JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

JOSEMAR RABELO, SEM ÓDIO E SEM MEDO

sexta-feira, 1 de maio de 2015

VERSO VAI E VERSO VEM!!!!

NESSA CASA QUE UM DIA MOROU GENTE

casinha
Nessa casa deixada por seu dono
Ouço o grito da fome na cozinha
Tem um silo deixado com farinha
Tem as marcas cruel do abandono.
Sobre um torno, as vestes do patrono
Que por causa da seca vive ausente
Tem um pé de urtiga em seu batente
Três vigias em forma de um cardeiro
Tem um verso varrendo esse terreiro
Nessa casa que um dia morou gente
DO BLOG DA BESTA FUBANA




Sou um eterno aprendiz
Fã de Dedé, de Diniz,
E Louro do Pajeú...
De verso e boi ando atrás
Usando ou não o Morais
Sou simplesmente Dudu.
 
Tabira-PE

Outra bebida me atrasa
por isso eu fico distante
Prefiro refrigerante
Com carne assada na brasa
tudo isso me dá asa
meu pensamento decola
Fiz desse vício uma escola
Na qual me matriculei
Depois que me viciei
num copo de coca cola

Gostei logo de início
quando provei a danada
"tumei" ela bem gelada
pra alimentar o vício
pra eu largar da difícil
porque mulher só da bola
pro "caba" que desenrola
boa lábia e compromisso
e eu faço tudo isso
num copo de coca cola

depois que eu tomo o primeiro
viajo pra outro mundo
aí eu tomo o segundo
e em seguida o terceiro
pensando que "tou" solteiro
mancho de batom a gola
a mulher se descontrola
e eu me faço de inocente
mas apanho consciente
num copo de cola cola

a bebedeira não pára
porque da coca eu preciso
só no dia que eu tô liso
eu paro de encher a cara
como é coisa rara
eu ficar liso de esmola
eu "desenbaio" a viola
canto verso dia inteiro
arrecadando dinheiro
pra um copo de coca cola

com dinheiro embolsado
me destino para o bar
e por sorte ou por azar
senta uma turma do lado
e uma moça de namorado
que o mesmo não lhe consola
pois o assunto ou é bola
ou que bebe desde sexta
e eu com essa cara de besta
num copo de coca cola

eu não critico a cachaça
cada um faz o que quer
mas por ser fã de mulher
eu num bebo essa desgraça
pois uma mulher que passa
maquiagem põe argola
não quer ter na sua cola
um cabra de tola cheia
se agarra até com o mais feio
mas que bebeu coca cola

diante tanta vantagem
eu vivo assim sossegado
por nem viver ressacado
nem conversando bobagem
bebo só conta pabulagem
que é rico tem corolla
que já passou na degola
e que já bebeu mil venenos
mas, se eu mentir e bem menos
num copo de coca cola.

Dudu Morais poeta Tabirense.






JANSEN FILHO
Miguel JANSEN FILHO: Nasceu no dia 1º de maio de 1925, na cidade de Monteiro, Estado da Paraíba e faleceu em São Paulo, no dia 18 de julho de 1994; filho de Miguel Jansen de Paiva Pinto e D. Maria Virgem de Paiva Pinto. Iniciou o curso primário em Monteiro, no Grupo Escolar Miguel Santa Cruz, concluindo no Colégio Olegário Barros, em Taubaté, São Paulo, cursando, também, aí, no secundário, formando-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito das Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo. Jansen Filho começou a fazer versos, ainda criança, em Monteiro, influenciado pela presença dos violeiros e repentistas que freqüentavam as feiras livres do interior. 

Deixando o sertão, estabeleceu-se no Rio de Janeiro e, lá, qual um trovador medieval, era convidado a declamar as suas poesias nas mais nobres residências da Cidade Maravilhosa, sendo aplaudido e admirado por todos. Recebeu o título de Cidadão Honorário da Cidade de São José dos Campos; Membro Benemérito da Academia de Letras da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, de São Paulo; Troféu da Academia Paraibana de Poesia, de João Pessoa; homenageado com a criação do Grêmio Literário Jansen Filho, do Lyceu Paraibano; Membro da Academia Joseense de Letras de São José dos Campos, entre outros títulos e honrarias.
 
EU E MAMÃE 
 
Mamãe: você se recorda
De quando eu era menino
E saia sem destino
À procura de brinquedo?...
Papai ficava escrevendo
E toda vez que eu saia
Você sempre me dizia:
"Não demore! Volte cedo!"

E quando eu deixava a mesa,
Ia em direção à sala,
Escutava a sua fala:
"Meu relógio nunca atrasa!"
E para mim se voltando
Dizia, depois da ceia:
"O mais tardar: sete e meia
Você tem que estar em casa!"

Eu saia como o vento,
Correndo pelas calçadas,
Brincando com os camaradas
Sem passado e sem porvir!
Faltando cinco minutos
A brincadeira acabava
E às sete e meia eu voltava
Para rezar e dormir...

À beira da minha cama
Você, mamãe, se sentava
E tranqüila me ensinava
Padre Nosso... Ave Maria...
Depois lhe pedia a benção,
Pedia a papai também,
Sem falar mais com ninguém
Fechava os olhos e dormia...

Fui crescendo! Fui crescendo!
E quando mudei de idade
Morreu a tranqüilidade
Do menino inexperiente!
Com a carta de A. B. C.
Um lápis, uma sacola,
Você me pôs numa escola
- Outro mundo diferente!
 
Mas um dia, a Professora
Me bateu!... Não sei porque!
Minha carta de A. B. C.
Lhe atirei de encontro ao rosto!
E você sabendo disso
Caiu prostrada num canto!
Seu sofrimento foi tanto,
Quase morreu de desgosto!

Lá me fui para outra escola!
Aquela não me aceitava!...
- Dona Faninha me odiava!
Pobre velha sofredora!
Hoje dou graças a Deus
Por algo ter aprendido
E viver arrependido
Do que fiz com a Professora!

Um dia, Você, Mamãe,
Me mandou comprar o pão.
Depois que cuspiu no chão
Disse: "Volte num segundo!"
"E se esse cuspo secar
E eu perceber sua ausência,
Fique certo - a penitência
Será a maior do mundo!"

Sai sem nenhum temor,
Não fiz caso da ameaça,
Fiquei correndo na praça,
Esquecendo o meu dever...
Mas quando cheguei em casa
Você me bateu à bessa...
Se papai não vem depressa,
Não parava de bater!...

Então corri como um louco,
Saltei a porta da frente!
Chovia torrencialmente
E ante o temporal fechado
Sai numa disparada,
Blasfemei enquanto pude
Gritando: vou para o açude
Para morrer afogado!

Nossos bondosos vizinhos
Entraram na noite escura,
Todos à minha procura
Sem saber onde eu estava!
Mas depois que me encontraram
Foi aquela romaria:
O povo todo sorria!
Só Você, Mamãe, chorava!...
 
Hoje que o tempo passou
E eu acordei para a vida,
É que sei, mamãe querida
Os erros que pratiquei!...
Você bem sabe, Mamãe,
Que eu fui um menino horrível
Pela série indescritível
Dos desgostos que lhe dei!

Ajoelho-me ante a distância
Para lhe pedir perdão
E dizer de coração:
SEU FILHO SE ARREPENDEU!
Arrependi-me mamãe
De tudo ter praticado.
Porisso odeio o passado
Só porque você sofreu!...

Mas a mamãe carinhosa,
amiga, fraterna e boa,
Ama, castiga, perdoa,
Faz o que você me fez!
Se eu voltasse à minha infância
Seria feliz porque
Estou certo que você
Me perdoaria outra vez!

Jansen Filho
Do livro: "Poemas de Jansen Filho", Irmãos Pongetti Editores, 1959, RJ

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