apelido “Furiba” segundo ele, quer dizer coisa sem importância, e foi dado por Pinto do Monteiro inspirado na figura magra e de baixa estatura de João. Foi um dos maiores e mais constantes parceiros de Pinto do Monteiro, enquanto este era vivo, e tornaram -se também grandes amigos apesar das farpas trocadas durante os desafios. O primeiro encontro dos dois grandes poetas é descrito da seguinte maneira:

“Lino Pedra Azul (também cantador de renome) teria agendado uma cantoria com Pinto, em Belo Jardim, mas em função de outros compromissos surgidos, pediu ao então rapazote João Batista que o substituísse. Ansioso e receoso, João que só veio a ser conhecido como Furiba anos depois, aceitou. Chegou no local e perguntou:

JF -   É o senhor que é seu Pinto?

PM -  Sou.

JF -   É que Lino me pediu pra vir lhe substituir na Cantoria…

PM -  Não sei se vai ter cantoria, não… ( disse Pinto sem acreditar que estava diante de alguém que pudesse enfrenta-lo )

Os promotores da cantoria chegaram perto de Pinto imploraram que o Gênio cantasse com o desconhecido João Batista…

Iniciaram o baião de viola. Cada um esperando que o outro iniciasse a sextilha.

Começaram… Lá pras tantas, Pinto termina a sextilha dizendo:

“Não sei que tem vaca magra  
come muito e não engorda”


Era uma referencia ao aspecto franzino e raquítico do Furiba, que respondeu:

“É porque feijão de corda  
já ta passando de cem,  
o milho tá muito caro  
farinha cara também,  
se Jesus não pisar no frei.  
Não vai escapar ninguém”


Ao terminar a sextilha, Pinto disse:

- Depois “nós conversa”, viu?.

A partir daquele momento, iniciaram uma das duplas mais  fecundas da poética voleira…

João Furiba também fez dupla com outros cantadores sempre demonstrando sua agilidade e competência na feitura dos improvisos. Cantando com João Cardoso este fez com os seguintes versos:

Furiba fui informado Que você lá em Tabira Pega frete, dá recado Varre a rua mas se vira Agora eu quero saber Se isso é verdade ou mentira?

Furiba respondeu:

Colega eu fiz em Tabira O meu recenseamento Seis mil e quinhentas casas Um colégio e um convento Comprei agora o BANDEPE A CISAGRO e o FOMENTO.

O conhecido cantador Ivanildo Vila Nova, cujo pai também era repentista, cantando com João Furiba terminou uma estrofe, dizendo:

Não conheço cantador  
Pra ser igual a mim.

Furiba respondeu dizendo:

Seu pai também foi assim  
Se dizia professor  
Falava com tantos “s “  
Que parecia um doutor  
Cantou quarenta e seis anos  
Morreu sem ser cantador.

E assim é João Furiba, alegre, irreverente, criativo, poeta popular simplesmente. É um daqueles que faz a mais autêntica cultura nordestina. Alberto Oliveira (poeta e cordelista) afirma que João Furiba é um dos maiores poetas da história do repente brasileiro. Zelito Nunes, foi quem me apresentou a este extraordinário artista a quem eu muito admiro e prezo.



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