JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

domingo, 26 de janeiro de 2014

POETA DA SEMANA

POETA LIMA JÚNIOR


Bem nos restos de saudade
Que se encontram no meu rosto
Há marcas da mocidade
Misturadas com o desgosto.

Tal e qual um cigarro exposto ao vento
Vejo as horas tragando minha vida,
E a cinza de cada sentimento
Soterrando o instante da partida.

No consumo da alma, opaquecida
A matéria vestida de tormento,
E o desejo abismal de um suicida
É somente a bebida do momento.

Quando o sol, se me dá de tal grandeza
Eu percebo os encalços da tristeza
Feito sombra, na minha companhia.

Com a sorte mesquinha de um cativo,
Ouço a morte dizendo que estou vivo
E eu perdendo uma vida a cada dia.
Lima  Junior

Beijo se oferta de graça
Mas, quem recebe este bem,
Querendo agradar com outro
A quem o deu, mesmo sem
Nada ter cobrado em troca
Faz grande oferta também.
Lima  Junior

Quantos risos, após o “paraíso”
Quando ao corpo, à mudez despe os desejos!
Quantos gritos da alma calam beijos
E gemidos de “dor” que emitem o riso!
Da paixão, sou só vinga e enraízo
No teu solo de amor, que me enobrece.
Quanto mais tempo usamos, mas nos cresce
Deste tempo, o desejo que mais dure,
E o sangue da gente se misture
Com a raiz do amor, pra ver se cresce!
 Lima  Junior

''Ao bater a saudade, evite o bar
Uma dor não se cura com lamentos
Quem com álcool irriga os sentimentos
Na colheita do fruto irá penar.
Até mesmo quem cansa de jurar
Quebra a jura, enlouquece perde a paz
O orgulho adotado se desfaz 
Fecha um corte, mais abre uma ferida
Não misture saudade com bebida
Que quem bebe roendo, vai atrás.''
Lima  Junior

Se não sou como és e nem pareça
Com a forma que tens, talvez encaixe,
Porque peças iguais, por mais que se ache
São difíceis montar quebra-cabeça.
Diferença não há, que permaneça
Quando a mesma visão é partilhada.
Se são dois, os sentidos da estrada
Bem no meio se juntam cada via,
E se as semelhanças fossem o guia
Era um cego atrás doutro sem ver nada.
Lima  Junior


Cinco horas da tarde mãe fervia
Um café lá no nosso casarão
Aromático o café “morto” em pilão
Visitava os dez vãos da moradia.
Mesa posta, família e alegria
Mãe servia o café com brevidade,
Foi-se tempo e esse cheiro ainda invade
Feito nódoa do tempo que não sai 
Cai a tarde, o sol desce, o dia vai
Nasce a noite no colo da saudade.

Desfalece o sol e o céu parece
Um altar reservado pra Maria
Bem distante uma nuvem vela o dia
No silêncio enlutado de uma prece. 
Deus visita um casebre e permanece
Quando a fé de quem ora, tem verdade
Toda casa é altar de santidade
Pra quem curva o joelho diante o Pai.
Cai a tarde, o sol desce, o dia vai
Nasce a noite no colo da saudade.

Paira a fé no olhar da rezadeira
Que desfia o rosário conta a conta,
E num velho vaqueiro que desmonta
Do cavalo, bem perto da cocheira.
A fumaça da velha carvoeira
Sobe ao céu procurando eternidade
E uma vela queimada na metade
Se desgasta na “fé”, some e não cai.
Cai a tarde, o sol desce, o dia vai
Nasce a noite no colo da saudade.

Poeta Lima Júnior


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